por Marcelo Seabra
É muito bom que tenhamos comédias nacionais sem o baixo nível que tem imperado. O Duelo (2015) é mais um trabalho de Marcos Jorge, diretor e roteirista muito lembrado pelo bem sucedido Estômago (2007). E traz ainda a última interpretação de José Wilker, um dos grandes atores brasileiros, falecido em abril passado. Com um clima de farsa, a história nos apresenta a dois personagens fortes que entram em embate pela atenção dos moradores de uma cidadezinha.
Baseado em um livro de Jorge Amado lançado em 1961, Os Velhos Marinheiros, o roteiro começa com a chegada do Capitão Vasco Moscoso de Aragão (Joaquim de Almeida) na pequena Periperi, cidade litorânea onde as pessoas não parecem ter muito o que fazer. Logo, o capitão se torna a atração local, reunindo todos em sua casa, ou mesmo na rua, para ouvirem suas histórias de navegação, perigos e paixões. Isso é o suficiente para atrair o ciúme de Chico Pacheco (Wilker), até então a figura que era admirada e seguida no lugarejo. Suas viagens de trem à capital não eram páreo para os desafios vividos por Aragão.
Por puro despeito, Pacheco afirma veementemente que trata-se de um engodo, um farsante que está enganando a todos. A população se divide entre seguidores de um e de outro e vamos conhecendo versões do que pode ser a verdade. Wilker se diverte caluniando o outro, gastando todo seu estoque de xingamentos e abusando de sua famosa impostação de voz. Joaquim de Almeida, o Sherlock Holmes de O Xangô de Baker Street (2001), está acostumado a viver vilões latinos e sempre faz uso de seu português natal, ou ao menos do inglês com sotaque marcante. Dessa vez, no entanto, ele traz simpatia e segurança a seu Vasco, tornando crível a aceitação que um desconhecido tem ao chegar em Periperi. Outros nomes famosos por aqui aparecem em cena, como Cláudia Raia, Patrícia Pillar, Márcio Garcia, Tainá Muller e Maurício Gonçalves, ajudando a criar os causos de Aragão e Pacheco.
Os recursos utilizados para ilustrar cada história contada podem ser tornar cansativos. Fica claro que um dos dois apenas seria suficiente: ou a dramatização, ou a narração. Um em cima do outro fica exagerado e praticamente afirma que o espectador não entenderia apenas um. E os efeitos especiais com fundo inserido são toscos, o que nos tira totalmente da ação e chama a atenção para onde não deve. A riqueza de detalhes dos casos deve funcionar muito bem no livro, levando o leitor a aquele universo, mas se torna cansativo na tela. As duas horas de duração não são muito dinâmicas, não fluem como deveriam.
As críticas políticas de O Duelo não devem passar batidas. Marcos Jorge aproveita a farsa para lembrar que há indivíduos que tiram vantagem de sua posição na sociedade, de suas amizades, e nos mostra como é fácil seduzir as pessoas com dinheiro e fábulas. Cria-se uma fachada e todos caem, como políticos que vemos por aí. Faltou, sim, o tal duelo do título, já que Aragão e Pacheco não dividem muitos momentos. Mas a impressão que fica após a divertida conclusão é positiva e só conta a favor dos envolvidos.
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