por Marcelo Seabra
De tão famosos em sua área de atuação profissional, era de se esperar que logo um filme seria feito sobre o casal Ed e Lorraine Warren. Trata-se de Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), novo trabalho de James Wan, diretor que ficou famoso com Jogos Mortais (Saw, 2004) e comandou recentemente o interessante e tenso Sobrenatural (Insidious, 2010). Trata-se do velho tema da casa bem assombrada, para onde vai morar uma inocente família feliz, mas a realização é bem feita e prende o público como poucas. E o que é o melhor: à moda antiga, sem muitos efeitos visuais, buscando realismo.
Em 1952, os Warrens fundaram a Sociedade de Pesquisa Psíquica da Nova Inglaterra, grupo que se ocupa de investigar supostos fenômenos paranormais, e eles alegam terem participado de mais de 10 mil casos em todos esses anos. Ed faleceu em 2006, e Lorraine segue firme dando suporte às novas gerações, além de ainda manter o Museu do Oculto Warren, onde eles guardavam as peças ligadas aos casos em que trabalharam. No longa, coube a Patrick Wilson (repetindo a parceria com Wan de Sobrenatural) e a Vera Farmiga (da série Bates Motel) viverem o casal, e ambos mostram composições sóbrias, contidas, bem adequadas à seriedade do projeto.
Ao contrário de vários outros filmes, que trazem sabichões que buscam desvendar fraudes (como O Despertar, 2011, e A Colheita do Mal, 2007), este apresenta um casal de demonologistas que realmente acredita no que faz, empregando a ciência onde é possível. Assim como em Sobrenatural, os recursos tecnológicos da época são empregados para tentar capturar alguma prova incontestável da presença de espíritos e ajudar os assombrados. Nesse caso, a família composta por Roger (Ron Livingston, de Virada no Jogo, 2012) e Carolyn Perron (Lili Taylor, de Inimigos Públicos, 2009) e suas cinco filhas. Eles se mudam para um casarão no campo e logo começam a sentir influências externas, com barulhos estranhos, hematomas inexplicáveis e toda a sorte de sintomas de obsessão espiritual. A ajuda dos Warrens é necessária.
A casa da família Perron é praticamente um personagem à parte. Mesmo tendo diversos cômodos, ela nunca para de surpreender com compartimentos sendo descobertos, dando a impressão de estar em fase de crescimento (como a Rose Red de Stephen King). O uso do cenário faz a tensão crescer e Wan sabe o que é melhor não revelar, ou quando revelar. Dessa forma, o espectador fica na expectativa e muitas unhas podem sair roídas no processo. Que venham os inevitáveis próximos longas com os Warrens.
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Acho que a utilização de bonecas é menos uma referência a Gritos mortais e mais uma marca registrada de James Wan. Havia também em Sobrenatural, lembra?
É, ele deve ter uma fixação por algum brinquedo da infância. Ou, quem sabe, se assustou com algo parecido? hehehe