por Marcelo Seabra
Colin Farrell continua trabalhando como sempre, mas anda aparecendo menos. Os últimos filmes que escolheu não eram dos mais badalados, alguns com rápidas passagens pelos cinemas (como Sete Psicopatas e um Shih Tzu, 2012) ou indo direto para as locadoras. Sem Perdão (Dead Man Down, 2013) se encaixa nessa última categoria, mesmo tendo um elenco interessante e o diretor do Os Homens que Não Amavam as Mulheres original (The Girl with the Dragon Tattoo, 2009), Niels Arden Oplev. A fraca recepção no exterior pode ter sepultado a carreira do longa, que teria arrecadado alguns reais se entrasse em cartaz.
Como o título nacional genérico já indica, Sem Perdão não é nada memorável, fica bem em cima do muro entre o bom e o ruim. Os protagonistas são construídos decentemente e o ritmo lento, que pode ser interpretado como aborrecido pelos mais exaltados, é adequado. Mas o problema vem no trecho final: apesar de previsível, surpreende negativamente quanto ao extremo que chega. De repente, o filme é outro e todas as pontas se amarram à força. A esta altura, você só quer que tudo termine, independente do que vai acontecer.
Farrell vive Victor, um capanga entre muitos outros de um gângster de importância média, Alphonse (Terrence Howard, de Sem Proteção, 2012). Alguém está ameaçando o sujeito com cartas enigmáticas e apagando alguns de seus comparsas. O clima crescente de desconfiança deixa todos de sobreaviso. Como se não bastasse essa situação no “trabalho”, Victor ainda se vê em outro aperto: sua vizinha (Noomi Rapace, de Prometheus, 2012) o chantageia para que mate o homem que a desfigurou em um acidente de carro. Os elementos de um bom noir estão aí, e muita coisa ainda vai se revelar.
Rapace, que tem sido contratada para várias produções, despontou para o mundo exatamente em Os Homens que Não Amavam as Mulheres, como a hacker Lisbeth Salander, e reencontra Oplev na estreia do diretor em solo norte-americano. Três veteranos foram chamados para engrossar o caldo: F. Murray Abraham (de Amadeus, 1984), Armand Assante (de O Gângster, 2007) e a francesa Isabelle Huppert (de Amor, 2012). O elenco ainda conta com um mal aproveitado Dominic Cooper (de Dublê do Diabo, 2011), que merecia um destaque maior. O que mais chama a atenção no longa é a seriedade com a qual os atores o tratam, todos parecem estar dando o melhor de si para salvar um texto mais ou menos, cortesia de J.H. Wyman (roteirista da série Fringe). Apesar desse esforço, o resultado não sai do mediano.
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