por Marcelo Seabra
Alguns filmes parecem ter sido feitos para arrancar lágrimas da platéia. Juntando o diretor Stephen Daldry, o roteirista Eric Roth e os astros Tom Hanks e Sandra Bullock, um outro objetivo se revela: ganhar Oscars. Alguma coisa deu errado no meio do caminho e Tão Forte e Tão Perto deu muito errado. Daldry, indicado três vezes (por Billy Elliot, As Horas e O Leitor), resolveu adaptar o livro de Jonathan Safran Foer (autor do também filmado Uma Vida Iluminada), com roteiro de Roth (vencedor por Forrest Gump e indicado por O Informante, Munique e O Curioso Caso de Benjamin Button), e o resultado é sacarose pura.
Um garoto (o novato Thomas Horn) perde o pai (Hanks), a quem era muito próximo, e tem que se adaptar a viver só com mãe (Bullock). O relacionamento entre os dois não é muito fácil e o menino prefere conversar com a avó (a vencedora de quatro prêmios Tony Zoe Caldwell), que mora no prédio ao lado. Ao encontrar uma chave nos pertences do pai, ele decide entrar em uma jornada para descobrir para que ela serve, acreditando ser aquela a última “missão” (depois de muitas outras) que o pai havia deixado. Aparece, então, um idoso desconhecido (Max Von Sydow, o Padre Merrin de O Exorcista) que se junta à busca.
A identidade do idoso é óbvia desde o primeiro momento, sua função na trama é uma incógnita e muita coisa fica sem encaixar. A resolução do caso é insípida e já não importa mais, contanto que as relações em torno do menino se resolvam. Tudo é muito pré-fabricado, calculado milimetricamente para que as lágrimas rolem, e os mais de 120 minutos de projeção custam a passar.
Bennett Miller não dirigia nada desde 2005, quando foi indicado ao Oscar por Capote – e Philip Seymour Hoffman foi consagrado o melhor ator. Ele convocou o amigo novamente, agora como coadjuvante, e escalou Brad Pitt como o protagonista Billy Beane, o gerente do Oakland A. No Brasil, seria um provável ocupante de estantes em locadoras, mas as indicações e a presença de Pitt conseguiram garantir a ele um lugar entre os muitos filmes em cartaz.
Beane inovou ao buscar um bom resultado apostando em talentos individuais. Alguns jogadores eram mal vistos por determinadas falhas, mas tinham outras boas características que passavam despercebidas. O beisebol é diferente de esportes em que o jogador se vê em várias posições no mesmo jogo, tendo que desempenhar vários papéis. Basta você colocar o sujeito para rebater, por exemplo, e depois tirá-lo. Logo, se ele não é um profissional completo, não há problema – e você ainda paga menos pelo passe.
Brad Pitt parece não estar lá, Beane tem sempre cara de quem está preocupado com outra coisa qualquer, ou com coisa alguma. E dizer que Jonah Hill está muito bem apenas por evitar as caras e bocas e exageros que marcaram seus trabalhos até hoje é um equívoco. Imagino que assistir a O Homem que Mudou o Jogo deva suscitar as mesmas emoções que uma partida de beisebol. Tem momentos interessantes, mas a maior parte não atrai muito e, quando termina, você desliga a televisão e vai cuidar da vida sem nem lembrar o que estava fazendo antes.
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Discordo que Histórias Cruzadas seja dispensável, o filme é excelente e as interpretações maravilhosas...