Os Globos de Ouro 2015 – A Cobertura

por Marcelo Seabra

Pela última vez, Tina Fey e Amy Poehler sobem no palco pontualmente às 23h para apresentar os Globos de Ouro. Elas brincam que a cerimônia não existirá mais, mas são elas que não voltarão à função. Antes da primeira categoria, a dupla faz o monólogo de abertura, uma série de piadas com os indicados da noite, e nem o comediante Bill Cosby é poupado, como podia-se supor. Entre uma observação mais leve e outras nem tanto, logo chega o primeiro prêmio, que vai para J.K. Simmons, o ator coadjuvante de Whiplash – Em Busca da Perfeição (2014). É um dos poucos filmes a terem estreado no Brasil dentre todos os indicados. Na sequência, fechando o bloco, vem a melhor atriz coadjuvante num filme, série ou minissérie para a TV, e ela é Joanne Froggatt, de Downton Abbey.

A melhor minissérie para a TV é Fargo, e não True Detective, como todos pareciam esperar, e o melhor ator na mesma categoria é Billy Bob Thornton, e não um dos detetives. Thornton sai com um simples “obrigado”. Gina Rodriguez, de Jane the Virgin, é a melhor atriz de TV de comédia ou musical, mas a melhor série nessa categoria é Transparent, que conta com Jeffrey Tambor no papel de um pai de família transgênero. Não faltam entre os prêmios piadas com a Coréia do Norte e o filme A Entrevista (The Interview, 2014), clipes dos melhores filmes da noite e comerciais. Os blocos estão cada vez menores.

Entramos na parte das trilhas e a melhor do ano fica com A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, 2014), assinada por Jóhann Jóhannsson. E a melhor canção fica para John Legend e o rapper Common, responsáveis por Glory, de Selma (2014). Prince, que há muito voltou a ser o Prince, apresentou a categoria e foi ovacionado. Matt Bomer, de The Normal Heart, ganha como melhor ator coadjuvante num filme para a TV. Amy Adams é a próxima agraciada, agora como melhor atriz em um longa musical ou de comédia, por seu papel em Grandes Olhos (Big Eyes, 2014). Menciona o diretor Tim Burton apenas de passagem, o que é estranho.

O insuportável Kevin Hart entra com a linda Salma Hayek para anunciarem a melhor animação. Dentre os cinco indicados, a única sequência leva: Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon, 2014). Jared Leto aproveita para fazer uma homenagem ao jornal francês Charlie Hebdo, onde aconteceram ataques recentes, e chama a melhor atriz coadjuvante. Patricia Arquette, a atriz filmada por 12 anos em Boyhood (2014), leva e lembra o esforço de todas as mães solteiras. Fey e Poehler voltam ao palco, usam uma coreana sem graça e chamam Kristen Wiig e Bill Hader, também sem graça alguma. Eles brincam com “filmes com roteiro”, já que aparentemente não dá para fazer um filme sem um. Alejandro González Iñarritu recebe por Birdman (2014), e atribui a gagueira ao inglês ruim, e não ao nervosismo.

Jane Fonda e Lily Tomlin brincam que os homens também podem ser engraçados e premiam o melhor ator de TV numa comédia ou musical. Parecia barbada Jeffrey Tambor levar, e ele agradece à comunidade de transgêneros, que ele retrata em Transparent. O melhor filme em língua não inglesa é Leviatã (Leviafan, 2014), representante russo na disputa. Maggie Gyllenhaal é a melhor atriz em uma minissérie ou filme para a TV por The Honourable Woman. A melhor série dramática para a TV, batendo quatro medalhões, é The Affair (2014), série estrelada por Dominic West e Ruth Wilson. Mas o melhor ator em um drama da TV é Kevin Spacey, protagonista de House of Cards, e ele emociona o público com uma história sobre querer ser melhor. E então é chamado o ganhador do prêmio pelo conjunto da obra, o Cecil B. DeMille: George Clooney. Um longo clipe mostrou os filmes principais do ator e diretor (nada de Batman e Robin, claro), além de projetos humanitários.

Harrison Ford, que vive novamente Han Solo este ano, entrega o prêmio de melhor diretor a Richard Linklater, e Boyhood emplaca mais um. Voltando à TV, Ruth Wilson é a melhor atriz em um drama por The Affair, mesmo tendo aquela boca cirurgicamente mal feita. Amy Adams tem a chance de coroar a volta de Michael Keaton às manchetes. O ator esteve sumido, mas Birdman corrigiu esse erro. Ou seja: Lois Lane entregou o Globo ao segundo Bruce Wayne da noite a subir no palco. A próxima categoria é melhor filme – comédia ou musical, com Robert Downey Jr., e o agraciado é O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, 2014). Wes Anderson reúne seu elenco e faz piada, agradecendo aos membros da Associação de Imprensa Estrangeira – usando nomes estrangeiros chutados. Matthew McConaughey, muito objetivo, anuncia a melhor atriz em um drama para o Cinema, e dá a esperada Julianne Moore, de Para Sempre Alice (Still Alice, 2014). E o melhor ator é Eddie Redmayne, que vive o físico Stephen Hawking em A Teoria de Tudo. Ele dividia o palpite de favorito com Benedict Cumberbatch e ambos, de qualquer forma, devem estar no Oscar.

Meryl Streep relembra todos os longas dramáticos indicados, cujos clipes foram exibidos, e revela logo que o campeão é Boyhood, concordando com o prêmio de diretor. Tina Fey e Amy Poehler usam novamente a coreana irritante para encerrar. Como a maioria dos longas não chegou aqui ainda, não dá para ir muito além da narração. Boa noite!

Redmayne tem boas chances com a Academia

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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