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A culpa é sua, sim, caro leitor! E minha. E de todos os brasileiros; entenda

Pobres, ignorantes, preguiçosos e egoístas elegem os corruptos, incompetentes e corporativistas, e depois reclamam da sorte

Nenhuma novidade (Imagem: Google/Divulgação Centro de Operações da Prefeitura do Rio)

Vou tentar tomar o máximo de cuidado ao escrever este texto. Os dias atuais, onde analfabetos funcionais e carniceiros de internet existem apenas para — como abutres sobre a carniça — emporcalhar o pensamento dos outros, infestando as áreas de comentários dos sites e blogues internet afora, destilando aquela baba gosmenta típica dos fracassados rancorosos, com críticas e acusações infundadas, ou melhor fundadas na ignorância, incapacidade de interpretação e pura má fé, exigem a máxima atenção.

O Brasil é um país naturalmente exuberante e rico, todos sabemos. Fôssemos um povo capaz de explorar com honestidade, solidariedade e inteligência nossos solo e subsolo, seríamos uma potência de primeiro mundo, tais quais são, por exemplo, Suécia e Noruega; Estados Unidos e Alemanha; Suíça e Nova Zelândia. Infelizmente, sejam lá quais os motivos e razões, não somos. Jamais fomos capazes de nos organizar como nação, como sociedade, como… sequer seres humanos vivendo harmonicamente em um mesmo espaço e tempo.

Nos matamos uns aos outros. Roubamos de nós mesmos. Desrespeitamos cotidianamente as regras mais comezinhas de civilização e respeito ao próximo. Enganamos nossos compatriotas. Mentimos sistematicamente e pensamos sempre em nós mesmos, depois em nossos familiares, antes de pensar no outro. Quando nos tornamos políticos ou governantes, autoridades e agentes do Estado, repetimos o mesmo padrão de comportamento pré-poder. Semelhantes se atraem. Semelhantes votam… em semelhantes!

Dois prédios desabaram nesta sexta-feira, na cada vez mais castigada cidade do Rio de Janeiro. Enquanto escrevo, não se sabe o número de mortos. Como não se sabe ainda, ao certo, quantos padeceram pela chuva desta semana. Como das chuvas de fevereiro. Como dos desabamentos anuais nas encostas da região serrana. Todas (as mortes) advindas do mau uso do solo; das construções irregulares; do despejo de lixo nas ruas e calçadas; dos aterros clandestinos; dos lixões urbanos. E tudo absolutamente visível aos olhos do Poder Público.

Ontem, o péssimo prefeito carioca (mais um, aliás!!) discutiu com uma repórter da Rede Globo. Ambos sem razão. Ambos com razão. Ela cobrando responsabilidade. Ele culpando a imprensa. No cabo-de-guerra das palavras, uma dilacerante certeza: nada mudará. Somos incapazes de assumir as responsabilidades que nos comprometemos, assim como somos incapazes de criticar com forma e conteúdo adequados. A Rede Globo é tão responsável quanto o prefeito, sim. Mas apenas um dos lados se propôs a administrar a cidade. E quem o elegeu, nesta hora está sob os escombros.

Todo povo tem, sim, o governo que merece. Nós merecemos os nossos. Nós fazemos por onde ladrões, imprestáveis e incapazes serem e agirem da forma que assistimos. Nós somos iguais. Eles vêm de nós mesmos. Quando um prédio irregular, construído sabe-se lá como, desaba, a culpa primária é de quem o edificou. A secundária é de quem, mesmo sabendo das irregularidades, decidiu morar lá. O Poder Público que não fiscalizou a obra e que permitiu a construção — tampouco fiscalizou o resultado — logicamente é culpado. Mas, outra vez, quem é mesmo o Poder Público, senão nós mesmos?

Os mais apressados e os críticos-porque-críticos irão disparar: “o Ricardo está culpando as vítimas!” Bem, se não fosse todo o contexto exposto, poder-se-ia alegar tal fato e de forma tão simplória. Ocorre, senhoras e senhores, que a “culpa” (reparem bem nas aspas) é mesmo das vítimas. Neste caso e absolutamente em todos os outros. E culpa, aqui, não significa dolo ou má fé, mas, sim, ignorância, preguiça, leniência, egoísmo e quaisquer outros atributos negativos que constituem nossa cultura. Que nos fazem ser um dos piores povos deste mundo. E o que é pior: ingrato com a natureza, que nos deu tudo o que precisávamos para, justamente, jamais sermos isso daí que nos tornamos.

