Clint Eastwood leva The Four Seasons ao Cinema

por Marcelo Seabra

No Brasil, eles não chegaram a ser tão famosos. Mas, nos Estados Unidos, os Four Seasons foram uma grande sensação. A mídia, sensacionalista como sempre, chegou a insinuar uma rivalidade entre eles e os Beatles. Exageros à parte, dá para se ter uma ideia da importância da banda para o país. Não à toa, a história dos garotos de Nova Jersey virou musical na Broadway e era questão de tempo até atrair a atenção de Hollywood. Coube a Clint Eastwood (de J. Edgar, 2011) a direção de Jersey Boys: Em Busca da Música (2014), que chega essa semana aos cinemas.

Dono de um dos falsetes mais famosos da música, Frankie Valli acabou sendo o nome mais famoso do grupo. Mas uma decisão acertada é não focar apenas em um dos quatro, chegando a mostrar o ponto de vista de todos eles em momentos diferentes. Amigos de infância, Frankie (John Lloyd Young), Tommy DeVito (Vincent Piazza) e Nick Massi (Michael Lomenda) formavam um trio até que perceberam estar fora de moda. Com a chegada do músico e compositor precoce Bob Gaudio (Erich Bergen) e a contratação do produtor Bob Crewe (Mike Doyle), eles conseguem deslanchar. Com a fama, os problemas crescem, como de costume.

A trama básica não é das mais originais. Mas há vários detalhes interessantes, sendo o principal deles a ligação dos garotos com a máfia local, liderada pelo chefão Gyp DeCarlo, vivido por um inspiradíssimo Christopher Walken (de Amigos Inseparáveis, 2012). E é tudo baseado em fatos, relatados no livro de Marshall Brickman e Rick Elice, que também serviu de fonte para a Broadway. A recriação das épocas, dos anos 50 aos 90, dos cenários aos figurinos, é primorosa. Até o famoso programa de TV de Ed Sullivan ganha vida, recontando um momento importante das vidas dos artistas.

Dos quatro protagonistas, apenas Piazza não tinha experiência com este universo. O Lucky Luciano de Boardwalk Empire faz o malandro que dá o empurrão que a banda precisa – e lembra muito o ator Dermot Mulroney. Os outros três já estiveram envolvidos com a peça, sendo que Young ganhou o prêmio Tony em 2006 como melhor ator. Devidamente caracterizados e com a maquiagem adequada a cada fase, todos fazem um ótimo trabalho. No grupo de coadjuvantes, o destaque é Walken, que consegue ser ameaçador e alívio cômico ao mesmo tempo. Outra figura marcante é Renée Marino, também oriunda da peça, que vive a esposa de Valli. É uma personagem que certamente merecia mais atenção.

Equilibrando com os acertos de Eastwood e equipe, o roteiro tem um bocado de problemas. O destino de personagens relevantes não fica muito claro, eles parecem dispensados em determinados momentos. Outros ganham resoluções simplistas. O filme perde força quando decide se focar em dramas pessoais, deixando a música para depois. E o tamanho do sucesso da banda não é bem evidenciado, o que deve ser difícil de entender principalmente pelo público mais jovem e menos familiarizado com a febre da juventude dos anos 60 por pop e rock. Não há qualquer relação entre a banda e o mundo exterior. Outros músicos não são mencionados, muito menos algo sobre a conjuntura política, econômica ou cultural, o que deixa os Four Seasons alienados do mundo ao redor.

Ao fazer uma análise mais profunda, Jersey Boys perde bastante força. Uma nova sessão deve ser ainda mais prejudicial. Mas, durante a exibição, os números, as atuações, tudo parece conspirar a favor. Os pontos positivos se sobressaem, deixando o resultado acima da média. O charme que Eastwood imprime no longa faz bastante diferença. E é mais interessante e bem amarrado que outras obras baseadas em figurões da música, como Ray (2004), Johnny & June (Walk the Line, 2005) e Piaf (La Môme, 2007).

Selfie do elenco com o diretor no lançamento em Los Angeles

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Eu vi o primeiro episódio de Boardwalk Empire com Vincent Piazza primeira temporada e eu realmente não gosto de nada, então eu vi mais dois capítulos e parar de assistir esta série até a segunda temporada começou e eu vi o primeiro episódio. Desde então eu parei de assistir esta série. Para mim, a última melhor série que eu já vi por um longo tempo sobre os "assassinos" "gangster" ou "máfia" foi "The Sopranos" faz. uma saudação

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