por Marcelo Seabra
Encerrando a fase dois do Universo Marvel no Cinema, o Homem-Formiga (Ant-Man, 2015) estreia trazendo um personagem classe D num longa divertido e charmoso como poucos do estúdio. Dando um jeito de fazer sentido, mesmo com algumas características esdrúxulas, e conseguindo se inserir bem junto aos demais longas de heróis, o personagem consegue seu espaço e cria expectativa por uma sequência, algo inevitável para os padrões de hoje. O resultado é um dos melhores que esse universo já conseguiu, mesmo tendo o menor orçamento.
Assim como a estrutura de Capitão América 2 (2014) se assemelha a uma trama de espionagem, Homem-Formiga é exatamente um filme de assalto. Algo como um Onze Homens e Um Segredo (Ocean’s Eleven, 2001) ou um Crown, O Magnífico (The Thomas Crown Affair, 1968 e 1999) com poderes diferenciados. O protagonista, Scott Lang, é um assaltante saindo da cadeia, pronto a recomeçar sua vida e a se reaproximar de sua filha pequena. A ex-mulher está noiva de um policial e os três já formam uma família feliz, sem precisar do pai natural da menina. Se acertar e arrumar um emprego são fundamentais para Scott. Mas, apesar de ter mestrado em engenharia elétrica, a vida não é fácil para um ex-detento. Mesmo tendo vários atenuantes que mostram o tanto que Scott é um ladrão bonzinho, o que ele próprio chega a afirmar.
Esse fiapo de história serve para que o roteiro crie várias piadas e situações engraçadas, colocando este filme num tom bem próximo de Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014). No início do projeto, Edgar Wright e Joe Cornish, parceiros de longa data (de As Aventuras de Tintim, Chumbo Grosso etc), estavam contratados como roteiristas e Wright iria dirigir. Com tudo encaminhado, eles saíram e coube a Paul Rudd e Adam McKay fazerem acertos e até mudarem passagens inteiras. E o novo diretor, Peyton Reed (de Sim Senhor, 2008), ajudou a misturar mais elementos. Milagrosamente, o produto final não ficou a zona que poderia se esperar. Pelo contrário: dosando bem graça e ação, o longa prende o espectador, que acaba relevando algumas inconsistências.
Na função de dupla principal, a Marvel mais uma vez acertou em suas escolhas inusitadas. Assim como Chris Pratt em Guardiões, Paul Rudd (de Bem-Vindo aos 40, 2012) é normalmente associado a comédias discretas, e não a superproduções milionárias de aventura. Os dois inclusive eram colegas na série Parks and Recreation, sucesso da TV finalizado este ano. Rudd faz um ótimo trabalho como Lang, com leveza e um jeito descolado, e nos faz acreditar na trajetória do herói. E é um ótimo contraponto à sobriedade e experiência de Michael Douglas (de Minha Vida com Liberace, 2013), que passa por um minucioso trabalho de maquiagem para viver Hank Pym em duas fases distintas.
Algumas modificações na história do Homem-Formiga podem desagradar os fãs mais extremados, mas estas adaptações são essenciais para que o material funcione em outra mídia e outra época. E não haveria tempo para contar a história de cada um, já que, nos quadrinhos, Pym é o Homem-Formiga original, membro fundador dos Vingadores, e Lang se torna o herói ao roubar a roupa. A dinâmica entre os atores funciona muito bem e Douglas traz um peso fundamental, servindo como centro gravitacional para Rudd, Evangeline Lilly (a Tauriel de O Hobbit), que vive a filha do cientista, e Corey Stoll (de Lugares Escuros, 2015), o vilão Darren Cross. E o elenco de apoio se dá o luxo de trazer gente competente como Judy Greer (de Jurassic World, 2015), Bobby Cannavale (de Blue Jasmine, 2013), Martin Donovan (de Sabotagem, 2014) e Michael Peña (de Corações de Ferro, 2014), além de alguns rostos conhecidos do Universo Marvel.
Homem-Formiga já chega aos cinemas com críticas positivas das primeiras sessões e de fato merece os elogios. O problema recorrente no Universo Marvel é o fato de todos os filmes parecerem apenas parte de algo maior, como as esperadas cenas escondidas (há duas) reforçam. É como se estivéssemos vendo apenas episódios de uma série, e sempre há mais, estamos sempre na expectativa do que virá a seguir. Assim como James Gunn com Guardiões, Peyton Reed conseguiu fazer um grande episódio, que se sustenta sozinho e se encaixa bem no todo. E o próximo diretor novato na Marvel é Scott Derrickson (de Livrai-nos do Mal, 2014), que vai filmar Doutor Estranho a partir de novembro.
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Este filme tinha recuperado a esperança perdida depois de ver milhares de filmes Marvel Homem de Ferro e cada um dos super-heróis. Era óbvio que precisávamos para ver algo novo antes e simplesmente esquecer que a Marvel vem este grande filme. Eu nunca imaginei ver Paul Rudd como Marvel super-herói, mas ele fez excelente, o papel foi deixado perfeitamente, e seu amigo, o ator Michael Peña é muito engraçado no filme, a propósito, esse ator acaba de sair em o filme terror Exorcistas No Vaticano, se você ainda não tenha visto, eles podem fazê-lo aqui: http://www.hbomax.tv/movie/WHL230285/Exorcistas-No-Vaticano, é muito emocionante e perfeita para aqueles que gostam de sentir o filme adrenalina e suspense. By the way, eu amei Michael Douglas no filme, é um dos melhores atores de Hollywood.