Bobinhos e bonitinhos, os Smurfs chegam aos cinemas

por Kelly Mayrink e Marcelo Seabra

Por incrível que pareça, eu fiquei animada quando soube que os Smurfs chegariam ao cinema. O desenho era divertido e embalou minha infância. Por isso, rumei feliz da vida para a pré-estreia, em plena manhã de sábado, de Os Smurfs (2011). Convenhamos, não é nenhuma obra de arte, mas fica dentro do esperado. Um filme meio infantil, com algumas tiradas engraçadas e um roteiro repetitivo. Mas os bichinhos azuis e o protagonista, Neil Patrick Harris, fazem o resultado ficar acima da média.

A história, a exemplo de Encantada (Enchanted, 2007), deslancha quando os Smurfs, fugindo do malvado Gargamel (Hank Azaria), entram por um caminho errado e saem na cidade grande, nada mais que Nova York. Lá, encontram o publicitário vivido por Harris e viram a vida dele do avesso. O principal Smurf do filme é o Desastrado, que ganha bastante atenção em sua jornada para provar o seu valor – que não é apenas acidentalmente destruir tudo. A voz é de Anton Yelchin, que fez Star Trek (2009) e, mais recentemente, Um Novo Despertar (The Beaver, 2011).

Entre os humanos, o destaque é o já citado e onipresente Neil Patrick Harris, que apresentou eventos da TV e da música americanas e estrela a série How I Met Your Mother desde 2005. Ele mantém a peteca no ar, enquanto sua esposa, vivida por Jayma Mays (da série Glee), se contenta em ficar fazendo caras e bocas e arregalar os olhos, sem acrescentar nada. Hank Azaria (ao lado), comediante e dublador de mão cheia (como vemos em Os Simpsons e nos dois Uma Noite no Museu), está bem exagerado com seu Gargamel, o que pode ter sido sua opção, já que trata-se de um vilão caricato de desenho animado. Sua maquiagem complementa o show de horrores. Há ainda a colombiana Sofia Vergara (da série Modern Family), cujo talento é ser bonita.

Papai Smurf está lá, assim como a Smurfette, que tem a voz da cantora Katy Perry. O elenco original de dubladores conta ainda com os comediantes George Lopez (Idas e Vindas do Amor, 2010), Kenan Thompson e Fred Armisen, ambos do programa Saturday Night Live, Paul Reubens (do célebre personagem Pee Wee Herman), Jonathan Winters (da clássica comédia Deu a Louca no Mundo, de 1963) e Alan Cumming (o Noturno de X-Men 2, 2003), que vive um smurf com sotaque escocês. Pena que no Brasil seja impossível ver determinados filmes com o som original, já que alguém decide que só crianças se interessarão.

Os Smurfs foram criados pelo cartunista belga Pierre “Peyo” Culliford e as tirinhas foram lançadas em 1958. Nos anos 80, foram um grande sucesso nas manhãs da criançada, ganhando espaço em diversos produtos. Diz a lenda que o nome surgiu quando Peyo conversava com um amigo e, na falta da palavra “sal”, ele pediu que o outro passasse o schtroumpf. Eles passaram o resto do dia usando essa palavra, que funcionava como curinga e acabou traduzida, no alemão e no inglês, para smurf. Por isso, no vocabulário dos azulzinhos, tudo é smurf, termo que serve como adjetivo, substantivo, interjeição…

Como mencionado acima, algumas tiradas são bem engraçadas e vão divertir mais os pais que os pimpolhos, que se prenderão mais aos efeitos, às criaturinhas e às outras distrações. Valem menção às piadas com o Blue Men Group, que não poderiam faltar, já que tudo no filme envolve a cor azul, e o Google, usado em um marketing sensacional. O 3D também teve um uso interessante (ao contrário do Capitão América comentado no post anterior), fazendo as criaturas saltarem da tela – dá até a impressão que algumas delas vêm dos lados.

O diretor Raja Gosnell, que cometeu crimes como Vovó… Zona (Big Momma’s House, 2000) e Perdido pra Cachorro (Beverly Hills Chihuahua, 2008), já havia trabalhado em com outro desenho animado nos igualmente bobos filmes de Scooby Doo (2002 e 2004). Nem com quatro roteiristas, ele conseguiu fazer algo mais original. Mas foi o suficiente para um passatempo despretensioso e inofensivo.

Neil Patrick Harris e seus amiguinhos azuis

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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