por Marcelo Seabra
Há histórias de amor que são simples, do tipo “garoto conhece garota e vivem felizes para sempre”. Outras, são mais complicadas, encontrando alguns obstáculos. E há a história de David (Matt Damon, de Além da Vida, de 2010) e Elise (Emily Blunt, de O Lobisomem, de 2010), que foge totalmente do ordinário. Por mais que queiram ficar juntos, o amor dos dois não está nos planos. Este é o cerne de Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, 2011), longa que chegou ao Brasil na última sexta-feira.
David Norris está concorrendo ao senado americano e deve provar que superou seu histórico de arruaceiro e imaturo. Próximo à eleição, é divulgada uma foto (não muito) comprometedora do candidato e o apoio do público (moralista) cai drasticamente. Enquanto prepara o discurso de derrota, David conhece a mulher que mudará a sua vida. Cada um acaba tomando o seu rumo e ele, inspirado, faz um discurso honesto que, ao invés de derrubá-lo de vez, o torna o favorito para a próxima eleição. Mas o que David realmente quer é rever aquela linda e misteriosa mulher.
Após os dois finalmente se encontrarem novamente, por acaso, David é surpreendido por indivíduos aparentemente sobrenaturais que revelam a ele que seu destino está escrito, e ele deve cumpri-lo. Como a jovem não faz parte dos planos, ele deve esquecê-la. Os agentes pensam que a situação se encerraria ali, mas David não irá largar o osso tão facilmente.
Dick, famoso por dar a base a filmes como Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), Minority Report (2002) e O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990), trabalhava prioritariamente no campo da ficção-científica, com tramas paranóicas envolvendo grandes e enigmáticas corporações. Neste, não é diferente: os tais agentes parecem ser do FBI ou de algum outro departamento mais obscuro, trabalham para um tal “presidente” e defendem um plano que nunca é revelado.
Alguns críticos têm dito que o filme se torna enfadonho no meio; outros, que a premissa é ótima, mas mal-desenvolvida. Os mais loucos viram alguma semelhança com A Origem (Inception, 2010), algo que não poderia ser mais fora da realidade. Concordo que o final é um pouco decepcionante, apesar de se manter coerente. Mas é revigorante ver um filme que traz personagens bem construídos e inteligentes, que tomam boas decisões e aprendem rápido as regras do jogo.
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