Querem saber? Deus é mesmo brasileiro. Diante de tudo o que conhecemos sobre o País, morre-se pouco por aqui. Muito pouco.

Leia mais.

Ricardo Kertzman

View Comments

  • Deus ja ligou o ****-se. Brasileiro é o catzo. "Elegeram um imbecil anticristo nazista pra presidente agora vao sozinhos que eu nem to vendo." Deus

    • Para quem já chegou recentemente ao fundo do fundo do poço, ao cometer a inominável e insuperável burrice de eleger Lula Propina e Dilma Pasadena, convenhamos: QUALQUER UM QUE VIER DESDE ENTÃO É, A PRIORI, UM GRANDE AVANÇO!

  • Exatamente isso: "(...) quem é mesmo o Poder Público, senão nós mesmos?"
    Somos nós que escolhemos quem vai exercer o Poder Público, quem, em nosso nome, vai administrar a coisa pública. Num regime democrático, o político é o nome que se dá a um tipo de servidor, empregado público, que é escolhido pelo povo para exercer essa função. Desse modo, o Estado é apenas um enorme um condomínio para o qual periodicamente escolhemos um síndico, sub-síndicos, conselheiros etc para administrá-lo.
    Simples assim, não é mesmo? Só que não, nos países de povos mais atrasados, como esse bananal chamado Brasil. Aqui, uma parcela considerável da população vê o político, não como um servidor, mas como uma entidade superior, paterna/maternal ou até mesmo santificada á qual devemos nos submeter na esperança de que nos salve, nos dê guarida, nos proteja, nos alimente, nos agasalhe. É um Pai dos Pobres, um "Lulinha Paz e Amor", um salvador messiânico (desejado ardentemente pelas marilenas chauis da vida), um prometido que tem o poder/acesso quase divino de ir lá numa grande árvore do jardim do paraíso colher e distribuir benevolamente o que nós pobres humanos, aqui na Terra,precisamos .
    Está aí claramente uma das razões porque o Poder público não funciona, aqui em Banânia, para servir aos interesses coletivos, mas, sim, aos interesses bem terrenos, bem materiais dessas entidades superiores e daqueles que sabem o caminho das pedras para alcançar graças privilegiadas dessas entidades.

    • ainda que eu não me sinta nem um pouco culpado, já que faço minha parte com extremo louvor -- e sem modéstia, hehe -- o texto está escrito na primeira pessoa do plural, logo...

    • Bem, de ele roubar, não, mas de ele ser senador e com isso conseguir roubar, certamente que sim. Também é minha. Aprendeu?!?

  • Perfeito Ricardo!!!! We the people aqui no Brasil somos pura shit mesmo. Morei 6 anos seguidos nos EEUU e posso garantir isso. Regards!!!

    • Olá Breno, o Brasil é ruim, bom é onde você morou por três anos; por que não mora lá em definitivo? Entre o bom e o ruim você escolhe o segundo. Como é isso?

  • Discordo. Não concordo que a culpa seja dos pobres e ignorantes igual vc fala pois a culpa de serem pobres e ignorantes é dos políticos ou seja é como o cachorro mordendo o rabo, não dá para culpar só um lado da estória. Obrigado. Gosto muito do blogue.

    • Prezado, não há dois lados; há apenas um. Um político é oriundo da sociedade, logo todos fazem parte do mesmo bolo. Abrs

  • Olá Distinto, "o povo brasileiro é um dos piores do mundo" é cada oração sibilina que aparece! Quando a gente já se encontra angustiado com a situação do país ainda aparece um desplante desses, mas se fosse verdade a assertiva, quais seriam os melhores povos deste mundo de Deus pai? Haveria um critério ou um medidor de bondade de povo? Depois de uma dessas vou pedir uma Kaiser!

    • Se existe critério de pessoas boas ou ruins? É claro que existe sua anta.
      Veja bem:
      - Se pessoas idolatram e defendem um Vagabundo, essas pessoas são ruins; então não se deve gritar "assassinos de Marielle livre" ou "Lula livre", pois nos dois casos estar-se-ia defendendo vagabundo.
      - Já aqueles que defendem pessoas de bem, que pensam sobre o que é correto e estão do lado das boas pessoas, então essas são as pessoas boas. Entendeu oh sujeito atrasado que tem nome de espirro.
      Existe sim um critério!

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