O Cavaleiro das Trevas está perto de ressurgir!

por Marcelo Seabra

Como se fosse ontem, lembro-me de quando foi anunciado oficialmente que Christian Bale havia sido contratado para viver a nova versão do meu herói favorito, Batman – notícia divulgada pelo Cinema em Cena imediatamente. Dentre os candidatos mencionados anteriormente, Bale era facilmente o favorito dos fãs do Homem-Morcego, que já estavam ansiosos pela escolha. Na lista, havia o atual Superman, Henry Cavill, além de Cillian Murphy (que ficou sendo o Espantalho), Josh Hartnett, Eion Bailey, Billy Crudup, Joshua Jackson e Jake Gyllenhaal, entre outros. Depois de trabalhos como Psicopata Americano (2000), Shaft (2000) e Equilibrium (2002), não tinha para ninguém. Chegaram a confundir imagens do “psicopata americano” Patrick Bateman com Bruce Wayne, já que os personagens dividem algumas similaridades, além do intérprete.

David Goyer, o roteirista, apesar de fã de quadrinhos, já mostrou que consegue errar a mão quando fica por conta própria (Blade e o Motoqueiro Fantasma que o digam). Aí, entra o diretor e também roteirista Christopher Nolan, que conduz o projeto de acordo com sua própria visão, bebendo em várias fontes (como o Superman de 1978 e Blade Runner) para criar algo novo, colocando os pés na realidade o máximo possível. Muitos apontam o desenho Batman: A Série Animada como influência, o que daria crédito ao premiado Bruce Timm, além do óbvio Tim Burton. O que realmente importa é que Nolan (e seu irmão Jonathan, co-roteirista) entendeu os conceitos ligados ao herói, mexeu pouco onde foi preciso e manteve todo o resto da mitologia.

Batman Begins (2005) chegou cercado de expectativas, e o resultado não poderia ter sido melhor. Nolan traçou um parâmetro altíssimo para tentar superar no filme seguinte. As origens de Batman foram bem fundamentadas ao dar várias dimensões a Bruce Wayne, esse sujeito atormentado que parece incapaz de ser feliz enquanto houver injustiça em sua cidade natal. Os vilões, bem escolhidos, entram bem na história, não sendo apenas uma distração, ou um problema a ser resolvido. O elenco fantástico também ajudou muito, com gente como Morgan Freeman, Gary Oldman, Michael Caine e Liam Neeson, e não houve nenhuma peça fora do lugar.

Eis que chegamos a 2008 e os fãs de Batman ganham outro presente: O Cavaleiro das Trevas. Parecia ser impossível: 1- bater o primeiro em qualidade; 2 – recriar o Coringa, figura icônica vivida pelo monstro Jack Nicholson em 1989. Pois Heath Ledger ganhou um Oscar (póstumo, infelizmente) praticamente por aclamação popular pelo papel, um feito considerável para uma adaptação de quadrinhos. Uma análise mais completa pode ser lida aqui, mas a moral da história é que Nolan está sempre se superando – isso, para não falar de suas outras obras fora do universo do herói.

Agora, é chegado o momento de conferir a conclusão da trilogia de Nolan e cia. Tudo, em Hollywood, parece se resolver como uma trilogia. Devem ter julgado esse tempo suficiente para o desenvolvimento de uma boa história. Há, também, o risco de pisar na bola e chamuscar o que foi feito antes (como Homem-Aranha 3, de 2007), Pensando na carreira que Nolan vem construindo e na recepção que O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) tem tido onde é exibido, só podemos esperar outra obra de arte.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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