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Chucky é um brinquedo assassino e incansável

por Marcelo Seabra

Em 1988, Don Mancini criou um personagem marcante que iria acompanhá-lo provavelmente pelo resto de sua vida. Lá se vão 25 anos e o boneco Chucky está em seu sexto longa, além de três curtas. Junte meia dúzia de personagens meia boca, daqueles que a gente já consegue chutar a ordem de abate, e você tem A Maldição de Chucky (Curse of Chucky, 2013), nova desculpa que o criador e roteirista inventou para trazer o pequeno psicopata à vida. Algumas imagens de arquivo farão a alegria dos saudosistas da década de 80. E não podia faltar a risadinha de Brad Dourif, o único intérprete que Chucky já teve no Cinema.

Charles Lee Ray é o nosso velho conhecido que, encurralado e alvejado pela polícia, consegue fazer uma espécie de ritual de bruxaria que transfere sua alma a um brinquedo conhecido como Bonzinho (ou Good Guy). Com essa premissa trash, Mancini vem assustando gente desde que Chucky atacou o jovem Andy Barclay, no primeiro Brinquedo Assassino (Child’s Play). Desde então, ele foi retalhado, incendiado, matou de formas variadas (até de susto!), arrumou uma noiva e até um filho! Dessa vez, o responsável criou uma forma de amarrar as coisas que nos leva ao passado de Charles Lee, meio que uma volta às origens. Tudo, claro, sem ignorar o que já foi feito na cinessérie, mas abandonando o tom de paródia adotado nos últimos, buscando algo mais, digamos assim, sério.

Agora, Chucky vai parar na casa de uma mulher (Chantal Quesnelle, de The Kennedys) abalada por algo ocorrido há anos que vive com a filha (Fiona Dourif, do papai Brad). Por ser paralítica, a garota necessita de cuidados especiais, mas é forte e procura sempre mostrar ser independente. Com a misteriosa morte da mãe (alguém adivinha o culpado?), outros membros da família chegam para dar conforto (e tentar vender a casa) e logo uma menininha encontra o Bonzinho. A afeição é imediata e começa a contagem de corpos (ou continua, porque ela nunca parou).

Clichês do gênero não faltam e o meio do filme se torna bem aborrecido. Quem assistir em casa (ou seja, todos) deve resistir a acelerar trechos com o controle. O final consegue ser mais interessante do que se espera, apesar de termos uns três finais: quando você acha que acabou, faltava mais alguma coisa (ou coisas). Ao longo da projeção, pistas são deixadas para um possível final que não se concretiza, mas o que vemos não chega a ser ruim. É provável que A Maldição de Chucky, mais do que qualquer outro fim, sirva para introduzir o personagem a um novo público. Afinal, são quase dez anos desde a última aventura, muitos adolescentes por aí não o conhecem. E a franquia não dá sinais de parar, apesar do cansaço.

Sempre tem a gostosa da vez, papel de Maitland McConnell

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Adorei seu conteúdo Parabéns, bem completo e dinâmico. Era exatamente o que eu estava buscando na internet e todas as minhas dúvidas foram tiradas aqui. Muito sucesso e gratidão!

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