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Documentários falsos vão pro espaço com Apollo 18

por Marcelo Seabra

Pronto! Agora, a moda dos falsos documentários de terror foi para o espaço. Com Apollo 18 (2011), acredito que tudo que era possível já foi feito e só nos resta torcer para que fique por aí. Alguns bons filmes se originaram desse “movimento”, como aquele que é tido como o pioneiro: A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999). Os mais recentes provam que a fórmula já está gasta, como A Casa (La Casa Muda, 2010) e o próprio Apollo 18.

Para quem gosta de teorias conspiratórias, é um prato cheio discutir se o homem realmente pisou na lua. Os realizadores deste longa foram um pouco mais longe na paranóia: e se a última missão tivesse sido excluída dos autos e mantida em segredo nessas décadas todas? Qual poderia ser a causa? Um fracasso retumbante seria uma possível explicação para o fim do programa Apollo e dos passeios dos americanos na lua.

O espanhol Gonzalo López-Gallego faz a sua estreia em uma produção norte-americana com a chancela do produtor soviético Timur Bekmambetov, que dirigiu O Procurado (Wanted, 2008) e produziu a animação 9 – A Salvação (2009), entre outros. Bekmambetov acha que já chegou ao nível de um Quentin Tarantino, que basta colocar seu nome no cartaz que o filme logo vira um sucesso. Se nem com Tarantino isso tem acontecido, imagina com ele.

As imagens, que supostamente foram resgatadas de material da NASA, foram editadas de forma a explicar o que houve com os três últimos envolvidos na missão derradeira do programa Apollo. Há diversos sites que afirmam que não só existiu a missão 18, mas também a 19 e a 20. É bem fácil encontrar a entrevista com William Rutledge, o suposto comandante da Apollo 20, que teria ido à lua em agosto de 1976, numa parceria entre EUA e União Soviética.

Ele afirma categoricamente que teve contato com a nave e o cadáver de um alienígena. Recentemente, foi necessário que porta-vozes da NASA fossem a público afirmar que tudo isso não passa de ficção. Até o produtor Bob Weinstein, da Dimension Films, aproveitou para fazer um marketing e jura que eles apenas encontram as imagens, confirmando a veracidade do material. Tão real que, em algumas cenas, os astronautas caminham na lua como quem está ali na esquina, sem nem flutuar um pouco.

No filme, três astronautas americanos saem em missão secreta para montarem um sistema de espionagem contra os russos. Nem suas famílias sabiam o que se passava, já que estavam no auge da Guerra Fria e o medo do comunismo dominava. Com um piloto em órbita e dois ocupantes na nave, eles seguem para a lua, e devem voltar em quatro dias. Mas estranhos eventos começam a ocorrer e logo fica claro que não será nada fácil voltar para casa.

Como acontece em filmes desse tipo, de “filmagens encontradas”, os personagens constantemente reafirmam que é muito importante documentar tudo, dando assim a desculpa para registrar os fatos e não deixar o público boiando. Outros clichês se repetem, como as imagens pobres e confusas captadas à noite, enquanto todos dormem, o que nos impede de tirarmos conclusões e deixa os personagens no escuro – literalmente. Em certos momentos, como acontece em O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010), fica a dúvida: quem segurava esta outra câmera, já que há cortes e outras perspectivas? As coisas ficam meio confusas.

No fim das contas, Apollo 18 não passa de uma tentativa de golpe publicitário, que resultou em um filme previsível e cansativo que ainda deixa brecha para possíveis continuações. Mesmo sem brechas, essas continuações são inevitáveis. Basta o faturamento ser bom, como foi o caso de REC (2007) e Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007). Espere por Apollo 19, Apollo 20 etc. A mesma história, pessoas diferentes, mais dinheiro em caixa.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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