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Ou acabamos com os Catataus ou eles acabam com o Brasil

Pela lógica “catatauniana”, trabalhadores da construção civil deveriam usar colheres ao invés de pás. Assim haveria mais empregos no setor

Seis mil empregos ou seis mil votos?

Pois bem. Zé Colmeia tem um amigo; o Catatau. Um ursinho pra lá de simpático. Já Belo Horizonte tem um como vereador. Tempos atrás protagonizamos, digamos assim, um entrevero. Como vereador — que é o que me importa — ele “desceu a lenha” nos empresários. Como cidadão (e empresário) lhe retribuí a gentileza. Escrevi dois posts a respeito (aqui e aqui). Indignado — afinal, onde já se viu um eleitor afrontar um eleito? — o vereador gravou um vídeo mais que bizarro prometendo me processar. Bem, ou não processou ou o Oficial de Justiça perdeu-se pelo caminho.

Catatau publica vídeos no Facebook. São links patrocinados, pagos para alcançar o maior número possível de visualizações. Não sei se o faz por conta própria ou se usa verba de gabinete para isso. Também não sei se (caso use tal verba) é permitido. Mas vamos ao que importa: o novo vídeo do Vereador Catatau ex-Itatiaia, que acabou de “estrear” na minha página do FB.

Nele, o valente coloca-se como defensor/salvador dos cobradores de ônibus. Está só pegando carona na decisão esdrúxula da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Pobre Rio! Segundo ele, a categoria corre perigo. Seis mil trabalhadores têm os empregos ameaçados. Não entendi bem se por conta dos tais motoristas-cobradores (que, em algumas linhas, também são responsáveis pelo processo, à noite e nos finais de semana) ou se pela automatização da catraca. Mas seja qual for a ameaça capitalista — aquela em busca de eficiência, produtividade, redução de custos e, ulalalá!!, lucro — me parece que novamente mete os pés pelas mãos.

Não concordo com vereador seletivo. Catatau é vereador de Belo Horizonte. Ele, os seus funcionários, gabinete, carro, motorista, etc., são bancados por todos os contribuintes da cidade. Não me parece adequado, muito menos justo, que um servidor público escolha um lado. Principalmente quando um destes lados necessariamente vai de encontro ao outro. Defender o emprego dos cobradores significa prejudicar os usuários de ônibus que pagam passagens mais caras. Mas como a categoria reúne potenciais 6 mil votos, o vereador não se lembra de mais ninguém. Sabem como é, né? Há que se encontrar uma causa eleitoral.

Além disto — o que para mim já é mais que suficiente para estar aqui criticando — acredito que tal atitude não seja tarefa para vereador. Para isto existem os sindicatos. Trabalho de vereador é legislar para melhorar a vida de todos os cidadãos, e não proteger categorias em busca de popularidade. Trabalho de vereador é fiscalizar o Poder Executivo municipal, e não se mancomunar com o mesmo, em detrimento da população, como de costume. Adoraria ver o senhor Vereador lutando contra aumento de impostos, e não aprovando-os, como fez recentemente com o ISSQN.

Políticos como Catatau são os grandes responsáveis pelo atual estado caótico do Brasil. Não são os únicos, claro, mas talvez os principais. Uma gente preocupada apenas com eleição, sem jamais pensar no país e nas pessoas. O foco é encontrar, como disse acima, uma categoria para “representar”. Só, nada mais. Todo o resto não importa. Não convém. A luta é apenas pelo próprio emprego e as mordomias do cargo. Se ele estivesse certo, os países desenvolvidos não teriam a produtividade que têm, não teriam a prosperidade que têm e absolutamente todos estariam enfrentando uma crise sistêmica de desemprego. Só que Catatau está errado. O Brasil que o elegeu está errado.

Para políticos assim — grandes pesquisadores e economistas de primeira grandeza que são — não teríamos tratores nos campos, só lavradores; não teríamos robôs nas fábricas, só operários; e ao invés de caminhões, teríamos carroças e carroceiros. Ou não, né? Depende do número de votos que renderia, me esqueci.

Produtividade? Redução de custos? Escala? Que nada! Bom mesmo é correr para os braços da galera e depois espetar a conta no lombo dos trouxas.

Na boa… É muito Catatau para tão pouco Brasil!

Leia mais.

