Gostaria de tentar explicar uma coisa a quem precisa. Se não é o seu caso, me perdoe. Mas é por uma boa causa.
Por que a reforma da previdência é tão importante para (sim!) os mais pobres? Por que, a despeito de ficar muito puto da vida com a exclusão dos marajás do funcionalismo público, em todas as esferas e poderes, eu apoio a estrovenga como posta? Os motivos são vários, e dentre tantos, estes são os mais importantes:
O SISTEMA QUEBROU, SIM
A má administração dos recursos, a sonegação, as fraudes, a corrupção e os benefícios absurdos destinados à casta do funcionalismo público e aposentadorias especiais quebrou a previdência. Não há dinheiro para custear as pensões atuais, muito menos as vindouras. A população está envelhecendo e as sucessivas crises econômicas impediram a entrada de jovens suficientes no mercado formal de trabalho. É uma simples conta de chegada: menos contribuição, mais despesa, déficit na veia!
UM PAÍS POBRE TEM DE TRABALHAR MAIS; NÃO MENOS
Riqueza se distribui, pobreza não. O Brasil é pobre, não possui poupança interna e atirou no lixo seu bônus demográfico. Além disso, todas as políticas assistencialistas, aplaudidas por tantos, sempre financiadas pelo Tesouro Central, levam o Governo a buscar dinheiro onde pode. Tudo somado, não há como pretender trabalhar menos, distribuir mais e relaxar depois. A expectativa de vida aumentou, os custos de saúde explodiram e a receita do Sistema não acompanhou a despesa. Países muito mais ricos e menos assistencialistas trabalham mais e contribuem mais. Não há, nem nunca houve almoço grátis. Tampouco haverá. Acreditem.
QUANTO MAIOR O DÉFICIT, MAIOR OS JUROS
Aqui, encontra-se o lado mais cruel e perverso da atual situação brasileira. O Estado não consegue se financiar mais. Nem vou falar sobre investimentos, pois se tornou raridade. Só com o próprio custeio, serviço da dívida e rombo previdenciário, o caixa da União fica negativo em mais de R$ 150 bilhões por ano. Como imprimir dinheiro gera inflação — e isso aprendemos finalmente — a solução é o aumento do endividamento público. E quanto mais o governo se endivida, mais cresce o risco em lhe emprestar dinheiro. Ato contínuo, quanto mais o risco aumenta, maiores ficam os juros. Maiores os juros…. Pois essa é a espiral que faz o mais pobre perder poder aquisitivo e o mais rico acumular mais riqueza. Juros altos são a gasolina da fogueira da desigualdade.
QUEM PERDE E QUEM GANHA
Neste cenário descrito acima, garanto-lhes que banqueiros, empresários ricos, profissionais liberais bem sucedidos, enfim, todos os aplicadores de dinheiro (chamados rentistas pelos esquerdopatas) só têm a ganhar com a manutenção do atual sistema previdenciário. Como demonstrei, quanto mais o governo se endivida para cobrir o rombo, mais esta turma enriquece ganhando juros reais. Consequentemente, os mais pobres pagam a conta e… empobrecem! Além destes, aposentados especiais, pensionistas do funcionalismo público, aposentados rurais, militares, etc. Todos que recebem mais do que contribuíram continuarão ganhando. Todos que sustentam ou sustentarão a farra continuarão perdendo caso nada mude.
RESUMO DA ÓPERA
Você que me lê, obviamente pode ser contra ou a favor da reforma. Nossas escolhas nem sempre seguem a lógica dos fatos. Você pode não gostar de Michel Temer e por isso ser contra. Você pode gostar do Meirelles e por isso ser a favor. Mas fatos são fatos, e não enxerga-los só serve à ignorância e mistificação. Não creia no que lhe digo ou no que um sindicalista diga. Informe-se, estude, use o bom senso. Dados oficiais não encontram-se na Wikipedia ou na página da CUT, mas nos sítios oficiais ou nas páginas de economia dos principais veículos de comunicação.
Você também pode corretamente pensar: “não fui eu quem fiz esta lambança; eles que se virem e consertem o estrago”. Seria ótimo e justo que fosse assim, mas sabemos que jamais será. Os que fizeram a lambança foram colocados lá por nós mesmos, os cidadãos eleitores. Assim como, fomos nós mesmos que permitimos — e continuamos a permitir — que façam o que querem com nossa grana. No limite, sinto em admitir, a culpa é nossa!
