por Marcelo Seabra
Eles apareceram no mapa com o primeiro episódio da interminável série Jogos Mortais (Saw, 2004) – diga-se de passagem, o único que vale a pena assistir. Depois, seguiram por caminhos estranhos, lidando com um ventríloquo assassino (Gritos Mortais, 2007) e com um pai de família em busca de vingança (Sentença de Morte, 2007). Agora, o diretor James Wan e o roteirista e ator Leigh Whannell acertaram a mão com uma boa história de suspense: Sobrenatural (2011), título pouco inspirado para dar conta do original (Insidious, algo sorrateiro, que chega sutilmente até tomar conta).
Na trama, somos apresentados a uma família bem comum, formada pelo casal (abaixo) e seus três filhos, dois garotos em idade escolar e um bebê de colo. Após se instalarem em uma nova casa, uma bem espaçosa, o pequeno Dalton simplesmente não acorda, caindo em uma espécie de coma. A mãe (Rose Byrne, da série Damages) começa então a ver e ouvir coisas, e seu marido (Patrick Wilson, o vilão de Esquadrão Classe A, de 2010) não sabe o que pensar ou o que fazer. Até que, inevitavelmente, acabam pedindo ajuda a uma vidente (Lin Shaye, colaboradora usual dos irmãos Farrelly) e a trama avança rumo ao desconhecido. Entregar mais do que isso seria cruzar a linha do spoiler.
Patrick Wilson, depois de filmes como Watchmen (2009) e MeninaMá.com (Hard Candy, 2005), e apesar de algumas comédias esquecíveis, se tornou uma figura interessante de se acompanhar. Aqui, entrega uma performance segura, condizente com o personagem, e executa bem as viradas necessárias. Wilson domina bem a segunda metade do filme, deixando a primeira com Rose, a mãe atormentada, dando um bom equilíbrio de papéis. Leigh Whannell, o roteirista, novamente entra como ator, sendo metade de uma dupla de investigadores de fenômenos paranormais. Barbara Hershey (a mãe de Natalie Portman em Cisne Negro, 2010) e Lin Shaye completam o grupo: a primeira, um pouco apagada; a segunda, apropriadamente dramática.
Num primeiro momento, pensei que Sobrenatural seria como O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) ou Os Outros (The Others, 2001), algo com uma virada que nos faria repensar tudo o que foi visto. Mas ele foi avançando e apareceram similaridades com A Chave Mestra (The Skeleton Key, 2005), criando o clima adequado para uns sustos honestos, sem precisar de efeitos sonoros para sustentá-los.
O longa traz elementos já vistos, lembrando até o clássico Poltergeist (1982), mas não por copiar: por beber nas mesmas fontes, usando tudo a seu favor, para atingir um propósito. Desde a forma como o título é mostrado, percebe-se uma certa estética antiquada, se aproximando mais dos tempos áureos do gênero. O resultado consegue ser bem original, o que anda cada vez mais difícil.
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