por Marcelo Seabra
Dois longas recentes já estão disponíveis em DVD e pertencem ao mesmo gênero, a ficção-científica. Mas um não poderia ser mais diferente do outro. Enquanto Os Coletores (Repo Men, 2010) traz lutas, perseguições e tiros, Splice – A Nova Espécie (2010) é mais contemplativo, ambientado em laboratórios. Os dois têm em comum o fato de não desenvolverem bem as discussões éticas que levantam, partindo para soluções mais simplistas. E ambos acabam decepcionando, produzindo muito menos do que poderiam.
Os problemas de Remy começam quando, em seu último trabalho como coletor, após ouvir a esposa e pedir transferência para o setor de vendas, ele leva um grande choque de um desfibrilador e acaba precisando de um coração artificial. Aí, as coisas ficam bem previsíveis: Remy se solidariza com seus antigos alvos e se torna incapaz de continuar na profissão que tinha. Com o salário que recebe, não conseguiria manter os pagamentos pelo coração, e logo vai se ver caçado por outros repo men.
Tentando reconquistar o público, já disperso após momentos enfadonhos, a obra não deixa de ter um final surpresa, que até não chega a ser ruim. Só passa longe de ser inovador ou inédito, e há pistas ao longo da produção que o indicam. No final, o resultado é uma besteira de ação fácil de prever, com bons atores desperdiçados em meio à correria e matança que o roteiro impõe.
Dentre os vários longas que podem vir à memória durante a sessão de Os Coletores estão Blade Runner (1982) e Minority Report (2002), baseados em textos de Philip K. Dick, Eu, Robô (2004), da obra de Isaac Asimov e Equilibrium (2002), que bebe na mesma fonte. Mas a grande inspiração parece mesmo ser Ray Bradbury e seu Fahrenheit 451, levado ao cinema por François Truffaut em 1966 (cena acima). Afinal, trata-se de um profissional cujo ofício é odioso, num futuro triste e sem esperanças, que passa a desenvolver uma consciência e acaba lutando contra aquilo que ele mesmo representava.
Brody e Sarah vivem um casal de cientistas que cria seres a partir de combinação genética, visando avanços na área da saúde e, por que não, um pouco de fama e dinheiro. Vendo que seu futuro não será muito animador, conduzindo pequenos experimentos com animais, Elsa decide usar o DNA humano em uma experiência e convence Clive a ajudá-la.
Tudo começa sob um propósito nobre, a cura de doenças e a salvação de vidas. Algumas barreiras éticas deixadas para trás e, então, os problemas aparecem. No fundo, essas mesmas questões estão presentes nos dois filmes, de uma forma ou de outra. Em ambos, o interesse financeiro sobre a ciência é claro. Os Coletores é um conto de ação em um futuro pessimista no qual uma grande e impessoal corporação coloca preço nas vidas humanas através dos órgãos que produz. A Nova Espécie mostra uma empresa que coloca suas fichas na pesquisa genética ligada a animais para ter retorno mais rápido e sem levantar questões éticas. No embate, o segundo leva a melhor, sendo mais inventivo e menos pirotécnico.
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Hah, assisti Splice esses dias...
No começo, a trama realmente pareceu interessante, assim como a caracterização da personagem Dren, mas depois o filme ficou é muito louco. Primeiro, eu achei bem mais interessante no começo quando a forma não era tão parecida com a humana... depois eles quiseram deixar a "menina" bonita para explicar o caso com o pseudo pai. Afinal, Colin a tratava como filha também, então foi bem horrível quando eles se envolveram. Depois, achei que o filme perdeu o sentido e as coisas foram ficando cada vez mais sem explicação lógica (mesmo sabendo que isso era pouco intencional) para ainda mais fantasioso e surreal culminando num fim de dar ódio. É, achei péssimo =S
É, Tássia, bela descrição.. hehehe Definiu bem o filme.
Abraço!