A boneca Annabelle volta a assombrar

por Marcelo Seabra

Após o lançamento de Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), ficou claro que Annabelle se tornaria um dos mais marcantes bonecos malditos do Cinema – se é que esta galeria existe. Mas ela precisava ter sua história contada, ou assim pensou algum produtor de olho numa oportunidade de ganhar dinheiro com algo já estabelecido. Assim, surgiu Annabelle (2014), o filme de origem da maldição da boneca que pegaria todo aquele público que havia sido conquistado pela trama envolvendo o casal Warren.

Ed e Lorraine eram demonologistas que ajudavam pessoas com problemas ligados ao sobrenatural. Para prevenir futuros problemas, eles passaram a guardar os objetos que alegadamente haviam sido usados por demônios para tentar possuir humanos, ou roubar suas almas. O museu de itens macabros permanece aberto para visitação e uma das atrações principais é a boneca. James Wan, criador de Jogos Mortais (Saw) e Sobrenatural (Insidious), iniciou uma nova franquia que agora tem uma pré-continuação. O diretor entra apenas como produtor. No comando, está John R. Leonetti, um sujeito que precisa se desculpar pelo horrendo Mortal Kombat – A Aniquilação (1997), e conta com o estreante Gary Dauberman no roteiro.

Tudo apontava que Annabelle seria um desastre. Tamanha foi a surpresa ao descobrir que não se trata de um filme ruim. Não é nada inovador, claro, mas é uma atração de terror bem respeitável, que procura criar um clima de perigo iminente ao invés de ficar apostando em sustos fáceis. A morada do casal é bem explorada geograficamente, com uma câmera que se posiciona bem e nos dá uma boa noção do que está havendo. Alguns clichês, claro, não vão faltar, mas nada que comprometa. Até os efeitos sonoros estão sob controle, outro grande pecado geralmente cometido nesse tipo de filme.

Somos apresentados ao casal que será importunado, Mia (Annabelle Wallis – sim, a atriz se chama Annabelle! – da série The Tudors) e John (Ward Horton, que fez ponta em O Lobo de Wall Street, 2013). Tudo corre bem na vida deles até que a casa é invadida e alguma força maligna se apossa da boneca do título, que já é feia feito o capeta, vale mencionar. A partir daí, coisas estranhas começam a acontecer. Ao lado dos protagonistas, há ainda um padre (Tony Amendola, de Once Upon a Time) e uma livreira da vizinhança (Alfre Woodard, de 12 Anos de Escravidão, 2013) que dão certo apoio espiritual e servem aos desígnios do roteiro.

Se, como um todo, Annabelle é bem razoável, há uns três ou quatro momentos em especial que fazem o preço do ingresso valer. Não é difícil ver gente saindo no meio de uma sessão – inclusive da pré-estreia promocional. Se você vai assistir a um filme como este, já sabe o que o espera, e faz pensar no que faria uma pessoa sair no meio. E, para quem aprecia o estilo, Invocação do Mal 2 vem aí, para o ano que vem, com mais aventuras do casal Warren.

Lorraine Warren em seu museu do oculto – a boneca Annabelle posa em sua caixa

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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