por Marcelo Seabra
Um dos principais vencedores no Festival de Paulínia e também prestigiado em outros eventos, O Palhaço (2011) já está em cartaz há algum tempo. Apesar de ter me interessado desde o primeiro momento, só agora consegui dar uma escapulida e conferir. Talvez pelo tempo que levou até que eu conseguisse ir, minha expectativa foi aumentando. E o resultado foi um pouco decepcionante, mesmo se tratando de um belo filme.
Selton Mello, protagonista, diretor, montador e roteirista (ao lado de Marcelo Vindicatto) de O Palhaço mostra bastante segurança no comando de um longa. Depois do pesado Feliz Natal (2008), também premiado em Paulínia, Selton optou por uma história mais leve, apesar de melancólica. O apuro técnico é invejável, com fotografia, som e figurino impecáveis. O cinema brasileiro deve se orgulhar de ter obras chegando a este patamar, fugindo daquele estigma mambembe que o marcava há uns anos.
Logo de cara, a nada original imagem do palhaço triste, com a alegria de fachada proporcionada pela maquiagem, mostra que há algo errado com Benjamim. Apesar de fazer todos rirem, ele mesmo não consegue ficar feliz. Ao contrário do resto de sua família circense, ele não se vê satisfeito, com um inconformismo que não consegue explicar. Por precisar se encontrar, ele acaba deixando o grupo e seguindo um caminho solo. Parece que a piada de Watchmen (2009) sobre o grande Pagliacci deu origem a um longa.
Como ator, Selton continua sendo Selton. Aquela mesma fala arrastada, os mesmos trejeitos. Ele escolhe bem seus papéis, isso não se pode negar. São poucas as vezes em que vemos o ator deslocado, fora de ambiente. Mas, até como garoto-propaganda de empresas de telefonia, ele soa igual. Talvez, venha se mostrando superior atrás das câmeras. Ele parece ser bem detalhista, e chega a ser descrito pelo experiente Paulo José como teimoso e determinado, em entrevista ao site Pílula Pop. “Selton é uma fera. Ele finge de bonzinho, mas por dentro isso é um bicho”, completa Paulo.
Além de várias pessoas que, de uma forma ou de outra, participaram de sua história, e de sua cidade natal, Selton quis prestar um tributo à classe circense, ou artística, em geral. Com um roteiro que mais serve como desculpa, ele cumpre seu papel. Em pouco mais de 80 minutos, O Palhaço te deixa com aquela sensação boa que dava ao ler um conto da série Para Gostar de Ler. Bonitinho, curto e raso.
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Marcelo, parabéns pelo blog, pode ter certeza q conquistou um novo leitor.
Sobre "O Palhaço", concordo plenamente com suas exposições sobre o filme, e deixo um adendo com minhas observações:
Na minha opinião, achei a história mediana, e como vc disse, o roteiro simplório, mas a soma desse roteiro simples com todo o conjunto que compoe o filme, torna uma obra maravilhosa. A fotografia desse filme é uma das grandes responsáveis para transmitir o feeling da história, e concerteza ter filmado em 35mm e nao em digital ajudou muito nesse sentindo. Outros pontos do conjunto q merecem ser citados são a trilha sonora, as ilustrações do Conrado Almada e o casting, q apesar de eu nao ter gostado de algumas atuações (diga-se expontaneidade na fala) de alguns personagens da trupe, as caracteristicas fisicas deles atuam por si só. E como vc citou, o Selton Mello foi bem detalhista, isso se pode ver no trabalho das cores, como por exemplo a lona monocromática do Circo Esperança.
Bom, essa foi minha opinião sobre p filme, me corrijam se eu estiver errado. E novamente Marcelo, parabens pelo trabalho no blo.
Abraço.
Diego, agradeço os cumprimentos e os comentários. Realmente, a parte técnica é impecável. Acredito que o resultado é recebido de formas diferentes, e a maior parte das críticas tem sido bem positiva. Não buscava levantar polêmicas, mas eu realmente não fiquei muito animado. Seus argumentos são pertinentes, e isso é importante: sustentar a opinião.
Volte sempre!
Abraço!
Ainda não vi este filme, Marcelo, mas as críticas que li sobre ele dizem que vale a pena.
E, pra mim, o filme da vida de Selton Melo é com certeza o sufocante O Cheiro do Ralo.
Valeu.