por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Se os fãs mais puristas de J.R.R.Tolkien já torceram o nariz quando o primeiro filme da nova trilogia baseada no universo de O Senhor dos Anéis chegou às telas devido ao fato dos roteiristas da obra, Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens (com uma ajudinha de Guillermo del Toro) terem tomado muitas liberdades em relação ao material original – cuja adaptação caberia tranquilamente em um único longa – a notícia é ruim: em O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, 2013), o quarteto foi muito mais longe nessa liberdade criativa, a ponto de haver pouquíssimos trechos nos quais se reconhece o material original na tela. A boa notícia, no entanto, é que o público em geral – e aqueles que entendem que adaptar não significa transpor literalmente – vai se divertir com o longa.
A exemplo do que acontece em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, 2002), A Desolação de Smaug não começa exatamente onde termina Uma Jornada Inesperada (An Unexpected Journey, 2012). Ao fim do primeiro longa, deixamos Bilbo (Martin Freeman), Gandalf (Ian McKellen) e os treze anões no topo de uma montanha, se recuperando do último confronto com o orc Azog (Manu Bennett) e visualizando a Montanha Solitária, seu destino final. O novo começa mostrando um flashback com eventos anteriores ao primeiro longa, que adicionam certa carga de informação – ainda que não vital – à história. Apenas depois desse trecho é que o filme começa “de verdade”, o foco retorna ao grupo de aventureiros fugindo e se escondendo de seus perseguidores.
A partir daí, a trama segue mais ou menos o mesmo esquema do filme anterior. Bilbo e os demais precisam continuar seu caminho em direção à Montanha Solitária, onde Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage) objetiva recuperar a Pedra Arken, jóia que lhe garante o título de Rei Sob a Montanha e trará de volta a glória perdida de seu povo. Para isso, ele e seu grupo precisam atravessar diversos obstáculos, incluindo aí enfrentar e matar Smaug (voz de Benedict Cumberbatch, de Além da Escuridão, 2013), o dragão responsável pela queda da montanha.
Uma das grandes diferenças de A Desolação de Smaug para Uma Jornada Inesperada é que, apesar de manter o tom divertido e as sequências bem boladas – a fuga dos anões da prisão dos elfos é bem engraçada – a história como um todo dá um passo atrás no humor e adquire um tom mais sombrio. Os anões deixam de fazer piadas o tempo todo e parecem mais focados em sua missão. Pode ter colaborado com isso o fato de roteiristas e diretor resolverem mudar um pouco o foco da história, na medida em que ela é expandida e novos personagens são introduzidos. Logo no primeiro ato do filme, quando o grupo de anões adentra a floresta sombria, são alertados de que aquela região é dominada por elfos menos inteligentes e abnegados do que aqueles pertencentes à casa de Elrond. Isso se prova verdadeiro quando Thorin confronta o rei Thranduil (Lee Pace, de Lincoln, 2012) e a busca dos anões acaba fazendo dois aliados entre esse povo: o príncipe Legolas (novamente Orlando Bloom) e a chefe da guarda, Tauriel (Evangeline Lilly, a eterna Kate de Lost). Tauriel, inclusive, é a personagem que mais deve trazer a fúria dos puristas, já que é uma criação original de Jackson & cia para a trilogia. Paralelamente, vemos ainda a busca de Gandalf pela verdade por trás do mal que começa a surgir na Terra Média e seu confronto com o Necromante (também dublado por Cumberbatch), cuja identidade logo é revelada; finalmente, há a introdução de Bard (Luke Evans, de O Corvo, 2012) barqueiro que ajuda o grupo em parte de sua jornada e que terá papel fundamental para a conclusão da trama, caso os envolvidos se atenham ao material original.
Apesar do número de tramas paralelas – há ainda outras, menores – alguns trechos parecem um pouco arrastados. Isso acontece muito brevemente e quase não é sentido, mas talvez a subtração de uns 5 a 10 minutos do longa pudessem tornar certos trechos mais ágeis. Outro porém, mas esse vai mais para olhos bem treinados, é que, apesar de todo o esmero e qualidade que a Weta Workshop coloca na montagem dos cenários e na construção digital de personagens, em pelo menos duas cenas houve falhas de movimentação que deixaram claro que aquilo que víamos era um construto digital, não um ator de verdade. A Desolação de Smaug é uma boa continuação e cumpre o papel de deixar o público ansioso para ver como terminará a viagem de Bilbo e os treze anões. Mesmo com algumas falhas, é um filme bastante divertido, mesmo no 2D convencional.
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