por Marcelo Seabra
Assim como o Coringa de Heath Ledger, a Mavis Gary de Charlize Theron é uma força da natureza. Não há muito o que explicar, ou não é preciso. Ela era a rainha do baile, a menina linda e popular que pisava em quem era “normal”, algo inadmissível para ela. Normalmente, esse tipo de personagem é a vilã de filmes com adolescentes, como em Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004). No caso de Jovens Adultos (Young Adult, 2011), ela é a protagonista, e você não tem necessariamente que gostar dela.
Para os habitantes da pequena Mercury, em Minnesota, Mavis é das filhas mais bem sucedidas, uma que foi para a capital e “venceu” na vida. Na verdade, ela anda tão sem rumo que praticamente pira ao receber um e-mail de um ex-namorado dos tempos de colégio anunciando o nascimento do primeiro filho. Buddy (Patrick Wilson, de Watchmen, 2009) é o típico sujeito legal, se adaptando à nova condição de pai, e Mavis se convence que eles deveriam ter sido felizes para sempre. E acha que não é tarde demais para correr atrás.
Charlize Theron, que já tinha modificado bastante sua aparência em Monster (2003), que acabou lhe valendo o Oscar, agora exibe uma personalidade feia, por assim dizer. Totalmente sem noção, ela se convence de verdades que só ela vê e pretende atropelar
Os três atores que compõem o centro do longa acertam primorosamente na composição de seus personagens. Todos poderiam ter errado feio, começando pela principal: seria fácil para Charlize fazer uma mulher irreal, exagerada, uma caricatura detestável. Wilson faz o cara bacana, que era o atleta do colégio, que todos admiravam, e consegue evitar o estereótipo do certinho, mostrando um homem bom, mas passível de erros. E Oswalt, se fosse menos competente, teria sido o gordinho chato de plantão, o que evita ao dar mais profundidade a Matt, é de fato alguém com sentimentos, que mescla bondade com ressentimento.
Jovens Adultos marca a nova colaboração entre o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody, incensados em 2007 por Juno, aquele filme engraçadinho sobre a menina verborrágica que fica grávida e é obrigada a amadurecer rápido. Ao contrário de Juno, Mavis não amadurece, parece manter a mesma cabecinha que tinha quando adolescente. Dizer que ela é uma jovem adulta é um belo eufemismo para justificar sua imaturidade, um título muito adequado, com bastante sarcasmo. Afinal, o tipo de humor da obra é bem sombrio: parece que os autores querem rir das figuras características de sua terra, como a “prom queen”, a rainha do baile de formatura. Os americanos não parecem ter gostado da piada, já que a bilheteria não foi bem sucedida, mas os brasileiros poderão se deliciar. Pena que, ao menos em BH, apenas em uma sala.
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Esse filme chega despretensioso e mesmo desprestigiado, mas é muito melhor que alguns dos considerados "melhores do ano" de 2011.
É um filme ótimo. Adorei o personagem de Mavis, uma mulher pretensiosa , pois acha possível resgatar um amor de juventude, que não consegue enxergar que acabou.Imagino quantas Mavis existem por si. Filme excelente!