por Marcelo Seabra
Um filme cujo vilão chama-se Vilain já deixa claro desde o início que não se leva a sério. Reunir novamente a trupe de Sylvester Stallone, com algumas adições, deveria significar diversão para os atores e para o público, além de ser a oportunidade de levantar umas carreiras quase enterradas. O resultado é quase isso: o problema é que a equipe de Os Mercenários 2 (The Expendables 2, 2012) se esqueceu de providenciar um roteiro minimamente decente. O filme depende do carisma de seus intérpretes e da nostalgia dos espectadores para ter algum sucesso.
Desta vez, Stallone deixa a direção nas mãos de Simon West e assina o roteiro ao lado de Richard Wenk, reunindo os responsáveis por Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 2011), longa também estrelado por Jason Statham, o nº 2 do time de mercenários “do bem”. Chamar de roteiro é superestimar o fiapo condutor da trama, que repete exatamente o que vimos no anterior: uma missão do grupo de Barney Ross (Stallone) acaba levando-os a um vilarejo que precisa de heróis para libertá-los da tirania que impera. Agora, eles têm uma motivação adicional, vingança. E não contam com o amigo Tool, já que Mickey Rourke declinou o convite para voltar. Tool tinha um papel importante no planejamento inicial e muitos veículos não atualizaram suas informações, mantendo o ator no elenco.
Os pesos sobre os personagens continuam praticamente os mesmos da primeira parte. Terry Crews e Randy Couture, por exemplo, servem apenas para confrontos físicos periféricos. Dolph Lundgren novamente se destaca e agora brinca com o fato de ser realmente formado em Engenharia Química e ter recebido uma bolsa de estudos. A mocinha da vez não fica só gritando e sendo seqüestrada, já que a chinesa Nan Yu não repete o tipo indefeso de Giselle Itié. Liam Hemsworth (de Jogos Vorazes, 2012) é o membro jovem do elenco de matadores, ele está no momento de decidir o que quer da vida e vai dando uns tiros enquanto isso. Com pequenas variações e compensações entre as duas partes, dá tudo na mesma. Os corpos empilham, o sangue esguicha e a violência é tão exagerada que vira comédia. As balas que voam só não atingem os heróis, claro. E é estranho chamar aqueles sujeitos de heróis, sendo os psicopatas que são.
Os marmanjos que acompanhavam os lançamentos da década de 80 vão sair da sessão de Os Mercenários 2 felizes da vida. É curioso e previsível o fato de que havia apenas uma mulher na sessão à qual compareci, e poucos jovens. A maioria estava na casa dos trinta ou passando, o que comprova que só o público alvo está sendo atingido. Como alguns já definiram, trata-se do “melhor filme ruim do ano”, e a curiosidade de ver essa turma reunida vai levantar uma boa grana, apesar de buracos como ter uma viagem de ida de sete horas de distância e a mesma viagem, na volta, levar alguns minutos. Para o caso de haver outra sequência, já deixo a minha sugestão para vilão: Steven Seagal. Como o roteiro não parece mesmo ser uma preocupação, basta tirar umas ideias do horroroso Machete (2010). Enquanto isso, a versão feminina dos Mercenários segue em estágios iniciais de produção.
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É engraçado constatar que ao longo das críticas sobre este filme certas expressões permanecem sem alteração, como a dizer que apenas pessoas que cresceram assistindo aos filmes dos astros que preenchem a tela vão entender e apreciar as piadas e as situações mostradas; que, definitivamente, este não é um 'chick flick', está mais para um 'man flick', em que a testosterona impera sem sobrar espaço para sentimentalismos baratos (Stallone meio que força a mão em certas cenas do filme, mas sem comprometer); e que o roteiro e as atuações devidamente caricatas são o que menos importam em filmes como este. Argumentos válidos, sim, mas o que me fez ir ao cinema e ter de aguentar uma cambada de adolescentes vibrando com as apariçoes-relâmpago de Chuck Norris ou as tiradas de Lundgren-Couture-Crews ou o extermínio perpetrado pelo trio Stallone-Willis-Schwarzenegger foi o fator diversão, aliado a outro fator mais conhecido como nostalgia. Em uma época em que atores mais conhecidos por seus papéis dramáticos (e que nem de longe poderiam ser reconhecidos como figuras de ação como o é o elenco de Os Mercenários, ambos os filmes), como Matt Damon e Liam Neeson, despontam em produções lucrativas e que mostram um apuro técnico maior no desenvolvimento das cenas de ação, falta ao público um autêntico herói de filmes de ação que ocupe este lugar já marcado pelo trio principal citado. No mais, parece que este é o canto dos cisnes dos velhos astros de ação, então, que venha a terceira parte para destruir os cinemas do mundo afora.
Tem razão, Luiz. As novas gerações não têm um ícone como nós tivemos, daí a nostalgia e o sucesso de Os Mercenários.
Abraço!