por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Com a chegada do fim da primeira temporada de Game of Thrones (2011) nos EUA, a pergunta que nos fazemos é: valeu a pena a expectativa e o barulho criados em torno da série? Ainda que com algumas ressalvas, a resposta é um sonoro SIM!
Como já foi dito exaustivamente, desde que produziu séries como Os Sopranos (1999 – 2007) e Roma (2005 – 2007), a HBO estabeleceu um padrão de qualidade indiscutível. Há diferenças significativas entre os supracitados e Game of Thrones, é óbvio. Os Sopranos, por exemplo, é uma série mais calcada na realidade, ainda que se valha bastante da suspensão de descrença para funcionar, enquanto que Game of Thrones é pura fantasia. Mas a principal é o fato de que, enquanto as primeiras foram criadas praticamente do zero – Roma teve fatos históricos como base, mas quase tudo na série veio da cabeça do produtor Bruno Heller – a série de George R. R. Martin já tinha um bom séquito de fãs leais desde que o primeiro livro chegou às lojas estadunidenses no fim do século passado. E isso traz uma carga de responsabilidade maior a seus produtores. Afinal, eles não podem se preocupar apenas em agradar aos neófitos, mas, também, aos especialistas no material.
Depois de anos estragando toda e qualquer adaptação, especialmente de quadrinhos, Hollywood descobriu que respeitar a fonte e agradar aos fãs do material original é um bom negócio. A HBO aprendeu bem a lição, tanto que contratou Martin para ser um dos produtores executivos da série. Isso acabou se tornando um trunfo na mão da emissora, que soube equilibrar bem o que sairia do livro para a tela e o que seria deixado de lado.
Claro que bastante coisa que é explorada em detalhes no livro foi mencionada apenas de
Outro trunfo de Game of Thrones é o elenco. A presença de atores experientes como Sean Bean, Mark Addy e o excelente Peter Dinklage deu sustentação e crédito à maior parte de novatos do elenco. Destaque aí para Emilia Clarke e Kit Harington (respectivamente Daenerys Targaryen e Jon Snow). Sean Bean, aliás, é um destaque à parte: o ator tem em seu currículo uma série incontável de papéis em produções históricas. O Boromir de O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, 2001 – 2003) e o general Sharpe, da série de filmes britânicos para a TV baseados nos livros de Bernard Cornwell, talvez sejam os mais relevantes.
Depois de tudo isso dito acima, fica parecendo que Game of Thrones não tem equívocos. Claro que tem. Mas, felizmente, a maioria deles, como também dito acima, fica aparente apenas para aqueles que leram os livros e sentem que algumas sequências são muito rápidas ou superficiais na telinha. Um outro problema, e esse é o mesmo que senti em Roma, é o fato de a HBO não produzir as batalhas campais descritas no livro. Na série, temos a preparação para a batalha e logo já vemos seu resultado. As lutas, quando aparecem, são menores e de rápida duração.
Em Game of Thrones, isso incomoda um pouco, pelo fato de Martin não ter se esmerado em roteirizar as lutas que ocorrem, especialmente aquela em que Robb Stark captura o Regicida. Por outro lado, a HBO manteve todo o conteúdo que poderia ser considerado polêmico na série, como o incesto entre os irmãos Lannister e as cenas de nudez, especialmente protagonizadas por Emilia Clark. O final desse primeiro ano da série, inclusive, é uma cópia quase fiel daquele apresentado no livro, o que trará ainda mais desafios a seus produtores e elenco.
No fim das contas, Game of Thrones é mais um produto com o selo de qualidade da HBO. Não é um “Os Sopranos”, não vai revolucionar a televisão. Mas vai agradar em cheio não só os fãs dos livros de Martin, como os apreciadores de fantasia em geral, carentes de produções decentes do gênero desde que O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (LOTR – The Return of the King, 2003) chegou aos cinemas.
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