Kung Fu Panda 2 vai direto ao assunto

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Como toda continuação que se preza, Kung Fu Panda 2 (2011) parte da premissa de que o público espectador assistiu ao filme anterior e já tem uma boa idéia dos fatos anteriores aos que lhe serão ali apresentados. Se não viu, não tem problema, já que trata-se de uma nova história. Assim sendo, a nova animação da Dreamworks não perde tempo apresentando seu protagonista – o panda Po – nem tampouco seu elenco de apoio. Ao invés disso, já entra direto na história e, de cara, nota-se a evolução das técnicas de animação usadas nessa nova aventura do lutador mais… hã… “rechonchudo” da história do cinema.
 
A sequência de abertura do filme, por exemplo, usa de uma técnica que se baseia menos na computação gráfica e mais na animação quase artesanal, contando a história  como se todos os personagens fossem bonecos de sombra, uma tradição chinesa. Nesse começo, já fica clara qual a motivação de Po e seus aliados, os Cinco Furiosos, nessa aventura: vencer o pavão Lorde Shen, cujo sonho é dominar a China. Para isso, ele usa-se dos conhecimentos chineses na fabricação da pólvora para criar uma arma poderosa – um canhão – capaz de derrotar até mesmo o kung fu de Po e seus aliados.
 
A partir daí, o que se vê é uma aventura com bastante ação e uma história amarradinha, ainda que em alguns momentos se mostre um tanto quanto forçada, especialmente em seu derradeiro ato, quando Po alcança e domina a técnica da “Paz Interior” de uma maneira, no mínimo, bastante atropelada. Por outro lado, a forma como os roteiristas ligaram o passado de Po ao de Lorde Shen, ainda que já bastante usada em um sem número de histórias – Conan, o Bárbaro (de 1982) é o primeiro filme que me vem à cabeça usando esse mesmo recurso de roteiro – ficou bastante satisfatória. Ao longo do filme, Po é atacado diversas vezes por visões de seu passado, memórias perdidas ou reprimidas, e para fazer a transição entre presente e passado, a Dreamworks utilizou algo mais tradicional: recorreu aos desenhos animados, com economia de traços e movimentação semelhantes aos animês. Destaque aqui para as palheta de cores, que lembra em muito as ilustrações chinesas tradicionais.
 
Outro ponto forte da animação são as sequências de ação, uma mais divertida e bem elaborada do que a outra. O humor utilizado no filme, ainda que seu público alvo seja quase que exclusivamente as crianças, também consegue agradar aos pais dos pimpolhos – ou mesmo aos adultos que sejam fãs de animação.
 
Kung Fu Panda 2, assim como seu antecessor, foi lançado por aqui em cópias em 2 e 3D. A esmagadora maioria das sessões disponíveis nos cinemas daqui é dublada. No entanto, isso, por incrível que pareça, não atrapalha o filme, já que Lúcio Mauro Filho (o Tuco da série A Grande Família) reprisa de maneira bastante competente o papel de Po e não deve nada à voz original, de Jack Black (de As Viagens de Gulliver, 2011).

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Caramba!Gostei muito do artigo do seu site. Estarei acompanhando sempre.Grata!!!

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