por Marcelo Seabra
Depois de muita dificuldade para conseguir que um estúdio bancasse a produção, Steven Soderbergh desistiu e levou seu projeto para a HBO. O canal topou a empreitada e agora temos a oportunidade de conferir as ótimas interpretações de Michael Douglas e Matt Damon em Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra, 2013), já em exibição na TV a cabo. Mais uma vez, a televisão mostra a sua força, e o filme provavelmente é um dos mais elogiados do ano. Ser um produto para a tela pequena é apenas um detalhe. Foram nada menos que três Emmys, melhor telefilme, melhor diretor e melhor ator para Douglas, além de outras 12 indicações.
O motivo de tantos problemas para levantar o orçamento necessário se deve ao centro do roteiro: o espalhafatoso músico Liberace (1919-1987). Famoso por enfeitar seus já chamativos pianos com candelabros e por seu enorme talento no manejo do instrumento, ele era um grande artista que sabia bem como entreter uma platéia. Mostrando do que era capaz desde os quatro anos de idade, Liberace (ou Wladziu Valentino Liberace) se aperfeiçoou, se apresentou em diversas ocasiões e logo demonstrou que preferia a música pop à clássica, para desgosto do pai, também músico. Debutou no Cinema em 1950 e, em 1952, ganhou um programa de televisão, o que lhe deu grande fama. As principais casas de show dos Estados Unidos receberam o pianista, e ele recebeu diversos prêmios durante a carreira.
Quando Liberace morreu, descobriu-se que ele tinha o vírus HIV. Ele passou a vida escondendo o fato de ser gay, e era uma época em que as coisas não eram tão claras para o grande público. Mesmo com aquelas roupas e gestos afeminados, ele se dizia em busca do grande amor e todos torciam por sua felicidade, presumindo que seria uma mulher. Na verdade, a figura mais próxima que ele teve, por mais tempo, era o jovem Scott Thorson, que acabou escrevendo o livro, com Alex Thorleifson, que inspirou este filme. Michael Douglas (acima) consegue fugir completamente da figura viril que está acostumado a viver, como o Gordon Gekko dos dois Wall Street, e encara o papel com muita seriedade. O mesmo vale para Matt Damon (de Contágio, 2011), como o amante mais novo. Cenas mais íntimas entre os dois não faltam, o que poderia deixar muitos atores receosos. O próprio Douglas, em entrevista à revista ShortList, disse admirar a coragem do colega Damon, que aos 42 fez o que ele não teria feito quando tinha a mesma idade. Douglas, aos 68, aceitou o desafio e vê Behind the Candelabra como uma perda para os estúdios, que julgaram muito arriscado gastar tanto com uma temática gay. Na estreia norte-americana, foram 2,4 milhões de espectadores ligados na HBO.
Escrito por Richard LaGravenese (de Dezesseis Luas, 2013), o roteiro não se preocupa em colocar ninguém como vítima ou herói. Os dois protagonistas têm seus defeitos, assim como suas qualidades, e acompanhamos vários momentos dentro daquele espaço de tempo em que eles se relacionaram: os bons momentos, as brigas, as cirurgias plásticas, as manobras para deixar os fãs no escuro quanto à sexualidade do ídolo, as vaidades, as vulnerabilidades. A produção é bem cuidada, os figurinos são precisos e enriquecem a história de Liberace, com cenários grandiosos e cheios de detalhes. A segurança de Soderbergh é notada ao longo da exibição, e só podemos lamentar que ele tenha anunciado a aposentadoria do Cinema após Terapia de Risco (Side Effects, 2013). Se bem que, se seguir por este caminho bem sucedido, não teremos do que lamentar.
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