por Marcelo Seabra
Em sua vigésima terceira aventura oficial, James Bond está mais afiado do que nunca. Melhor dizendo, Daniel Craig está, porque seu personagem não está em uma maré boa. No novo 007 – Operação Skyfall (Skyfall, 2012), o espião é visto como ultrapassado, está fora de forma e ainda precisa salvar o serviço secreto da Inglaterra de um suposto terrorista. Ao que tudo indica, há algo no passado de M (Judy Dench) que explica os recentes ataques. O longa já está nos cinemas, mobilizando multidões pelo mundo, e é tido como um dos melhores da duradoura franquia.
Seguindo a nova tradição de contratar bons nomes para a direção, Sam Mendes (Oscar em 2000 por Beleza Americana) assume o comando da aventura. É possível ver traços de seu Estrada para Perdição (Road to Perdition, 2002) em certos momentos, e não tem como negar que ele trouxe sua bagagem para enriquecer esta franquia. Com Mendes, chegam profissionais do calibre de Roger Deakins, grande diretor de fotografia que potencializa momentos já esperados pelos aficcionados, como uma certa perseguição sobre um trem. Paisagens belíssimas marcam a produção, que passa rapidamente apesar de seus mais de 140 minutos. Outro colaborador constante do diretor é Thomas Newman, que aqui compõe uma trilha grandiosa, digna de um super-herói, sempre usando elementos da canção clássica de John Barry. Ainda no quesito música, o tema é cantado pela badalada Adele, uma boa música (ao contrário da anterior) em uma apresentação criativa que mantém o padrão da série.
Sempre apontam Sean Connery como o melhor Bond de todos, o que não é muito justo, já que ele foi o primeiro e definiu tudo. Daniel Craig vem mostrando ser um ator de recursos, ele tem expressões variadas e consegue dar a carga dramática necessária para cada cena, fazendo o público se importar com o destino do personagem. Craig é ao mesmo tempo um brutamontes que consegue derrubar vários capangas e um sujeito que demonstra, lá no fundo, ter emoções. Depois de 007 – Cassino Royale (2006), quando se permitiu amar, Bond não parece mais ter sentimentos por mulheres, só as usando enquanto necessário. No entanto, sua relação com M é mais profunda, com algo de maternal. Ambos os personagens têm algumas informações reveladas sobre seus passados, mesmo que sejam apenas migalhas, e o título do filme tem a ver com isso. Para figuras tão secretas e misteriosas, já é alguma coisa em direção a uma profundidade.
Dos três longas com Craig, Skyfall é de longe o que tem mais humor, sempre bem dosado e nada exagerado – longe das palhaçadas de Roger Moore. Não era raro ouvir risos pela sala, mesmo que o longa tenha um tom mais sério e realista, como o que Christopher Nolan fez com Batman. A história não é exatamente original e podemos reconhecer momentos de episódios anteriores, o que acaba funcionando como uma homenagem. Tudo é bem amarrado e funciona, o que realmente importa. O roteiro, novamente escrito pela dupla Neal Purvis e Robert Wade (em seu quinto Bond), teve também a colaboração de John Logan (de A Invenção de Hugo Cabret, 2011), que já foi contratado para escrever a próxima aventura. Não se sabe ainda quem será o diretor, vilão ou intérprete do tema. Craig tem contrato assegurado e, independente de qualquer coisa, podemos sempre ter uma certeza: James Bond retornará.
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Muito bom esse 007, um dos melhores da franquia, se não o melhor
Eu gostei do filme, mas não tive o mesmo feeling dos outros. Senti falta de mais investigação, ou algumas surpresas durante o filme. Foi tudo muito linear.
Fiz uma maratona 007 - Daniel Craig ontem aqui em casa, revi Cassino Royale e Quantum of Solace em sequencia e antes do feriadão acabar devo ver Operação Skyfall. Gosto do Daniel Craig e dessa abordagem digamos mais realista do James Bond. Esse vilão loiro do Javier Barden me remete ao Max Zorin do Christopher Walken (outro que preciso rever). Grande abraço. Parabéns pelo blog.
Opa, obrigado! Volte sempre!