por Marcelo Seabra
Qualquer filme com Clint Eastwood vai conseguir um bom público, independente do assunto abordado. Ele conquistou essa confiança como ator e diretor com décadas de uma carreira de diversos acertos. Logo, Curvas da Vida (Trouble With the Curve, 2012) já tem elogios reservados desde antes da estreia. Após a sessão, fica a dúvida: por que Eastwood toparia participar de uma obra tão correta, tão convencional, e tão sem vida? O longa é bem amarrado, bem filmado e tudo parece funcionar corretamente. Mas aprendemos a esperar mais audácia dele. E nem precisava ir muito longe, bastava ser menos previsível.
Quem viu O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011) sabe que há um certo embate entre o pessoal da velha guarda, que assiste aos jogos e dá um veredicto, e os mais jovens, que usam tecnologia e estatísticas para definirem novas contratações. Isso fica muito claro aqui, com Matthew Lillard (de Os Descendentes, 2011) como o babaca no computador que não se cansa de repetir que Gus está ultrapassado. Temos ainda o gerente geral, vivido pelo eterno T-1000 Robert Patrick, e está completa a equipe do Atlanta Braves. Na concorrência, aparece Justin Timberlake (de Amizade Colorida, 2011), que faz o possível como o olheiro inexperiente de outro time que acaba acompanhando seu antigo mentor e se apaixona por Mickey.
Não há problemas técnicos em Curvas da Vida que possam fazer alguém se chatear, e os atores estão bem à vontade em cena. O grande problema é o roteiro, do estreante Randy Brown, que cumpre todas as obrigações que um roteirista deve observar, mas fica longe de ser minimamente inovador ou cativante. Depois de 15 minutos de projeção, quando o longa insiste irritantemente em explicar tudo o que está acontecendo com diálogos desnecessários, é possível prever exatamente quais caminhos Brown vai seguir até chegar na açucarada conclusão. Fica a impressão de que se trata de uma comédia romântica que usa Eastwood como chamariz de público, para em seguida deixá-lo de lado. Robert Lorenz, que faz aqui sua estreia na direção, tem bastante experiência como produtor, assistente de direção e diretor de segunda unidade, inclusive em diversas parcerias com Eastwood. A amizade entre eles deve ter garantido essa nova colaboração. Ou o ator apenas estava com vontade de contar uma história simples, bonitinha, que fizesse os espectadores se sentirem bem e irem embora com um sorriso no rosto.
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