por Marcelo Seabra
Andar por locadoras é sempre uma experiência interessante. Nestas buscas descompromissadas, pode-se descobrir muitas pérolas escondidas, aquelas que chegam direto em DVD e que você nem sabia que existiam. Ver um longa que, apesar de totalmente desconhecido, tem um grande elenco e uma boa premissa policial, dá um certo ânimo. Se tiver um certo Al Pacino como coadjuvante, é aluguel na certa. Pena que, nos últimos anos, Pacino não tenha sido garantia de filmes bons. E é exatamente o caso de Anti-Heróis (The Son of No One, 2011).
Anti-Heróis é mais um caso de título nacional infeliz. Bandidos e anti-heróis são figuras totalmente diferentes, e o título original, algo como “Filho de Ninguém”, chega a ser explicado ao longo da exibição. O coitado em questão é o policial Jonathan White (Channing Tatum, de G.I. Joe, 2009), que equilibra o bom trabalho na corporação e a vida familiar, com uma esposa não muito compreensiva (Katie Holmes, de Não Tenha Medo do Escuro, 2011) e uma filha que tem uma doença que em momento algum é decentemente explicada, e acaba não servindo à trama de forma alguma.
O policial White é assombrado por um fato do passado e o acontecido volta a bater na porta quando uma jornalista (a desperdiçada Juliette Binoche, de Cópia Fiel, 2010) começa a publicar cartas que recebe de autor anônimo. Cabe a White descobrir quem envia as cartas e, em meio a essa investigação, acertar as contas com a sua infância, quando era apenas
Esse tal problema, que não ficará enterrado como deveria, começa a ser revisitado via flashbacks a 1986. Quanto mais descobrimos, pior o filme fica. Tudo é muito mal explicado, apressado, apresentando personagens vazios, criados para um propósito específico e, por isso, descartáveis. Sem falar que é tudo muito previsível e o final é algo sem explicação, de tão non sense.
O diretor Dito Montiel recebeu vários elogios por sua estreia, o autobiográfico Santos e Demônios (A Guide to Recognizing Your Saints, 2006), e seguiu com o insosso Veia de Lutador (Fighting, de 2009), figurinha fácil na TV a cabo. Sempre falando do universo de Nova York, onde nasceu e cresceu, ele pela terceira vez convocou Tatum para estrelar uma produção sua – o que é um mistério, já que o ator não atua (e aquele bigode não ajuda em nada) e até hoje não mostrou a que veio.
Pelo barulho causado anteriormente, Montiel tem facilidade de conseguir bons atores. Tendo escrito (baseado em seu livro) e dirigido Anti-Heróis, ele mostra que ainda precisa acertar o seu rumo, e a escolha da obra para o fechamento do último Festival de Sundance se mostrou um fiasco. É louvável a vontade de um artista de se renovar, de arriscar lidar com histórias diferentes. Mas, se não acertar novamente, Montiel vai acabar trabalhando com Steven Seagal no mercado direto para DVD.
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Olá Marcelo,
Não sou propriamente um saudosista, mas que roteiros comos os de Mario Puzo, F. F. Coppola, além de Woody Allen fazem falta nos dias de hoje, é algo que evidente. Tanto é que todas as vezes que Woody lança um filme faz se alvoroço e comparações com os anteriores. O interessante no caso citado (relação de bom filme versus atores) é que não existe regra, existem filmes ruins que são salvos por boas atuações (ex:O Turista), e roteiro bom com atuações péssimas (ex: If Only). Para mim, isto é maioria, a exceção são boas atuações com bons roteiros, isso é sucesso, raro em nossos dias.Há um filme que vi recentemente numa mostra de cinema em São Paulo , creio eu ser ele franco-argelino, que se chama Dunia - Beije-me os olhos não a boca que também é um exemplo de bom roteiro com péssimas atuações.
Tem razão, Denis. Infelizmente, tem ficado cada vez mais raro achar um filme com bom roteiro e atuações. Quando um funciona, o outro não ajuda.
Abraço!