 

Ricardo Kertzman

View Comments

  • Caro Blogueiro.
    Esse "Catatau" não conheço.
    De transporte coletivo, conheço. Uso diariamente.
    Sugiro que você experimente.
    Existe aqui em BH uma grande diferença entre ter e não ter o "cobrador".
    Por exemplo, nos ônibus executivos (frescões) não tem cobrador. O pobre do motorista tem de fazer as vezes de motorista e cobrador. Isto porque o sistema de cartões não é exclusivo e é possível pagar também em dinheiro. Nesse caso, o motorista faz as vezes de cobrador.
    Tal fato exige que ele se desconcentre da condução do ônibus e cuide de cobrar a passagem. Isto gera perigo na condução do ônibus, mais tempo parado no ponto e sobrecarga de trabalho para o motorista. Nos domingos, este sistema é para todo o transporte coletivo, não só para os executivos.
    Então, a presença dos chamados "cobradores" faz certo sentido.
    Mesmo que se extinguisse a função de cobradores, isto para os consumidores não significaria mais conforto, segurança ou preço menor das passagens.
    Se "Catatau" defende a existência de "cobradores" por conveniência política, não sei.
    Como usuário do transporte coletivo, acho que a questão é complexa e tem dimensões que não permitem análises simplistas.
    Sugiro a você, caso não use, experimente usar o transporte coletivo.

    • Caro anônimo,

      Motorista não faz as vezes de cobrador. Motorista dirige e cobra, funções compatíveis e não excludentes. É assim em diversas cidades do mundo. Serão os motoristas de Nova Iorque, Londres, Munique, Santiago e até mesmo Buenos Aires mais capazes? Ou serão pobres oprimidos pelos patrões cumprindo dupla jornada de trabalho?

      Quanto à desconcentração e insegurança, se ocorre, não é por culpa da tarefa, mas dos próprios profissionais envolvidos. O correto é manter o veículo parado até que cobre e forneça o troco, se houver. Se motoristas trafegam contando dinheiro estão tão errados quanto dirigir usando o celular. Repito: é assim em grande parte do mundo -- civilizado, ao menos.

      Por fim, por óbvio que a inexistência de cobradores não se traduz em conforto para o usuário. Não sei onde viu isso. Mas certamente acarreta menos custos à empresa, ou seja, menor valor da passagem ao consumidor, ou você pensa que os empresários do setor não embutem tal custo nas passagens?

      Ah, sobre sua sugestão, agradeço, mas dispenso. Já passei o tempo que precisava dentro de um ônibus. Aos 50 anos, após 33 de trabalho duro, prefiro a conveniência e a privacidade de um carro.

      Abraço,

      • Caro Blogueiro,
        Não sou anônimo. Por Algum problema do sistema, assim fui identificado. Sou Marcelo.
        Uso o transporte coletivo de BH e também de outras partes do mundo.
        Na maioria dos lugares dito "civilizados", não há dupla possibilidade de cobrança, ou seja, é apenas pelo sistema de cartões, não cabendo ao motorista fazer cobranças em dinheiro.
        Talvez não tenha entendido. Não disse que o motorista dirige e cobra ao mesmo tempo.
        Ele para no ponto e uma fila se forma. Ele então é obrigado a ficar parado, cobrando de cada passageiro. Tal fato impõe uma série de problemas ao trânsito. Outros ônibus e carros ficam retidos. E, mesmo que você pareça não perceber, o motorista acaba tendo mais trabalho, pois absorve funções que eram de outro profissional.
        A existência do cobrador produz sim mais conforto ao usuário. A viagem fica mais rápida e o cobrador assessora o motorista quanto as ultrapassagens, pedidos de paradas, entradas de pessoas com necessidades especiais no ônibus e muito mais.
        Como disse. Frequente o transporte coletivo.
        Faço o convite não para que se canse ou se sacrifique. Afinal, você não precisa.
        Mas, tal fato lhe ajudaria a ter uma visão mais adequada do tema.

        • Bem, se assinou como anônimo, nada posso fazer além de tratá-lo assim. Não consigo adivinhar que é o Marcelo, o Pedro ou a Joaquina.

          Você mente ou quando diz que usa transporte coletivo em outros países ou que por lá não se aceita dinheiro.

          Melhorou sorte não lhe assiste na questão segurança, já que foi sobre isso que escreveu e foi sobre isso que respondi. Basta ler seu comentário anterior e ver que jamais tratou do assunto fila ou trânsito.

          Igualmente erra quando afirma, como se eu tivesse dito o contrário, que trocador traz conforto. Óbvio que sim! O que você afirmou anteriormente era que a ausência não traria conforto.

          Percebe como quando não se consegue expressar-se corretamente o diálogo fica difícil? Acho que este é só mais um dos males que lhe aflige. Ao menos parou com os xingamentos. Já é um começo.

          • Caro jornalista, "percebe-se como, quando não se consegue expressar-se corretamente..." ou "perceba como, quando não se consegue expressar-se corretamente...".

