por Marcelo Seabra
Se fosse para escolher entre os dois filmes, a vaga certamente seria de Amor a Toda Prova. Não sei qual foi o critério adotado, mas trata-se de uma comédia bem mais divertida, inteligente e interessante que Larry Crowne. A temática deles tem suas similaridades, já que ambos acompanham homens de meia-idade separados se recuperando de um baque. Os elencos são competentes e fazem o possível com os roteiros. No caso de Crowne, não se chega muito longe.
A ideia do “feel good movie of the year” (ou filme para se sentir bem) é a melhor definição para este filme, que nunca consegue sair do morno. Não empolga ver um cara bonzinho, cercado por pessoas boazinhas, que está destinado a um futuro bom. Não há conflitos, não há nem dúvida quanto ao que vai acontecer, já que o cartaz e o subtítulo idiota tratam de adiantar tudo. E nem precisava. Há alguns bons momentos, mas nada que justifique uma sessão inteira de cinema.
A roteirista Nia Vardalos, que conhece o casal Hanks-Rita Wilson desde os tempos de Casamento Grego (My Big Fat Greek Wedding, 2002), não conseguiu emplacar mais nada desde seu grande sucesso e, em dupla com Hanks, não é melhor sucedida. Os atores fazem o que podem e Julia Roberts está mais bonita do que de costume. Os vizinhos que vendem tudo no passeio de casa não acrescentam nada, a turma de motoqueiros “do bem” não é relevante e o professor vivido por George Takei (o Sr. Sulu da série original de Star Trek) não chega a participar o tanto que merecia. Os pequenos papéis de Bryan Cranston, da premiada série Breaking Bad, Wilmer Valderrama, o Fez de That 70’s Show, e Pam Grier, que teve sua carreira revivida com Jackie Brown (1997), passam pela tela sem dizer muito.
No dia seguinte, pude assistir a Amor a Toda Prova, outro título nacional infeliz. Mas é uma surpresa grata ver o time liderado por Steve Carell (mais lembrado como o chefe de The Office – acima, com Gosling) contar uma história inteligente e engraçada que ainda consegue ser sensível e manter o bom nível, ao contrário de outras comédias por aí. Entre os nomes principais, temos Ryan Gosling, Julianne Moore, Emma Stone, Marisa Tomei e Kevin Bacon, todos impecáveis, além de uma ponta do cantor Josh Groban. E o jovem Jonah Bobo (da série The Backyardigans) rouba a cena frequentemente como o filho adolescente de Carell e Julianne.
A história começa com o casal jantando e, ao pedir a sobremesa, o personagem de Carell é surpreendido por um pedido de divórcio. Entre situações engraçadas e outras tristes, o filme se mantém plausível, quase nunca exagerando em suas coincidências. Cal Weaver, o recém-separado pai de família, não tem ideia de como é entrar em um bar e paquerar uma estranha atraente. Para dar uma mão, o conquistador vivido por Gosling se oferece para ensinar alguns truques e levantar a vida amorosa de Cal.
A dupla de diretores, Glenn Ficarra e John Requa, já havia conduzido a igualmente sombria e incomum comédia O Golpista do Ano (I Love You, Philip Morris, 2009), que merecia ter tido um pouco mais de destaque. E o roteirista Dan Fogelman escreveu também as animações Carros 1 e 2 e Bolt – Supercão, entre outros. Dá a impressão que ele resolveu partir para um humor mais adulto, sem que isso signifique distribuição de escatologia e preconceitos. E acertou bastante, criando uma comédia romântica (sim, é) bem diferente das demais, aquelas que não costumam valer um grão do sal da pipoca. Como deve ser o caso, por exemplo, do próximo trabalho da atriz Kate Hudson (de Como Perder um Homem em 10 Dias, 2003), o já anunciado Pronta para Amar (A Little Bit of Heaven, 2011). Desse, passarei longe.
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