por Marcelo Seabra
Sem realizar nada desde 2008, o diretor Rawson Marshall Thurber voltou a colocar a mão na massa e comandou Família do Bagulho (We’re the Millers, 2013), comédia que chegou aos cinemas brasileiros essa semana (sim, com esse título!). Se não é hilário o tempo todo, o longa ao menos tem alguns bons momentos e, nos demais, esbanja simpatia. Jennifer Aniston e Jason Sudeikis, como um casal de mentira, estão ótimos, com uma interação invejável, e seus filhos igualmente falsos não deixam a dever. E, como o assunto principal é drogas, não espere situações politicamente corretas.
Lembrado por seu primeiro longa, Com a Bola Toda (Dodgeball, 2004), Thurber mantém seu estilo pouco arrojado e caloroso. Suas comédias são bobinhas e previsíveis, mas também cativantes e com personagens carismáticos. Não são algo que você queira abandonar no trajeto, e mesmo já sabendo como será, você quer ver como vai terminar. O projeto já estava em desenvolvimento há anos, e foram necessários quatro roteiristas para chegarem à versão filmada. Depois de anunciados Aniston (a Rachel de Friends) e Sudeikis (de Quero Matar Meu Chefe, 2011), entraram a bordo Emma Roberts (de Pânico 4, 2011) e Will Poulter (descoberto em O Filho de Rambow, 2007), completando a família fictícia.
Sudeikis vive David, um traficante peixe pequeno que se vê devendo uma bolada para um peixe grande (Ed Helms, da trilogia Se Beber, Não Case – acima). A solução é aceitar a proposta de trazer um carregamento de maconha do México, uma empreitada difícil que fica menos arriscada se houvesse mulher e filhos para acobertarem o crime. Partindo da lógica de que ninguém suspeitaria de uma família feliz de férias, eles partem para o país vizinho. Não faltam piadas com o México, seus habitantes e com as situações que são criadas. Algumas referências pop farão a felicidade dos mais atentos, e isso vale até para os erros de gravação, ao final. E o tempo das piadas é algo muito importante, não se rende nada mais do que o necessário.
Recentemente, outra família de mentira ganhou as telas, os Joneses (de Amor por Contrato, 2009), mas a realização era apática e falhava em criar interesse por seus personagens, rasos e até antipáticos. Jennifer Aniston também já havia vivido uma farsa parecida em Esposa de Mentirinha (Just Go With It, 2011), filme que não merece muita atenção apenas por ter Adam Sandler como protagonista. Não faltam mentiras familiares no Cinema, cada uma de uma forma e com um resultado. Muita coisa de Família do Bagulho já esperamos, outras conseguem surpreender e até arrancar algumas risadas. Não que não tenha clichês e furos, mas é tudo bem costurado para um fim apenas: divertir.
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