por Marcelo Seabra
Após 2011, quando foi lançado X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class), ficou a expectativa por um longa que fosse melhor ou que tivesse a mesma qualidade. Bryan Singer, responsável pelos dois primeiros filmes dos personagens, voltou à cadeira e comandou X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, 2014), adaptação de um arco famoso de autoria de Chris Claremont e John Byrne que certamente está entre os mais interessantes da Marvel. O resultado é uma obra que consegue o que parecia impossível: criar a ligação entre a trilogia original e Primeira Classe e dar mais fôlego à cinessérie, com novos personagens e novas questões a serem discutidas.
Desde 2000, temos acompanhado os dramas dos mutantes mais queridos dos quadrinhos no Cinema. Bryan Singer não era um diretor conhecido, apesar de ao menos dois ótimos filmes na bagagem, e foi o início de uma tendência de se contratar cineastas mais marcantes para este filão. Apesar de brigas internas com o produtor, Singer conseguiu criar uma identidade para a franquia, num universo mais pé no chão do que estávamos acostumados a ver os heróis das revistinhas. Tomando diversas liberdades, algumas necessárias e outras apenas por opção, o diretor e sua equipe começaram um novo momento no Cinema.
Após dois filmes com os mutantes, Singer aceitou o desafio de reviver um ícone, que resultou no fraco Superman: O Retorno (Superman Returns, 2006) e na saída do diretor do terceiro X-Men, que foi realizado pelo medíocre Brett Ratner e é normalmente o mais malhado da série. Com a volta de Singer, aparece a oportunidade que ele buscava de finalmente utilizar em cena os Sentinelas, os robôs que perseguem e matam os mutantes. Eles são responsáveis por algumas das cenas mais impactantes do filme e remetem a novos clássicos da ficção-científica, principalmente O Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2, 1991), que por sua vez foi inspirado pelas revistas. O andróide de Schwarzenegger ainda é lembrado em uma cena engraçada com Wolverine, uma das várias que trazem uma necessária leveza à obra.
A trama demanda do público uma grande boa vontade, já que o roteiro de Simon Kinberg (de Sherlock Holmes, 2009) não chega a ser totalmente amarrado. Vemos algumas conveniências, como um personagem ter um poder que não era para ser dele exatamente. Como o mundo dos X-Men é muito rico, algumas dessas alterações visam simplificar as coisas, já que não daria para colocar tudo em duas horas e pouco. Num futuro apocalíptico, os poucos mutantes que sobreviveram se unem para uma última tentativa de salvar seus pares e mesmo os humanos. Como o plano envolve viagem no tempo, cria-se a oportunidade para utilizar as versões mais jovens de Charles Xavier, o Professor X, e Erik Lehnsherr, mais conhecido como Magneto. Por isso, o enorme elenco é liderado tanto por Patrick Stewart e Ian McKellen quanto por James McAvoy e Michael Fassbender. Todos ótimos, diga-se de passagem, e Magneto segue sendo o personagem mais interessante e marcante dentre todos.
Com ação suficiente para divertir o público, alternando com cenas de muita emoção, Dias de um Futuro Esquecido passa facilmente por seus 131 minutos sem aborrecer. Não falta conteúdo e nem visual. Personagens bem construídos representados por ótimos atores, guiados por um diretor que sabe aonde quer chegar e como. Em meio a tanto Motoqueiros Fantasmas e Lanternas Verdes, é muito bom ver uma obra dessa magnitude, que respeita a inteligência alheia e vai com maestria do engraçado ao triste, nunca deixando de entreter. E cresce a expectativa por A Era de Apocalypse.
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