            Difícil entender o texto abaixo:
            "Percebe como quando não se consegue expressar-se corretamente o diálogo fica difícil? Acho que este é só mais um dos males que lhe aflige."

      • Se me permite, a questão é mais complexa de que simplesmente "o motorista faz o troco". Segue um exemplo ( no centro é fácil também de achar): Sob a passarela na via expressa, em frente a estação gameleira, no ponto de ônibus podem parar mais de 60 linhas. Aquilo entre 17:30 e 19:00 fica lotado de passageiros e a lentidão é a característica principal (além da zona, é claro). Particularmente tenho até medo de pensar se for implantado nesses ônibus a opção do motorista fazer o troco.

      • Lembrando que a existência dos cobradores se justifica também pela desonestidade padrão do brasileiro. Em Lisboa os chamados Elétricos não tem cobrador. Quem entra deve validar sua passagem na máquina instalada num (ou mais) corrimão interno. Na Alemanha (Berlim/Munique), em algumas estações do metrô de Londres, no metrô de Budapeste e em todas as estações de trem da Europa não existe a figura da catraca ou do cobrador. As pessoas pagam as passagens porque sabem não serem de graça. Há, sim, a figura do fiscal, aleatório, que caso identifique um fraudador do sistema lhe aplica imediatamente uma multa que chega a 50x o valor da passagem burlada. Mas o Brasil ainda levará uns 500 anos pra chegar nesse nível (se chegar), considerando que sempre que o brasileiro em geral identifica uma "chance de burlar o sistema", ele o faz. Filas, IR, mão e contramão, estacionamento, engarrafamento, troco errado, conta a menor etc etc etc... Soube até que há um guia para brasileiros intitulado "Como andar de trem e metrô na Alemanha sem pagar nem ser pego". É demais para uma vida só...

      • Caro Ricardo Kertzman & Amigos voce esta comparando nova Iorque e Londres com Brasil me poupe e vai pesquisar um pouco mais antes de falar um monte de bobagens

      • Em país de primeiro mundo o sistema público de transporte eh mto melhor e funciona...em BH só tem busão e só anda lotado, fora o trânsito caótico. Metro nosso eh piada...

    • Anônimo,

      Faço questão de comentar devido a sua análise perfeita, na minha humilde opinião. De fato a situação é muito mais complexa que "alguns entendidos" supõem. Mais uma vez, parabéns pela lucidez.

  • A função do cobrador, na situação brasileira, é necessária. Quem anda de ônibus sabe. Comparar realidades distintas não funciona aqui. O trânsito brasileiro é caótico, a segurança é pífia. Os ônibus já são lentos por natureza, tem que parar em diversos pontos. Se o motorista assumir essa função vai demorar mais ainda. Se não tiver troco vai ter que manda o usuário aguardar, vai ter que observar esse usuário, vai ter que dirigir e vai ter que cobrar de outros usuários. Sem chance Ricardo. Situação não é compatível.
    Me desculpe Ricardo "Aos 50 anos, após 33 de trabalho duro, prefiro a conveniência e a privacidade de um carro". Essa é a mentalidade de todos. Por isso o transporte público nunca evoluirá. Se eu tenho condição compro um carro. Isso não é a solução para o transporte coletivo. Andar de carro e defender a retirada dos cobradores. Fora a função social dos empregos dessas pessoas. São 6000 vidas Ricardo. Além de ser necessário no contexto de Belo Horizonte.
    Deixo claro a minha posição quanto a essa questão, não entrando no mérito ou demérito desse vereador citado no texto.

    Abraço!

  • Transcrição de parte de matéria divulgada no GGN, do jornalista Luis Nassif:
    "O fato mais importante de ontem, dia 30 de novembro, foi o depoimento de Rodrigo Tacla Durán à CPMI da JBS. Ele falou por 4 horas e foi um dos assuntos mais comentados do Twitter, segundo o Trends Topics. Foi um dos mais comentados no Facebook, que reproduz o movimento do Twitter. Foi o tema principal de todos os blogues e portais de notícias da resistência. E nem uma linha nos jornalões."

  • Sr blogueiro, o fato de teres uma coluna neste portal só prova que esta empresa está mesmo em situação pré falimentar. Quanta amargura, quanto ódio às pessoas mais humildes, sem contar que vc escreve muito mal. Pensar que o fato de não ter cobradores vai fazer as passagens baratear é burrice ou muita inocência.

