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Não será um estádio; será um templo sagrado

Este blog e o blogueiro pedem aos outros torcedores — com o maior respeito e espírito esportivo — licença para falar apenas do Atlético

Mais que uma casa; um lar

Nasci atleticano, cresci muito atleticano, estou envelhecendo ainda mais atleticano e morrerei eternamente atleticano. Neste dia, o da minha morte, que o céu me receba de preto e branco e com os anjos cantando o hino mais lindo do mundo. E que Papai do Céu se prepare, pois sua imparcialidade futebolística terá de terminar. Do contrário, que me expulse do Paraíso ou jamais terá sossego outra vez. Como o Galo, minha teimosia é imortal.

Por mim não haveria arena. Sou daqueles que detestam imobilizar capital. Acho que lugar de dinheiro é no banco ou nos negócios, nunca em tijolo e concreto. Com esse estádio do Atlético não foi diferente. Até porque adoro o Indepa e aturo o “novo” Mineirão. Aliás, não poderíamos rogar praga maior aos nossos amigos rivais, que passar a vida frequentando a porcaria em que se transformou o saudoso Magalhães Pinto.

Pois bem. Apesar de não desejar a construção, jamais fui contra. Sempre disse a quem me perguntou que, caso aprovada a obra, seria o primeiro da fila por uma cadeira cativa. E se fosse conselheiro, deixaria que me arrastassem até a urna, sem oferecer qualquer resistência, para votar SIM. Sabem como é: não há nada que o Galo me peça sorrindo que eu não faça chorando.

O atleticano nunca se importou com o chão onde pisa. Lourdes, Independência, Mineirão, Jacaré ou Ipatingão. Houvesse uma bandeira alvinegra e a casa era nossa. Pouco importavam o nome, o endereço ou o registro de propriedade. A posse era imediatamente transmitida à essa legião de fanáticos apaixonados. O importante nunca foi onde ou quando, mas sempre por quê. Ou melhor, por quem.

Em breve teremos nosso imóvel, nosso próprio apê. Teremos nosso chão, nosso pão, nosso solo sagrado, sacrossanto, abençoado e encantado. Não teremos iluminação; teremos brilho. Não teremos ventilação, mas sopro divino. Não teremos pedras, apenas alicerces. E teremos o que sempre tivemos: uma alma onipresente, pairando pelo ar e arrepiando quem por perto; e um coração pulsando louco, como se fosse o último dia, o último suspiro, o último jogo.

A Arena MRV estará para nós atleticanos como os templos para seus mais fervorosos fiéis. Lá encontraremos nossos irmãos, faremos nossas preces pelas vitórias, suplicaremos por aquele gol redentor a la Léo Silva, sorriremos de alegria, choraremos de emoção, nos abraçaremos em comunhão e descansaremos em paz após as batalhas de nossas vidas, em que sempre se transformam os jogos do Galo, por mais insignificantes que possam parecer.

Que o tempo passe ligeiro e que os dias tragam os anos.

Pintaremos em cada trator o nosso escudo; incentivaremos cada engenheiro com nosso mantra “muita raça e amor”; cantaremos para cada operário “ôô…ôô, vai pra cima deles Galô”! Passaremos a vaiar os domingos e feriados, como se fossem juízes ladrões, pois temos pressa, muita pressa.

Se chover a gente seca, como a um pênalti do Olímpia. Se faltar água a gente molha com o nosso suor. E cada pilar será abraçado, cada palmo de grama beijado, cada jogo será único, cada gol eternizado e cada título festejado como se o primeiro. Porque essa Arena será a mais abençoada e amada fortaleza de um clube de futebol deste mundo.

É isso, meu caros. Que venha logo nossa casa, nosso lar. E que nos traga, todas as semanas — muito além de vitórias e conquistas — aquilo que o atleticano mais espera nessa vida: um jogo do nosso Gaaaaaaaaaaaaalooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!

Ricardo Kertzman

View Comments

  • Boa, Ricardo! Eu queria o estádio pelas informações compartilhadas, pelo tamanho do simpático Independência, que limita público e renda e pela inviabilidade financeira e altos custos do Nutellão, digo, Mineirão. Gosto demais de frequentar o Independência, embora novo, ainda tem aquele ar de "futebol romântico".
    Espero que a Arena MRV também seja assim, um estádio novo sem perder a essência do futebol.
    Abs

  • Isso mesmo: UM TEMPLO SAGRADO...
    Afinal, o ópio da nação é o bom, velho e costumeiro futebol.
    E tem mais: esse ópio é muito rentável! Homens que têm dificuldade para manter seus compromissos em dia, como água, luz e mantimentos, conseguem dar um jeitinho (brasileiro, claro!) de comprar o ingresso para desfrutar de "90 minutos inesquecíveis" ao lado do seu time do coração - seja ele o Atlético, o Cruzeiro ou qualquer outro.
    Enfim, respeitável público, que rufem os tambores e levantem as tendas para mais um picadeiro!

    Espero que não me entendam mal. Sou fascinado por esportes. Porém, o que fazem com o futebol, um dos nossos poucos tesouros, é uma tremenda covardia.
    Afinal, é o que fazem com tudo que tem algum valor neste país...

  • Pois é... no Brasil quando o tema é futebol num instantinho as pessoas se mobilizam, o dinheiro é canalizado corretamente e os projetos fluem. Tem mil pessoas para dar opiniões, outras duas mil para cobrar a coisa correta e tudo funciona perfeitamente. Às vezes até fica pronto antes do prazo, como aconteceu com o estádio Independência, lembra? E ai se alguma coisa der errado... o brasileiro não deixa passar batido... vai querer saber onde ocorreu o erro, achar os culpados e consertar tudo rapidamente.
    Se brasileiro tratasse assuntos relacionados a política e dinheiro público com a mesma seriedade e destreza que trata clubes de futebol, este seria um dos melhores países do mundo.

  • Acompanho esta coluna sempre com críticas.... pela primeira vez, me rendo e faço um elogio, merecido. Parabéns pelas palavras. Somos uma torcida que tem um time, um santo e agora, um templo.

    • Érica, ao meu ver estádio tem de ter geral, pois, ali ajuntam-se o que ha de mais original de Brasil e do esporte bretão. Mas como a caretice é crescente, passou-se a utilizar o nome de arena e construir esses trombolhos apertados - onde não é permitido as manifestações espontâneas da galera, parecendo que as pessoas estão no Scalla de Milão a se abanarem com os leques - então, com todos esses senões esperemos que ao menos instalem um varal para pendurar a camisa listrada a desafiar o vento. Grato.

  • É isso aí Ricardo, na nossa arena seremos ainda mais fortes! Os rivais (ou seriam fregueses??), como de costume, já estão tremendo!!! Bica eles Galo!

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