por Marcelo Seabra
Reunir cinco atores vencedores de Oscars num mesmo filme não deixa de ser curioso por si só. Última Viagem a Vegas (Last Vegas, 2013) é uma espécie de Se Beber Não Case na terceira idade, com quatro veteranos afiados que resolvem fazer uma despedida de solteiro para um deles e vão parar em Las Vegas, cidade famosa pela diversão que proporciona para maiores de idade. O roteiro não traz nada de mais, nenhum risco é corrido. Basta encostar e ver os caras trabalharem.
Michael Douglas (Oscar de melhor ator por Wall Street, 1987) vive Billy, o solteirão convicto que resolve se casar com a bela namorada de trinta e poucos anos. Os outros três amigos de infância se juntam a ele numa viagem para Vegas, e são ninguém menos que Robert De Niro (melhor coadjuvante por O Poderoso Chefão II, 1974, e principal por Touro Indomável, 1980), Morgan Freeman (melhor coadjuvante por Menina de Ouro, 2004) e Kevin Kline (melhor coadjuvante em Um Peixe Chamado Wanda, 1988). Na “cidade do pecado”, eles conhecem uma cantora (Mary Steenburgen, melhor atriz coadjuvante por Melvin and Howard, 1980) que vai causar ainda mais atrito entre dois deles.
Cada um dos quatro tem uma história rapidamente estabelecida que vem à tona quando é conveniente. Piadas sobre a idade deles não faltam, e fica aquela lição de não desistir nunca da vida, é possível aproveitá-la mesmo estando mais velho. O talento dos intérpretes entra exatamente aí, nas pequenas brechas que o roteiro fraco de Dan Fogelman (de Amor a Toda Prova, 2011) dá. Douglas e De Niro parecem fazer exatamente o que fazem fora das telas, os personagens abusam da persona que eles mantêm. E o segredo óbvio entre os dois vai aparecer na hora certa, conforme esperado. Freeman e Kline são mais debilitados fisicamente, mas só quando eles precisam ser. No resto do tempo, são todos como jovens se divertindo, mesmo estando perto (antes ou depois) dos 70.
Quem mais aparece no filme, no entanto, é Mary Steeburgen, uma bela mulher em seus 60 anos que chama a atenção dos amigos cantando no bar de um hotel. Volta e meia um deles a traz à cena e ela tem a oportunidade de mostrar seu talento nos melhores diálogos do filme, construindo uma personagem forte e espirituosa. Os demais nomes do elenco (nenhum muito memorável) apenas cumprem tabela, e há até uma pequena participação do rapper 50 Cent. O diretor Jon Turteltaub não é dos mais expressivos, assinando trabalhos bobinhos como os dois A Lenda do Tesouro Perdido (2004 e 2007) e O Aprendiz de Feiticeiro (2010), e mais uma vez sua marca não aparece – se é que ele tem uma marca.
Comédia que não causa risos, Última Viagem a Vegas vale apenas pela oportunidade de ver os cinco grandes nomes juntos. Assim como em Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, 2013), que reuniu este ano Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin, ficamos com a sensação de desperdício, já que há tanta experiência, carisma e talento reunido para um resultado tão pífio.
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