por Marcelo Seabra
Dentre os muitos filmes de espiões a estrearem esse ano, o primeiro a chegar às telas vai ser difícil de bater. Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2015) agrada tanto como uma aventura séria quanto como uma paródia do gênero, conseguindo um ótimo equilíbrio e atingindo o alvo em cheio. É um entretenimento de primeira, com uma trama atual e bem desenvolvida e um elenco fantástico. Só não deve agradar aqueles que não ficam muito à vontade com uma dose extravagante de violência.
O diretor Matthew Vaughn e sua constante colaboradora Jane Goldman, parceiros em Stardust (2007), Kick-Ass (2010) e X-Men: Primeira Classe (2011), adaptaram mais uma vez uma revista em quadrinhos de Mark Millar (Kick-Ass), criador de The Secret Service ao lado de Dave Gibbons (de Watchmen). Mais uma vez, Vaughn se mostra o cineasta ideal para o serviço e a dupla de roteiristas não tem medo de mexer na fonte e criar quase uma obra nova, tamanha é a diferença entre elas. Há inclusive brincadeiras curiosas para os fãs, como colocar Mark Hamill (sim, Luke Skywalker) para viver um personagem sequestrado, sendo que na revista era o próprio ator a vítima dos vilões.
A Kingsman do título é uma organização secreta – com uma história interessante, vale ressaltar – que recruta novos membros a cada vez que perde um dos seus. Cada espião tem um nome de código como na Távola Redonda, sendo Arthur (Michael Caine, da trilogia Batman) o líder. Colin Firth e Mark Strong, colegas no excepcional O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011), têm a oportunidade de partir para a ação como Galahad e Merlin, respectivamente. Com a morte de Lancelot (Jack Davenport, de Piratas do Caribe), cada membro deve indicar um candidato para que se inicie o treinamento e um seja selecionado.
O filme toma o cuidado de, mesmo que de forma objetiva, criar um passado para o protagonista. Somos apresentados a Eggsy (Taron Egerton), um jovem sem muitas expectativas e modos que se vê com a chance de entrar para aquele grupo de cavalheiros. Ao mesmo tempo, um milionário excêntrico (Samuel L. Jackson, o Nick Fury da Marvel) cria um plano mirabolante que precisa ser parado. A fórmula de uma história à James Bond está lá e o filme chega a brincar com isso, mas sempre dá um jeito de surpreender. E, assim como em um Quentin Tarantino ou em Kick-Ass, a violência toma um tom absurdo que invariavelmente leva a risadas.
No papel de um espião clássico, Colin Firth pode usar diversas armas mirabolantes, além de brigar bastante. Mas sempre mantém seu terno impecável e sua pose de aristocrata, com seu marcante sotaque inglês completando a caracterização. Mark Strong está igualmente à vontade e Samuel L. Jackson aproveita para exagerar e se soltar de qualquer amarra social, só deixando presa sua língua, com uma pronúncia, vocabulário e roupas que o tornam o oposto dos agentes. O novato Egerton segura bem a responsabilidade que lhe é conferida, dando força e carisma a Eggsy o suficiente para cair nas graças do público. E, com tantos pontos fortes, Kingsman ainda conta com uma trilha sonora inspirada, que aparece nos momentos adequados, abrilhantando uma das aventuras mais divertidas do ano.
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É impossível não gostar deste filme principalmente, porque ainda homenageia outros personagens do gênero como Jack Bauer, James Bond e Maxwell Smart.