Só há dois perdedores caso a reforma seja aprovada: os privilegiados do funcionalismo público e os beneficiados com aposentadorias especiais. 80% dos pecúlios pagos não sofrerão quaisquer tipos de perdas. A minha geração e a da maioria das pessoas já contribuintes não perceberão nenhuma grande consequência, senão contribuir por mais um, dois ou três anos. Mas os jovens que estão ingressando agora no mercado de trabalho e os nossos filhos e netos, certamente, ou trabalharão e cuidarão das próprias previdências, ou trabalharão e contribuirão para custear as nossas.
É justo? Acho que não. Mas a escolha é sua. Sempre será!
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Bom dia! Meu ano também e 67!!
Concordo com vc, mais desta forma que foi apresentada a reformas muito distorcida.
Devemos discutir se o atual regime de previdência é insustentável. Questiono qual regime, visto que temos muitos regimes previdenciários dentro de um mesmo sistema. Ao se misturar problemas heterogêneos, aumenta-se as dificuldades de discussão e reflexão.
Para que o debate ganhe qualidade, seriam necessários números transparentes no Orçamento Público.
Por curiosidade, o secretário da Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, um dos principais articuladores da proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo Temer, ocupa também cargo de conselheiro na Brasilprev, uma das maiores empresas de previdência privada do país.
Estranho!
Obrigado!
Ótimo! Obrigado, Glauber
Cada empregado paga sua própria previdência junto com o empregador, este por sinal ainda paga mais outros impostos que compõem a receita, como foi comentado má gestão, falcatruas, muitas grandes empresas descontam dos salários mas não repassam, não recolhem os impostos, enfim o trabalhador não tem culpa de nada disso, então não é justo que ele pague a conta. o governo deveria cobrar os devedores que iria cobrir o rombo que ele mesmo criou. Se um trabalhador alocasse no CDB o que ele desconta, mais a parte da empresa, mais os impostos, em 35 anos com juros compostos se aposentaria com rendimentos no minimo 3 vezes maior que o salario que ele ganha atualmente. É só fazer o calculo.
Melhor refazer os cálculos. Se fosse um sistema previdenciário de capitalização individual, ainda assim seria inviável, pois uma contribuição de 30% sobre o salário por 35 anos não gera rendimentos de 100% pelos 30 anos seguintes (expectativa média de usufruto do benefício. Isso sem falar nos casos de morte e invalidez permanente, onde a contribuição é sobre um tempo menor com pagamento de pensão por um período maior.
Bom dia amigo, precisamos é de uma reforma de caráter e de pessoas sérias para gerir os recursos da previdência e tirar essas pensões milionárias do sistema.Não podemos deixar a raposa olhando o galinheiro isso nunca vai funcionar, o dinheiro corrompe e a ambição destrói o ser humano.
Abraço
Gilmar
Perfeito!!!! Seria a melhor reforma, sim. Abrs
Eis uma análise com amplitude e profundidade necessárias e suficientes para se compreender essa discussão da reforma previdenciária. Análise muito bem pautada pelo simplicidade e objetividade que o problema requer, com críticas sóbrias e adequadas.
Parabéns, mais uma vez Ricardo.
Acrescento à sua análise apenas o fato de a turma -- a eterna turma -- dos contra qualquer coisa que venha do governo criticar raivosamente o Temer, porque ele não "discutiu" previamente com a população as particularidades do seu projeto de reforma, e se pôr a afirmar tudo quanto é besteira contra a reforma, como se ela fosse tão somente implodir o sistema previdenciário.
Ora, "discutir" com uma população de 200 milhões -- de maioria que não se lembra em quem votou na última eleição, nem por que votou -- reputo de uma inoportunidade cavalar.
Ouvir e introduzir no projeto as boas ideias e sugestões dos representantes das classes trabalhadoras (mas, trabalhadoras mesmo, não MST e assemelhados) e produtivas seria a cereja do bolo. Porém, dos sindicatos de trabalhadores e similares só se recebem críticas destrutivas, plenas de raciocínios tortuosos e, não raro, mentiras deslavadas, com a finalidade que todos sabemos, menos os que neles ainda acreditam.
Por isto, entendo que faltou ao governo usar a mídia nacional para expor pedagogicamente, de forma tão ampla quanto é o problema, detalhes da atual situação da previdência social, suas perspectivas de curto, médio e longo prazos, seguido de claras explicações de como o projeto em andamento estancará o rombo financeiro e viabilizará o funcionamento do sistema.
