por Marcelo Seabra
Reunir um grupo de ilusionistas para praticar assaltos é uma premissa tão interessante que já deveria ter sido filmada. Quando se tem um elenco bacana, então, se torna ainda mais atraente conferir o resultado. Filmes que colocam truques de mágica no cerne de sua trama têm por obrigação revelar seus segredos para o público e mostrar que não se trata de enganação, mas de engenhosidade. É aí que separamos, por exemplo, o ótimo O Grande Truque (The Prestige, 2006) do decepcionante O Ilusionista (The Illusionist, 2006). E também é aí que derrapa o novo Truque de Mestre (Now You See Me, 2013), em cartaz nos cinemas brasileiros. Mas as várias outras qualidades tentam equilibrar as coisas.
Com roteiro escrito a seis mãos – Ed Solomon, (de Homens de Preto, 1997), Boaz Yakin (de Príncipe da Pérsia, 2010) e o estreante Edward Ricourt – e um diretor habituado ao gênero ação – Louis Leterrier, de dois Carga Explosiva (2002 e 2005) –, era de se esperar algo mais confuso e descerebrado. No entanto, tudo começa muito bem, com uma fantástica sequência de apresentação de cada um dos quatro mágicos que se tornarão “Os Quatro Cavaleiros”, responsáveis por um show conjunto num cassino de Las Vegas. J. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg, de Para Roma, Com Amor, 2012), Henley Reeves (Isla Fisher, de O Grande Gatsby, 2013), Jack Wilder (Dave Franco, de Anjos da Lei, 2012) e Merritt McKinney (Woody Harrelson, de Jogos Vorazes, 2012) foram reunidos misteriosamente e realizam uma série de apresentações que têm um objetivo desconhecido.
Logo de cara, os Cavaleiros fazem uma mágica, com a ajuda de um espectador, que se mostra realmente um roubo a um banco francês. O agente do FBI Dylan Rhodes (Mark Ruffalo, o Hulk de Os Vingadores, 2012) e a agente da Interpol Alma Dray (Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios, 2009) se unem para tentar prender o grupo, o que fica difícil pela falta de provas. Eles buscam ajuda com o ex-mágico Thaddeus Bradley (Morgan Freeman, de Oblivion, 2013), que se ocupa de revelar os segredos por trás dos truques. Michael Caine (da trilogia Batman) fecha o ótimo elenco principal como o milionário que banca o quarteto. Uma boa escolha para cada papel ajuda muito a colocar o longa no caminho certo, e este é o principal mérito de Truque de Mestre.
À medida que a projeção vai se aproximando do final, as coisas se tornam mais frenéticas e pontos importantes da trama começam a ficar no ar. Muito do plano dos protagonistas depende de mágicas não explicadas e mirabolantes, o que começa a deixar uma pulga atrás da orelha. Tudo estava muito divertido, mas passa a ser inacreditável, o que derruba o pacto que o longa firmou com o público. Explica-se uma coisa aqui para deixar outras três ali sem a menor pista. Este é o tipo de filme que perde força quando se olha para trás, após a sessão, e os furos começam a ficar mais óbvios. Não deixa de ser um bom passatempo, mas não pense muito a respeito.
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