por Marcelo Seabra
Depois dos interessantes Distrito 9 (District 9, 2009) e Elysium (2013), o diretor e roteirista Neill Blomkamp segue no gênero ficção-científica inteligente com Chappie (2015), uma mistura de diversas referências que ainda consegue ser original e trazer outros vários questionamentos. Usando seu ator fetiche, Sharlto Copley, para dar vida a um robô, Blomkamp discute questões como identidade e humanidade trazendo um ar de novidade, além do inglês com um sotaque diferente do usual, o sul-africano.
Escrevendo novamente em parceria com Terri Tatchell, de Distrito 9, Blomkamp parece fazer o caminho inverso de Robocop, dando emoções a um robô ao invés de transformar um humano em máquina. A história logo nos apresenta aos antagonistas, dois funcionários da mesma empresa de tecnologia com propostas bem diferentes: Deon Wilson (Dev Patel, de O Exótico Hotel Marigold, 2011) criou robôs de formas humanóides que agem como policiais no patrulhamento das ruas, evitando crimes de todos os portes, enquanto Vincent Moore (Hugh Jackman, o Wolverine) desenvolveu uma máquina de guerra capaz de dizimar uma população inteira. Algo como Robocop versus Ed 209.
Nosso protagonista, criado através da técnica de captura de movimento com Copley interpretando-o, é um simpático membro dessa frota que parece estar destinado ao fracasso. Sempre atraindo artilharia, ele fica frequentemente no conserto, até que decidem que não vale mais a pena insistir em reparos e ele é encaminhado à destruição. Wilson o surrupia clandestinamente para testar o novo software de inteligência artificial que criou, mesmo sem autorização da manda-chuva da companhia (vivida por Sigourney Weaver, a eterna Tenente Ripley de Alien). Tudo dá errado a partir desse momento, com Wilson e sua criação sendo sequestrados por traficantes buscando golpes maiores. E Moore aproveita a oportunidade para tentar derrubar o rival e colocar seu produto em produção, o que lhe traria ótimos dividendos.
A sociedade mostrada é a Joanesburgo de um futuro próximo e distópico, a anos luz de qualidade de aventuras bestas como Divergente (Divergent, 2014). Assim como em Distrito 9, o público já encontra uma realidade diferente que, para quem está do lado de lá, é natural, tem sido assim há anos, não se perde tempo explicando. As cenas de ação de Chappie são bem feitas e nos permitem entender o que está havendo, mesmo em meio a um grande quebra pau. Alguns ângulos são bem criativos, sempre reforçando a geografia do lugar. E os ótimos efeitos especiais permitem à produção dar maior veracidade a seu personagem, o que é essencial para que compremos a ideia.
Como o robô emotivo está no nível de uma criança e precisa aprender tudo desde o início, algumas etapas desse aprendizado causam estranheza. Dizer que há algo errado demandaria um estudo maior, uma proximidade com a neurolinguística, e não é o caso. Dentro da proposta de Blomkamp, basta você entrar na história e acompanhar. Ao final, você terá tido uma experiência bem mais satisfatória do que em outras produções mais recentes que tentam trabalhar temas similares.
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