por Marcelo Seabra
Depois do elogiado Enterrado Vivo (Buried, 2010), era inevitável que o diretor Rodrigo Cortés e o roteirista Chris Sparling fossem cercados de expectativa sobre seus próximos trabalhos. Sparling escreveu ATM (ou Armadilha, de 2012) e mostrou que não vai sempre acertar o alvo. Cortés, com o novo Poder Paranormal (Red Lights, 2012), comprova que tem estilo na condução de um filme, mas poderia contar com um bom roteirista. A exemplo de M. Night Shyamalan, ele perde a mão quando a história precisa se resolver e joga para cima tudo de bom que havia criado até então.
Como também acontece em A Colheita do Mal (The Reaping, 2007), O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2011) e O Despertar (Awakening, 2011), os protagonistas aqui são profissionais especializados em revelar fraudes de supostos paranormais. Sempre se constata que há vários impostores nesse “mercado”, dando esperanças e enganando pessoas em situação frágil, de luto ou algo similar. E os filmes sempre enfocam uma possibilidade de que as manifestações do além sejam reais, levando para um clímax em que a verdade aparecerá. Às vezes, de forma satisfatória, como nos casos acima, mas só às vezes.
Sigourney Weaver, a eterna Tenente Ripley, vive a Professora Margaret Matheson, que divide seu tempo entre dar aulas e investigar lugares considerados assombrados e outros fenômenos não explicados. Seu auxiliar, o físico Tom Buckley (Cillian Murphy, o Espantalho da trilogia Batman), a acompanha em ambos os trabalhos dando o suporte necessário e dirigindo o carro nas viagens. Como atrai mais popularidade acreditar no sobrenatural que o contrário, o departamento deles na faculdade não anda bem das pernas, ao contrário da concorrência representada pelo professor de Toby Jones (de Capitão América, 2011).
Para situar o leitor, tomemos para comparação O Ilusionista (The Ilusionist, 2006). Como pode um filme se construir sobre um mistério que em momento algum é explicado? Isso, sim, é uma fraude. No caso de Poder Paranormal, há uma resolução, ela só não é satisfatória, o que dá na mesma. Ou seja: o motivo de o filme existir cai por terra pela fragilidade de suas revelações, que deveriam deixar o espectador no mínimo intrigado, surpreso ou embasbacado. Uma coisa é um filme, em sua simplicidade ou engenho, te enganar e continuar fazendo sentido. Outra, é ele se enfraquecer à medida que se desenvolve. E Cortés faz a boa opção de não apelar para sustos juvenis, mas erra ao enquadrar personagens e situações de que não se tinha mais o que tirar, buscando gerar tensão de nada.
Outra triste constatação que se reafirma é a facilidade com que um ator do porte de Robert De Niro, responsável por excelentes momentos do cinema, vem se unindo a projetos duvidosos e até fadados ao fracasso. Tudo no piloto automático, sem exigir qualquer esforço. Com cinco trabalhos em um mesmo ano e cometendo atrocidades como Noite de Ano Novo, de 2011, dá vontade de ajudar o ator a arrumar mais empregos, porque as contas a pagar devem estar se multiplicando. Desde o início dos anos 2000, tem ficado cada vez mais difícil achar algo de bom ligado a ele, em meio a coisas como Showtime (2002), O Enviado (2004), O Amigo Oculto (2005), Fora de Controle (2008) ou Homens em Fúria (2010) e a saga da família Focker. Com Desafio no Bronx (1993) e O Bom Pastor (2006) no currículo de diretor, ele deveria se dedicar mais à função.
Uma bola fora não é o suficiente para deixar Cortés de lado. Da minha parte, ele continua sendo digno de confiança – OK, Sparling também. Seria uma tentativa de buscar alguma garantia de sucesso repetir a parceria, e é louvável que eles tenham se aventurado a novos rumos. Mas o caminho certo continua enevoado para ambos.
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