por Marcelo Seabra
Em 1974, Tobe Hooper dirigiu um filme de terror marcante e estamos pagando por isso até hoje. O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013) é tão ruim quanto seu título nacional apelativo indica e pretende ser a sequência direta para o original, apesar de parecer um remake atualizado. Não é bem necessário ter assistido a um para conferir o outro, este tipo de filme é auto-explicativo. A história, claro, é bem simples: grupo de jovens vai arrumar uma desculpa para ser estraçalhado pelo louco de plantão. E o vilão é ninguém menos que o icônico Leatherface, agora em 3D. Não que faça alguma diferença.
Sexo e violência seguem sendo os ingredientes principais dessa subdivisão sangrenta do gênero terror. Mais o segundo que o primeiro, na verdade. Sangue e vísceras não faltam, além da malfadada serra elétrica. A família, agora chamada de Sawyer (ao contrário da refilmagem de 2003, que os chamava de Hewitt), tem hábitos alimentares bem estranhos, e o jovem deficiente mental Jed é o principal entusiasta da caça a seres humanos para o jantar. Anos depois dos habitantes da cidade terem se vingado dos Sawyers, uma garota descobre ter sido adotada e recebe, como herança, uma mansão no meio do mato da cidadezinha do interior do Texas. Aquela com o matadouro ao lado, velha conhecida dos fãs do original.
Massacre 3D usa elementos de outras séries duradouras, como o fato de Leatherface ser um gigante descontrolado com a mente de uma criança, como Jason, e a importância dos laços de família, como Michael Myers. Mas deixa vários buracos no meio, a começar pela protagonista, vivida pela insípida Alexandra Daddario (de Passe Livre, 2011 – acima). Se ela foi adotada e nunca soube de sua história, como a falecida sabia para quem deixar a casa? E se Leatherface vive trancado na casa, quem o alimentou após a morte da avó? Estes são alguns exemplos, além de exageros como uma simples derrapagem que deixa o veículo de rodas para cima e uns arquivos que são convenientemente deixados em uma mesa para que sejam descobertos. E o que há com a blusa de Daddario, que insiste em se abrir – e nunca revela nada?
Sustos fáceis permeiam toda a produção. A baixa qualidade dos diálogos pode ser atribuída à capacidade intelectual dos personagens, um bando de caipiras estereotipados e estúpidos. Ou à falta de criatividade de seus quatro roteiristas, nenhum digno de nota, ou de seu diretor, um tal John Luessenhop (de Ladrões, 2010). Os realizadores de obras vazias como esta parecem acreditar que basta um final impactante para salvar o dia e deixar uma boa impressão. Invariavelmente, eles entregam algo sem sentido, que força a barra e deixa o público com mais raiva ainda. Como curiosidade, temos a participação de atores do clássico, como Gunnar Hansen e Marilyn Burns. Mas isso nem de longe faz valer o ingresso.
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