  • Você citou cidades onde os motoristas dirigem e cobram, como em Nova Iorque, Londres, Munique, Santiago e até mesmo Buenos Aires onde os motoristas seriam mais capazes do que os do Brasil. Sabe aquele país que os brasileiros gostam de fazer piadas? Pois é: em Lisboa os ônibus também não tem cobradores (tenho foto e posso enviar), E lá em Portugal eles também acham estranho aqui no Brasil ter elevadores com ascensoristas, como se não fôssemos capazes de poder apertar o botão do número do andar em que vamos. Haja paciência...

  • "Zé Colmeia tem um amigo; o Catatau. Um ursinho pra lá de simpático."
    Tente colocar uma vírgula, em vez de separar as duas frases, dá mais coesão ao texto.
    Texto cheio de parênteses e travessões, cansativo. Trabalhe melhor os apostos, dar melhor coerência ao texto, que já é fraco de ideia.

  • Pelo que entendi (talvez esteja entendendo tudo errado, até porque ultimamente esta difícil entender certas coisas) , o senhor não tem a menor preocupação com o transporte publico, muito menos com os profissionais que estão perdendo o emprego (tudo bem , isto não é problema seu), mas se importa com um vereador que talvez (eu disse talvez) se importe com o publico que de alguma forma é sim prejudicado na forma em que é cobrada a passagem (a demora em cobrar varias pessoas com o veiculo parado acarreta atraso nas viagens), mas tudo bem na Europa é assim, e o que é bom pra eles è bom para nós, 6 mil pessoas desempregadas ( nesta crise , não é quase nada), as empresas tem que ganhar seu suado dinheirinho, e o senhor como é EMPRESARIO sabe bem como é difícil manter uma empresa. Vs . não anda de ônibus ( que ótimo, deve ter feito por merecer) , Então sua coluna foi só para continuar sua briguinha com o vereador ??? Devia ter mandado um email para ele.

  • Já morei e trabalhei em Boston-USA(atualmente em BH), lá não existe trocadores nos onibus, la tb não tem catraca, a pessoa entra e passa o cartão tipo credito, bem simples(vc compra individual, semanal e ou mensal,td mês tem um novo)em uma tarjeta tipo entrada de academia que ficava do lado do motorista, caso a pessoa não tenha o cartão, ela coloca o dinheiro em outro lugar sempre pra mais, pq não tem troco.
    Fora que em feriados ou jogos imortantes na cidade, os onibus, metrôs etc, todos rodavam de graça pra população usufruir.
    Mais um detalhe todos os onibus são automaticos pra conforto dos passageiros e motorista.

  • Meu caro, para de ficar comparando as coisas que dão certo la fora, pra querer fazer aqui no brasil, pois aqui quando se copia dá tudo errado, primeiro pq os nossos buzão passa de hora e hora e só vive lotado, se colocasse mais horarios, até concordaria, mais pra andar nesses onibus lotados que ficam parados em media 7 a 10 minutos em cada ponto esperando o motorista dá o troco, tem que ter cobrador sim, para acelerar a viajem, pega o 4111 pra vc vê o tempo que se perde com o motorista devolvendo troco. Uma viajem de 20minutos demoram mais de 1hora.

  • A retirada dos cobradores, hoje, em BH e outras cidades do Brasil é colocar o usuário em perigo: motorista não deve cobrar passagem, isso deve ser exceção à automação de cobrança. Em Buenos Aires, por exemplo, eles cobram praticamente apenas dos turistas, que ainda não conhecem o sistema de cartões, nem quais são as moedas aceitas nos ônibus de BsAs.

    Em BH, as linhas que já tem o motorista cobrando passagem à noite e finais de semana, tem atrasos frequentes nas viagens, além dos (quase) acidentes já começaram a ocorrer, já que o motorista acaba por fazer cobrança, dar troco e "dirigir" ao mesmo tempo.

    Para eliminar o cobrador, é necessário fazer o que a BHTrans não quer fazer há anos: tornar a carga dos cartões igual a de celular, em qualquer biboca é possível comprar os créditos. Hoje é um processo completamente burocrático, com poucos postos de venda/carga. E, sim, reduzir significativamente o valor das passagens, que são abusivamente altas para o péssimo serviço prestado.

    Hoje, em BH, a eliminação dos cobradores não tem nenhuma intenção ou chance de redução de passagens. Ela servirá para cortar custos, sim. Mas esse corte se refletirá tão somente no aumento do lucro (já bem alto) dos donos das empresas, que não investem o necessário na modernização e manutenção da frota, nem na capacitação dos motoristas, que continuam ameaçando e matando pedestres, ciclistas e outros motoristas pela cidade.

    O Catatau? Que se dane o Catatau, é apenas mais um político como os que a turma que 'luta contra a corrupção' adora.

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