por Marcelo Seabra
Ao fazer o terceiro filme, Sylvester Stallone exaure uma fórmula que funcionou bem da primeira vez e se mostrou gasta já na segunda. Para Os Mercenários 3 (The Expendables, 2014), a solução foi dar uma renovada. Na verdade, mais entrou gente do que saiu, e há jovens e veteranos entre as novidades. A missão de Barney e companhia, dessa vez, é matar um ex-parceiro que se tornou traficante de armas e traiu a todos para lucrar. O papel do desafeto coube a Mel Gibson, que já havia sido o vilão do horroroso Machete Mata (Machete Kills, 2013), o que tira qualquer possibilidade de ineditismo. Além de repetir a si mesma, a série repete coisa pior.
Sem explicar direito, Stallone tira Bruce Willis da jogada e coloca como novo contato na CIA ninguém menos que Harrison Ford, que parece estar se divertindo muito no meio da ação. A trama, também escrita pela dupla Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt (de Invasão à Casa Branca, 2013), engrena quando Barney descobre que o alvo atual do seu grupo é o na verdade ex-colega Stonebanks, que se supunha estar morto. O sujeito fere gravemente um membro dos mercenários (Terry Crews) e Barney decide buscar sangue novo e poupar os amigos velhos de guerra.
Através de um olheiro amigo (Kelsey Grammer), Barney consegue quatro rostos novos para ajudar na missão contra Stonebanks. Mas os velhos mercenários (Jason Statham, Dolph Lundgren e Randy Couture) não deixarão o parceiro na mão. Wesley Snipes, o eterno Blade, vive um personagem que é resgatado da prisão, o que gera uma piada com a situação do próprio ator, que sai de uma pena de três anos por não pagar impostos. E o time ainda conta com Antonio Banderas como alívio cômico, um atirador com forte sotaque espanhol que praticamente implora para ser aceito. Arnold Schwarzenegger e Jet Li voltam para dar uma mão. Com tanta gente famosa em cena, é difícil querer desenvolver alguma coisa, e outra tarefa dura é dividir o tempo em cena desse povo todo.
O encontro de Stallone e Schwarzenegger em Rota de Fuga (Escape Plan, 2013) gerou um filme interessante e divertido, além de um meme engraçado com aquele recorrente grito do austríaco para que um colega entre no helicóptero (“Get to the chopper”). Pois Os Mercenários 3 consegue tirar a graça desse momento, e ainda insiste nisso. Os momentos de “bromance” também são constrangedores: os brutamontes param em cenas prolongadas rindo e “dividindo um momento”, e parece apenas erro de edição. E não poderia faltar uma música, boa, estragada por um karaokê de matadores mostrando um lado sensível. Esperemos que o diretor, Patrick Hughes, faça um melhor trabalho na refilmagem de Operação Invasão (The Raid, 2011), seu próximo projeto.
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