Nova versão dos Três Mosqueteiros deve agradar

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

A figura do mosqueteiro – um hábil espadachim responsável pela guarda do rei da França – se tornou bastante popular graças à obra Os Três Mosqueteiros, concebida pelo escritor francês Alexandre Dumas e publicada pela primeira vez em 1844. Em seu livro, Dumas contava as peripécias de Porthos, Athos e Aramis, mosqueteiros a serviço do rei que, relutantemente, aceitam um quarto membro em seu grupo, o jovem D’Artagnan, que precisa provar-se à altura daquele importante cargo.

Desde que a obra foi publicada e, principalmente, depois que os personagens de Dumas se tornaram domínio público, a história do trio que na verdade era um quarteto tem sido recontada e adaptada das mais diversas formas e nos mais diferentes meios. No cinema, a mais recente tentativa nesse sentido foi o pirotécnico Os Três Mosqueteiros (2011), de Paul W.S. Anderson. Já na TV, coube à britânica BBC homenagear o legado de Dumas na série The Musketeers, cuja primeira temporada recentemente chegou ao fim. Ao contrário de muitas das adaptações que tentam recontar o que Dumas colocou em seu livro, a série de BBC vai mais na direção da “adaptação livremente baseada nos conceitos apresentados no original”, com resultados bastante interessantes.

A série começa quando o jovem D’Artagnan (Luke Pasqualino, de Os Bórgias) e seu pai estão viajando para Paris para tratar de negócios com a realeza. No caminho para lá, no entanto, eles são atacados por supostos mosqueteiros e seu pai acaba sendo morto. O nome “Athos” (Tom Burke, de O Libertino, 2004) é dito por um dos assassinos como sendo seu líder e isso faz com que D’Artagnan decida continuar seu caminho para Paris, dessa vez com o objetivo de vingar-se do homem que, supostamente, matara seu pai. Lá chegando, depois de alguns percalços, ele descobre que o assassinato de seu pai era parte de um elaborado plano para incriminar Athos e, consequentemente, desmoralizar a companhia dos mosqueteiros. Com a ajuda de Porthos (Howard Charles) e Aramis (Santiago Cabrera, de séries como Heroes e Dexter), o plano é desmascarado e D’Artagnan é aceito como um aprendiz de mosqueteiro.

A partir daí, a história se desenvolve de maneira mais ou menos convencional, com os Mosqueteiros enfrentando, a cada semana, uma ameaça diferente, sendo que os episódios também servem para explorar mais o passado de cada um de seus protagonistas. Há ainda, obviamente, uma história maior que se desenrola no pano de fundo dos episódios e ela tem muito a ver com a disputa de poder entre o ambicioso e inteligente Cardeal Richelieu (Peter Capaldi, de Guerra Mundial Z, 2013 – acima), que poderia ser considerado o grande vilão da série, e o ingênuo e mimado Rei Louis (interpretado de maneira quase caricata por Ryan Cage, de O Hobbit: A Desolação de Smaug, 2013). Há ainda personagens femininos fortes, especialmente nas figuras de Constance (Tamla Kari) e da misteriosa Milady, que assume várias identidades durante a série (Maimie McCoy, também de O Libertino). O Capitão Treville, responsável pelo regimento dos mosqueteiros (Hugo Speer, que aparece na primeira parte de Ninfomaníaca, 2013) e a Rainha Anne (Alexandra Dowling, de Game of Thrones) fecham os principais personagens da série.

No frigir dos ovos, The Musketeers traz exatamente aquilo que os fãs da obra original esperariam, ou seja, histórias interessantes e divertidas, executadas da maneira usualmente competente da BBC. Com dez episódios apenas, a série, que inicialmente estava planejada para ter apenas uma temporada, foi renovada recentemente e deve retornar em 2015. Até o momento, The Musketeers não tem estréia definida por aqui.

Pequena homenagem aos Três Mosqueteiros, na verdade um quarteto completo com o autor deste texto

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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