por Marcelo Seabra
Se eu fosse esfaqueado e estivesse morrendo no chão, a última coisa que eu faria seria uma piadinha. Mas esse sou eu. Esta parece ser uma realidade para os personagens de Pânico 4 (Scream 4, 2011), que mesmo vendo a morte de perto, encontram forças para serem espertinhos. Analisando o nível do humor negro, deduzimos que eles não são tão brilhantes assim.
Como os coadjuvantes da série geralmente são mortos filme a filme, novos eram necessários. Aí, entra Emma Roberts (Idas e Vindas do Amor, 2010), como a prima de Sidney, e uma turma de jovens atores dos quais se destacam Hayden Panettiere (da série Heroes) e Rory Culkin (Quase um Segredo, 2004). Completando o elenco temos Marley Shelton (Sin City, 2005), Anthony Anderson (Transformers, 2007), Adam Brody (da série The O.C.) e Mary McDonnell (vista recentemente na série The Closer), além de pontas de Anna Paquin (de True Blood), Kristen Bell (de Veronica Mars) e Heather Graham (Se Beber, Não Case, 2009).
O primeiro filme dos quatro fazia uma sátira a diversas obras de terror e aos clichês do gênero, ao mesmo tempo que tinha sua própria história, interessante o suficiente para manter a atenção do espectador. O segundo manteve a peteca no ar, apesar de já forçar um pouco a barra. O terceiro já foi desnecessário, fazendo piada com os dois anteriores e apresentando personagens desinteressantes, além de levar novamente os protagonistas a passarem por tudo de novo. Parece improvável que tudo aconteça mais uma vez, recolocando Sidney no papel do qual ela procura fugir: o de eterna vítima.
Ao contrário do original, Pânico 4 acaba repetindo os mesmos clichês que critica. Até a cena em um estacionamento deserto e escuro tem. Os realizadores tentam deixar as coisas interessantes com referências (nem sempre) sutis a outros filmes, como chamar um personagem de Anthony Perkins (ator de Psicose, de 1960) e outro de Marnie (protagonista do filme homônimo de 1964), lembrando Hitchcock em ambas. Mas não é suficiente para relevarmos o fato de ser a mesma coisa de sempre, requentada. A conversa do meta-filme, que discute ele próprio (e os anteriores), cansa, originando poucos bons momentos. Uma situação ou outra é bem bolada, além da abertura já tradicional do filme dentro do filme. E é só. Eles insistem que há regras nos filmes de terror e que elas estão sendo quebradas nesse novo episódio de assassinatos, mas volta e meia acontece algo como um personagem dizer “Volto já”.
Wes Craven, o diretor que já criou obras fantásticas, como A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), parece estar sem boas opções para filmar. Principalmente, depois de A Sétima Alma (My Soul to Take, 2010), suspense adolescente rasteiro e bobo, como vários outros por aí. Também parece esgotado o roteirista Kevin Williamson, alçado à condição de gênio em 1996, quando o primeiro Pânico foi lançado. Mas alguns filmes ruins depois (como Eu Sei o Que Vocês Fizeram No Verão Passado 2, Tentação Fatal e Amaldiçoados), Williamson só conseguiu emplacar um sucesso: a série Dawson’s Creek, exibida entre 1998 e 2003. Atualmente, cuida da sua The Vampire Diaries, que não pode bem ser considerada um clássico da televisão.
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