por Rodrigo “Piolho” Monteiro
A fama de “assassino dos mares” dos tubarões no cinema começou graças ao filme Tubarão (Jaws, 1975), de Steven Spielberg. O sucesso do longa não só projetou a fama de seu diretor, como despertou a ganância dos produtores de Hollywood, que passaram a, sempre que possível, produzir filmes onde tubarões eram os vilões. Infelizmente, com exceção de Tubarão, quase todas essas produções – inclusive as continuações de Tubarão – não são dignas de nota. Sharknado (2013), que combina as palavras shark – tubarão- e tornado, é um filho direto dessa tradição com uma tendência mais recente, que é a produção de filmes de baixo orçamento para lançamento direto em DVD ou na TV.
Sharknado foi produzido pela The Asylum – produtora que tem conseguido uma certa fama nos EUA por lançar versões com baixo orçamento de blockbusters de Hollywood antes que os originais cheguem às telonas. Exemplos dessas produções seriam Transmorphers e Atlantic Rim, quase plágios de, respectivamente, Transformers e Pacific Rim (Círculo de Fogo). Um dos principais parceiros da Asylum em suas produções é o canal a cabo Syfy, cujos executivos também são fãs de filmes de tubarões, já que nos últimos anos nos presentearam com pérolas como Megashark e Sharktopus, apenas para mencionar os mais conhecidos. Por algum motivo qualquer, no entanto, Sharknado, exibido na TV dos EUA no dia 11 de julho, atraiu bastante atenção e criou um burburinho online incomum pra esse tipo de filme. Mesmo sendo uma produção tipicamente televisiva, fez o caminho inverso e migrou para a tela grande. Sua estreia nos cinemas americanos se deu em 02 de agosto, em circuito restrito, com 200 salas exibindo-o. Isso tudo, claro, garantiu uma sequência para o filme, programada para 2014.
Talvez um dos motivos do sucesso de Sharknado seja o nonsense de sua história. Sim, tem uma história, e ela começa quando um capitão de um navio pesqueiro negocia com um aparente executivo de uma companhia alimentícia oriental que se interessa por barbatanas de tubarão, cuja sopa é bastante apreciada no oriente. A ocasião é boa para o capitão, pois há uma infestação de tubarões no litoral de Los Angeles. Infelizmente, para ele, as negociações são interrompidas por uma grande tempestade que varre o oceano.
Essa tempestade se divide em diversos tornados, formando trombas de água que se dirigem para a costa. Desafiando todas as leis da física, os tornados sugam não só grandes volumes de água, mas também grande parte da vida marinha do litoral, incluindo – e prioritariamente – os tubarões. Desafiando todas as leis da biologia, os tubarões não só sobrevivem, como vão sendo despejados no litoral vivos a ponto de saírem devorando qualquer um que apareça pela frente. Pra coisa não ficar só tosca, há uma certa contextualização: a tempestade inunda as ruas de Los Angeles com água marinha e os tubarões que não saem voando sobre as pessoas usam dessa água para se deslocar e fazer suas vítimas.
Com efeitos especiais dignos de uma novela da Record, uma história pra lá de absurda e cenas de impacto que incluem o herói do filme usando uma serra-elétrica pra cortar ao meio um tubarão em pleno ar, Sharknado faz parte daqueles filmes B que, de tão absurdos e amadoristicamente realizados, acabam sendo divertidos. Devido a tanta repercussão, o canal Syfy Brasil anunciou que já adquiriu os direitos de exibição do filme no Brasil. A estreia dobrada acontece neste mês de novembro: dia 22 no Syfy e no dia 24 no Universal.
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