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Kalil fecha BH novamente, e 2.5 milhões de pessoas se tornam cobaias de um tirano

Autoritário e com o próprio salário garantido, o prefeito nos condena a servir de teste, sem o menor embasamento científico, e assim esconder sua incapacidade em lidar com a segunda onda de Covid-19

Sacrifico no dos outros é fácil, né, prefeito? (Foto: Google Images)

Quando o Estado falha, via de regra a sociedade é punida. É assim com os impostos e serviços estatais. Os três Poderes, em todas as esferas (municipal, estadual e federal), tornaram-se maiores que os cofres públicos e mais ineficientes que as demandas da população. Resultado: o dinheiro que nos é tungado nunca é o bastante, e cada vez mais contamos com cada vez menos serviços de qualidade. Por exemplo: Brasília falha grosseiramente no combate à Covid-19, e 200 mil pessoas morrem por causa do novo coronavírus, mas a fatura continua a nos ser cobrada.

Em Belo Horizonte, acertadamente, o prefeito Alexandre Kalil, em março do ano passado, tomou medidas duras na tentativa de evitar o colapso dos hospitais, e de salvar algumas vidas. Porém, de lá para cá, muita coisa mudou. Hoje sabemos muito mais sobre o vírus e suas formas de contágio.

O prefeito, reeleito por estrondosa maioria em primeiro turno, nunca foi conhecido por uma boa capacidade de ouvir e dividir a gestão. É teimoso, rude e centralizador. Para piorar, é soberbo e avesso à críticas, ainda que construtivas e bem-intencionadas. Essa mistura, aliada à uma crença fixa e excessivamente temorosa de seus auxiliares (ótimos, por sinal. E me refiro aos doutores Jackson Machado e Carlos Starling), hoje mostra-se exagerada e explosiva.

A chamada segunda onda de Covid-19 tem sido ainda mais forte que a primeira. É assim no Brasil e no mundo. E resta claro, em todo o planeta, que a maior causa é o comportamento social irresponsável de grande parcela da população, notadamente os mais jovens, que passaram a curtir a vida como se não houvesse amanhã. Datas comemorativas, como o Dia de Ação de Graças, nos EUA, e as festas de fim de ano, igualmente contribuíram para este novo ciclo de caos.

Durante todo este período de pandemia, e lá se vão quase 11 meses, grupos específicos têm sofrido e “pagado mais caro”. Me refiro às crianças e adolescentes privados do ensino presencial e do convívio social, e os idosos confinados em suas casas e isolados dos familiares e amigos. De igual sorte —  nestes caso, azar — alguns setores da economia têm perdido muito mais que outros. Comércio e entretenimento, por exemplos, têm sido castigados sobremaneira.

Shoppings e lojas de rua, em sua maioria, vêm sendo exemplares na aplicação de todas as medidas sanitárias recomendadas. O mesmo ocorre com academias, clínicas e restaurantes. É mais que claro e evidente que não são estes os responsáveis pelo tsunami atual. Punir, justamente quem não merece, como acaba de fazer o prefeito, é cruel, desumano e a saída mais fácil para quem não tem capacidade gerencial.

O dinheiro da sociedade já está depositado nos cofres da prefeitura. Aliás, Kalil não cansa de jactar-se como administrador exemplar, e proclamar que a saúde financeira do município é invejosa. Se não consegue transformar tal realidade em leitos hospitalares e atendimento para a população, que desocupe a cadeira e permita a alguém mais capacitado fazer em seu lugar. O que não dá é para espetar a conta (outra vez!) no lombo de quem já não possui quaisquer condições de suportar.

A prefeitura não consegue fiscalizar bares lotados, festas clandestinas, aglomerações em praças públicas e ruas, comércios que não cumprem as medidas adequadas e até mesmo pequenos shows musicais em sítios e casas de veraneio. Igualmente não consegue contratar pessoal treinado para os hospitais, comprar equipamentos necessários e aumentar a oferta de vagas em enfermarias e UTI’s. Daí, para esconder a própria incompetência e depois anunciar “gestão eficiente”, fecha a cidade, promove mais desemprego e miséria, e atira milhares de comerciantes e profissionais liberais na inadimplência e bancarrota.

Belo Horizonte precisa retornar ao mais próximo possível de uma vida normal. Comércios precisam funcionar; escolas precisam voltar; trabalhadores precisam trabalhar. O que precisa — e deve! — ser proibido e fechado são os chamados eventos super disseminadores. Aliás, já estão: jogos de futebol, espetáculos culturais etc. E, claro, festas! Uma coisa é seguir a recomendação do psicopata genocida, aboletado na presidência da República, e “enfrentar o vírus de peito aberto”. Outra, bem diferente, é concordar com essa política suicida (economicamente falando) do prefeito metido a tiranete.

A cidade de São Paulo, por exemplo, 5 vezes maior que BH, encontrou uma forma equilibrada. O estado de Minas Gerais é outro exemplo a se seguir. Kalil poderia se espelhar nestes dois casos e rever essa decisão destrambelhada e completamente carente de fundamento e razão. Só que, para isso, deveria abdicar, ao menos por alguns minutos, de ser Alexandre Kalil. Este político afeto à autocracia grotesca e populismo barato. Seria pedir muito? Por tudo que conhecemos deste senhor, sim, seria. Infelizmente.

Leia mais artigos meus em: IstoÉ, Estado de Minas e Facebook
**Atenção: Este texto não reflete a opinião do Portal UAI, e é de responsabilidade exclusiva do seu autor**
Ricardo Kertzman

View Comments

  • Esse negócio de ficar seguindo paises europeus (Alemanha e Inglaterra, por enquanto) não tá com nada. Ficar querendo copiar. Nós somos tropicais. Esse virus tá curtindo uma praia, e BH não tem. A não ser que seja afeito a um bar.

  • O mundo então está cheio de tiranos. Seu raciocínio (para seus desafetos) sempre é tendencioso, parcial e elitista. Você prefere ver pessoas morrendo ou em casa ou na porta dos hospitais por falta de atendimento médico. Preferencialmente se forem pobres porque os ricos sempre terão onde ser atendidos. Mande aquele seu antigo ídolo, o Bozo, e seu amigo governador darem ajuda aos comerciantes.

  • Parabéns pela matéria! Até que enfim alguém lúcido para falar a verdade sem medo. BH vai pagar muito caro por ter reeleito este tirano.

  • Quer dizer então que em matéria de falsidade e defesa da "democracia compartilhada", o chileno Maia e o PT são coisas parecidas? É sério?
    Será que é por isso que ninguém conseguia descobrir que havia quadrilhão no país antes do Moro lançar e conduzir a Lava Jato?

  • "Psicopata genocida" é aquele ex-ministro que mandava todo mundo ficar em casa até sentir falta de ar. Pode ser também aquele que em agosto de 2019 já fazia acordo com laboratório em outro país possivelmente sabendo o que estaria por vir. Ou então certo partido que deseja proibir a iniciativa daqueles médicos que aplicam o tratamento precoce. A gente lê a matéria concordando em quase tudo até que o autor vira sua metralhadora para aquele que teve quase 60 milhões de votos. Devia lembrar também do discurso do Kalil após a vitória na última eleição dizendo que era hora de ajudar esse povo, se referindo aos comerciantes. Tomou posse e agora dá uma banana para eles.

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