por Marcelo Seabra
Dentre os concorrentes ao Oscar 2011, a maioria dos filmes não havia chegado ao Brasil quando o anúncio dos indicados foi feito. Quem deu palpites sobre os prováveis vencedores o fez com base em opiniões e impressões da imprensa estrangeira (meu caso, inclusive). Como as produtoras crescem o olho e se mobilizam para arrecadar o máximo possível, os filmes começam a chegar aos cinemas à medida que a data da premiação se aproxima. E a cerimônia será realizada já no dia 27. Por isso, pode-se dizer que os principais indicados e prováveis maiores vencedores já chegaram à capital mineira.
Dentre os dez apontados como Melhor Filme do ano, não consegui conferir ainda 127 Horas (127 Hours, 2010), Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010) e Inverno da Alma (Winter’s Bone, 2010), sendo este último o único da lista que não chegou aqui. Antes de discutir quem merece ou não, é interessante ressaltar a variedade de temas tratados aqui – apesar de achar um disparate ter dez indicados aqui e cinco nas demais categorias, como já afirmei. Alguns dramas bem diferentes entre si, uma ficção-científica, uma comédia de costumes, um faroeste e uma animação compõem um quadro bem interessante, e muitos deles transitam por um bocado de gêneros, não se restringindo a apenas um. Devo dizer que cinco, entre os dez indicados, me deixariam satisfeito se vencessem.
Nas categorias de ator e atriz principais, mais uma vez fico com meus palpites: Colin Firth (de O Discurso do Rei) e Natalie Portman (de Cisne Negro). Convenhamos, não está muito difícil, apesar de alguns dos outros competidores serem também muito bons. Não sei se acho bom ou ruim que Hailee Steinfeld, a garotinha durona de Bravura Indômita (True Grit, 2010), esteja concorrendo como coadjuvante. Talvez, isso dê uma chance a ela, o que seria muito mais complicado se ela fosse indicada como atriz principal, o que ela é, de fato, no longa. Se a campanha de Melissa Leo (de O Vencedor) pela sua própria vitória sair pela culatra, como está se falando na mídia de fora, pode sobrar para Hailee. O que seria fantástico, apesar de Helena Bonham Carter também ter cumprido bem mais que a sua obrigação em O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2010). E o Batman Christian Bale deve mesmo ficar com o prêmio de coadjuvante por O Vencedor (The Fighter, 2010), mesmo brigando com o brilhante Geoffrey Rush, colega de elenco de Helena.
Duas categorias podem ser usadas para se fazer justiça. Se A Origem (Inception, 2010) levar a estatueta de Melhor Roteiro Original, seria uma ótima forma de reconhecimento. Afinal, a não indicação de Christopher Nolan como Melhor Diretor ainda vai assombrar a Academia por muitos anos como um dos maiores furos da história da premiação. E Toy Story 3 (2010), antes de ser um desenho, como muitos fazem questão de ressaltar, é um ótimo filme. Ele dá uma dimensão favorável ao clichê “filme para a família”, normalmente ligado a um péssimo “filme da semana” da TV a cabo. Você pode realmente fazer todos se reunirem para acompanhar a (provável) última aventura daqueles brinquedos dos quais aprendemos a gostar desde 1995.
Algumas surpresas na noite do próximo dia 27 viriam a calhar, para que tudo não fique muito previsível. E poder fazer essa afirmação é uma dádiva: ela prova que há várias ótimas opções este ano. O que, infelizmente, não é sempre que acontece.
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