por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Se o primeiro longa de Thor (2011) cumpriu bem sua função de filme de origem, apresentando os personagens daquele canto do Universo Marvel, suas motivações e interações, a nova aventura solo do Deus do Trovão (mais uma vez vivido por Chris Hemsworth) nos cinemas faz bem ambos os papéis que lhe foram atribuídos: não só entrega um filme superior ao seu predecessor, especialmente por estar livre das amarras de precisar apresentar ao público todo um elenco de personagens, como dá mais um passo na expansão do Universo Marvel no Cinema.
A exemplo de Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), Thor: O Mundo Sombrio (Thor: The Dark World, 2013) retoma não só os eventos mostrados no longa anterior, mas também aqueles ocorridos em Os Vingadores (The Avengers, 2012). Por um lado, vemos as consequências dos atos de Loki e Thor no primeiro filme, especialmente no que diz respeito à destruição da Bifrost, a ponte do arco-íris que conecta Asgard aos demais reinos, incluindo aí Midgard (ou Terra); e temos o destino do Deus da Trapaça após ser capturado por seu irmão após a chamada “Batalha de Nova York”.
Assim sendo, o filme começa com Thor, Sif e os três guerreiros colocando ordem na casa, ou seja, viajando de reino em reino sufocando rebeliões e reafirmando porque eles devem sua lealdade – e submissão – à Asgard. O destaque aí vai para Svartalfheim, o reino dos elfos negros, e Vanaheim, o reino dos Vanir. Ao mesmo tempo em que vemos o destino de Loki (Tom Hiddleston), quem Odin condena à prisão perpétua, é mostrada a história de Malekith (Christopher Eccleston, de G.I Joe: A Origem de Cobra, 2009), um dos elfos de Svartalfheim que, há cerca de cinco mil anos, descobriu uma arma poderosa chamada simplesmente de Éter, que, se usada no ápice de um raro alinhamento de mundos, poderia destruir todo o universo e levá-lo de volta às trevas originais. Na ocasião, Malekith é derrotado por Bor, pai de Odin, e o Éter é escondido onde nunca poderia ser encontrado.
Já na Terra, o cientista Erik Selvig (Stellan Skarsgård) descobre evidências de que esse raro alinhamento de mundos está prestes a ocorrer. Coincidentemente, Jane Foster (Natalie Portman), par romântico de Thor no primeiro longa, e sua assistente, Darcy (Kat Dennings), agora morando em Londres, trombam com um estranho fenômeno nas docas da cidade que acabará por envolvê-las na trama que virá a seguir, com o despertar de Malekith e sua busca pelo Éter para uma segunda tentativa de acabar com um universo que, segundo ele, não deveria ter existido.
Apesar dessa grande coincidência que se mostra necessária para que os deuses de Asgard e os mortais de Midgard voltem a interagir, Thor: O Mundo Sombrio tem mais qualidades do que defeitos. O nível de ação da continuação supera em muito aquele apresentado no primeiro filme, na mesma medida em que a quantidade de piadas diminui, o que contribui para o tema do longa. Não dá pra chamar um filme de “O Mundo Sombrio” se todo mundo fica fazendo piada o tempo todo. Outro ponto interessante é o fato da história gastar mais tempo mostrando Asgard e os demais reinos, ao invés de se focar apenas na Terra. Há aspectos que incomodarão os fãs mais antigos e tradicionais dos quadrinhos de Thor, especialmente no que diz respeito à tecnologia avançada dos recursos bélicos não apenas dos Elfos Negros, mas também dos asgardianos. O lado mais divino de Thor é explorado de maneira menos superficial aqui e temos uma maior noção do porquê de seu Mjölnir ser uma arma bastante temida.
Esse aumento no nível de ação no longa pode ter justificação na escolha do diretor do filme. Sai o shakespeariano Kenneth Branagh, entra Alan Taylor, veterano diretor de TV que tem em seu currículo seis episódios de Game of Thrones e que contou com um auxílio de Joss Whedom (diretor de Os Vingadores) em alguns momentos chave da trama. Isso não quer dizer que Thor: O Mundo Sombrio seja um filme soturno e sério. Ao contrário, o nível de diversão característico das produções do Marvel Studios continua ali, apenas o tom de comédia foi um pouco diminuído.
Também é bom destacar que praticamente todo o elenco do primeiro longa volta nessa continuação, à exceção de Josh Dallas, que vivera o espadachim Fandral no primeiro filme e deu seu lugar à Zachary Levi (da série Chuck) devido a conflitos de agendas. O roteiro de Christopher Yost (responsável por episódios da série animada The Avengers: Earth’s Mightiest Heroes e roteirista de revistas como New X-Men e X-Force) dá um razoável espaço de tela para quase todo o elenco, ainda que se foque principalmente em Thor, Loki e Jane Foster. Outra figura de destaque é o Heimdall de Idris Elba, que mostra bem a que veio ainda que não tenha uma participação tão extensa.
No fim das contas, é seguro dizer que o Marvel Studios continua fazendo um bom trabalho ao tentar expandir seu universo dos quadrinhos para as telonas. Sua “Fase Dois”, que tem a função principal de conduzir os expectadores para Vingadores 2, está atendendo às expectativas. E, como já se tornou tradição em filmes da Marvel, lembre-se de ficar na sala até que as luzes se acendam, ou perderá as já famosas cenas escondidas. É isso mesmo: as cenas, e não a cena.
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Curti bastante o filme. E achei infinitamente superior ao primeiro. Mas achei que houve piadas demais. Algumas bem sem graça. Mas me agradou o uso do 3D por não apenas jogar coisa em nós como acontece na maioria dos filmes de ação mas por dar uma noção de profundidade incrível. Também me agradou o roteiro que consegue ligar várias coisas, algumas das quais pegaram pesado como a Chave do carro, mas a aparição de um dos vingadores junto com Thor quando Loki mostra várias de suas "faces", que pra mim no começo foi só mais um alívio cômico se explica no final. Achei isso fantástico para um filme de Super Herói.