por Rodrigo “Piolho” Monteiro
The Bridge é um produto dessa tendência. A exemplo de The Killing, ela é uma adaptação ianque para Bron/Broen, série escandinava produzida em 2011 cuja trama se baseia na descoberta de um corpo deixado na ponte que faz a fronteira entre Dinamarca e Suécia. Exatamente na fronteira, de forma que cabe a um inspetor dinamarquês e a uma sueca dividirem a jurisdição do caso em busca do assassino. Bron/Broen teve uma temporada entre setembro e novembro de 2011 e a segunda deve estrear no próximo mês, de acordo com o site IMDB. A versão é produzida e exibida pelo canal a cabo FX. No Brasil, ela já está na grade de programação da emissora, sendo transmitida aos domingos, às 23h.
A nova série mantém essa mesma premissa. Um corpo é deixado exatamente na linha que separa El Paso (Texas, EUA) de Juarez (Chihuahua, México), de maneira relativamente interessante: metade do corpo nos EUA, metade no México, em cima de uma ponte. Inicialmente, como o corpo parece pertencer a uma cidadã americana, o caso fica a cargo da divisão de homicídios da delegacia de Crimes Contra Pessoas de El Paso, com a detetive Sonya Cross (Diane Kruger, de Bastardos Inglórios, 2009) liderando as investigações. Não se passa muito e uma descoberta altera os rumos da investigação. Isso faz com que a jurisdição do caso tenha que ser dividida entre EUA e México e obriga Sonya a trabalhar com o detetive Marco Ruiz (Demian Bichir, de Selvagens, 2012).
Como de costume, em The Bridge as coisas logo começam a se complicar e o que parece ser um “simples” caso de assassinato passa a ter ramificações mais profundas e se faz uma crítica, ainda que superficial, à forma como os EUA tratam seus imigrantes. Como a trama do assassino serial seria difícil de sustentar por muito tempo sem se esgotar, os roteiristas adicionaram algumas histórias paralelas, sendo a principal delas aquela que mostra a viúva Charlotte Millwright (Anabeth Gish, de Arquivo X) descobrindo que seu recém-falecido marido, um empresário que seria o homem mais rico de El Paso, mantinha um túnel ligando os dois países sob sua propriedade. Há, ainda, uma crítica, ainda que sutil, à política de imigração dos EUA, especialmente relacionada aos mexicanos. A cidade de Juarez é mostrada de maneira relativamente estereotipada, como uma terra sem lei onde os cartéis dominam e encontrar um policial honesto é uma tarefa bastante difícil.
O grande atrativo de The Bridge, no entanto, é justamente Diane Kruger, intérprete até surpreendente no papel de Cross, uma detetive que não tem tato social algum, um tipo de característica que em muitas séries é atribuída a personagens masculinos. Sonya costuma ser extremamente objetiva e, aparentemente, não sabe e nem consegue compreender como as pessoas ditas “normais” funcionam em seu dia a dia. E, ao contrário de personagens da mesma estirpe, como o House de Hugh Laurie e o Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch, Sonya não é um gênio, de forma que suas esquisitices acabam se tornando um alívio cômico e facilitam a empatia do público para com a personagem.
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