por Marcelo Seabra
Filmes de baixo orçamento que dão certo e arrastam um público grande acabam virando uma franquia sem sentido, como aconteceu com Jogos Mortais (Saw, 2004). Esse novo Os Escolhidos (Dark Skies, 2013) parece ter sido feito com esse propósito: dar cria e render muito dinheiro. Mas nem por isso trata-se de uma obra ruim. Pouco dinheiro para gastar não significa necessariamente uma produção pobre. Pode ser bem o contrário: sem ter condições de grandes espetáculos visuais, o filme acaba usando mais a sugestão, o que está lá e não vemos. E o resultado disso costuma ser interessante.
O diretor Scott Stewart tem uma carreira que não o credita dar passos largos. Legião (Legion, 2010) e Padre (Priest, 2011) não fazem muito bem a um currículo, e ele deve ter decidido voltar ao básico. Uma casa, luz e sombras, uma família… e a sugestão de alienígenas estarem por perto. Afinal, mesmo o mais cético, vendo tudo o que está acontecendo à volta, começa a dar o braço a torcer. É o caso do casal Lacy (Keri Russell, a eterna Felicity da TV) e Daniel Barrett (Josh Hamilton, de J. Edgar, 2011). Ela começa a ver as evidências, enquanto ele só quer defender a prole. Filmes sobre fantasmas, bem mais comuns, seguem a mesma estrutura. Coisas estranhas começam a acontecer, os personagens passam a aceitar a possibilidade de haver algo sobrenatural, buscam um “perito” (aqui é J.K. Simmons, da trilogia do Homem-Aranha – abaixo) e o ritmo se acelera.
Mesmo seguindo uma espécie de fórmula do gênero, Os Escolhidos consegue ser interessante e ter vida própria. A dinâmica familiar é a espinha do filme, e logo percebemos nos importar com aquelas pessoas. É mais ou menos o que acontece com Sobrenatural (Insidious, 2010), outro bom suspense que conta com produtores em comum, assim como A Entidade (Sinister, 2012). Sustos fáceis, que costumam irritar o espectador mais exigente, não acontecem – ou acontecem em um volume aceitável, dependendo do ponto de vista. Fica a sensação de que os agentes Mulder e Scully vão aparecer e enquadrar o caso nos Arquivos X. Para buscar credibilidade, o longa chega a citar tipos de aliens comumente aceitos entre ufologistas, como os greys, que seriam os responsáveis por pesquisas com humanos e sequestros como o retratado em Fogo no Céu (Fire in the Sky, 1993).
Com um quarteto seguro à frente do show, Stewart, que também é o roteirista, dispensa um pouco da ambição dos projetos anteriores e tenta fazer uma mistura de ficção científica e suspense à moda antiga. Alguns vão julgar o ritmo muito lento, outros vão chamar a atenção para os clichês, ou até para a crítica rasteira ao modo de vida norte-americano. Os Escolhidos pode ser um bom divertimento. Não insulta a inteligência de ninguém e não traz grandes surpresas. Fica bem ali, na média. Resta esperar para ver se vai virar mais um Atividade Paranormal, que já tem o quinto episódio programado para 2014.
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Atividade paranormal com alienígenas, você quer dizer.
Por falar neste, não apenas o quinta, mas o sexto também, não viu a publicidade da Paramount no Twitter? :O