Se tudo isto vier acompanhado de uma consulta à população, nos moldes, por exemplo, do que a Itália sempre faz antes de mudar as leis mais importantes e que muito afetam a população (consultas extensivas até aos italianos residentes no exterior), então estaremos nos aproximando de alguma coisa parecida com democracia e boa prática política.
Perdoe-me por dar pitacos longos demais.
corretíssimo. Obrigado! Abrs
Parabéns amigo. É isso mesmo
Caro Ricardo você não sabe o que diz.
Só para não alongar a discussão logo na primeira análise já cometeu um engano ou melhor um erro.
Os funcionários públicos têm previdência própria portanto, não faz parte do INSS, além disso a Previdência a para custear os benefícios e aposentadorias e não rombo de caixa do governo e muito menos empresas privadas.
Nem vou comentar os outros pontos colocados por você.
Sério? Você poderia dizer isso ao Temer? Assim não nos preocuparíamos com os militares, com os deputados, com os desembargadores, etc... Muito obrigado, viu, Almir? Você salvou o Brasil sem mexer um pauzinho!!
Cara, sou servidor público estadual. Não tenho nada a ver com INSS. O IPSEMG foi arrombado pela gestão tucana por anos. Eu concordaria em me desvincular de qualquer instituto de previdência se me devolvessem todo o valor que já contribuí atualizado. Com a aplicação desde montante, garantiria uma renda que me satisfaria e me aposentaria quando eu quisesse, além de por o meu dinheiro a salvo desses políticos safados. Ah só para lembrar, você esqueceu de citar o privilégio da classe política para aposentadoria. FHC aposentou-se com 52 anos e Tremer com 55.
Esqueci? Você leu mesmo o texto?
os políticos quebram o pais e a culpa é dos eleitores?
nunca votei no PT, entao a culpa nao é minha!
trabalho, pago meus impostos e nunca dependerei do governo nem de ngn para nada, porque eu nao quero que minha vida seja assim.
se alguem espera mudar de vida para o melhor, nunca dependa de ninguem.
Tudo que vem do governo é simplesmente para a população se ferrar, pagar mais impostos, nada é feito para o bem da população, como esta reforma será.
se tem rombo por deficit, roubos, e sei la mais o que, que controlem melhores as contas do pais e pare de roubar, simples assim.
Controlar as contas do país? Leia uma ou duas linhas sobre demografia, envelhecimento da população e queda da taxa de natalidade. Basta isso, nem precisa ler os livros de Tafner e Giambiagi onde são detalhadas todas as jabuticabas que levaram a previdência social à falência.
Sua opinião pode ser sem medo, mas não é coerente com a realidade.
O sistema é falho e esta reforma não irá resolver as falhas. Os Governos, historicamente, omitem o real rendimento da Previdência Social e com isto fingem que ela dá prejuízo. Contudo, ela tem lucro! Pode parecer absurdo, mas é real! Acontece que os governos, também historicamente, usam os recursos de modo incorreto, pois, ao chegarem no caixa único do governo, ele não tem mais obrigação de utilizar na própria previdência. Resumindo: Os governos maculam as contas, forjando arrecadar menos e gastar mais. Fonte: http://www.anfip.org.br - Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil.
Concordo plenamente, sugiro inclusive que se coloque como contrapartida do governo que ele se compromete em conjunto com seus comparsas que pararão de roubar. Em Brasilia estão brincando de a dança das cadeiras, sempre eles a mesma corja.
Este governo não tem legitimidade para propor a reforma da previdência e muito menos da trabalhista. Como o Lula disse, goste ou não goste, somente um presidente eleito, democraticamente, (da direita ou da esquerda) tem legitimidade para propor qualquer mudança nas conquistas do povo brasileiro. Esta reforma com um congresso conivente com o golpe orquestrado, não pode empurrar guela abaixo do povo brasileiro, uma reforma que atinge de cheio a classe trabalhadora. É o que eu penso. abço.
Bem, o presidente que aí está, foi eleito democraticamente. Dizer o contrário é negar que dia e noite se sobreponham. Sobre o que Lula disse ou não disse, aí, sim, reside um grave problema. Um sujeito processado criminalmente 5 vezes não deveria servir como oráculo de ninguém. Sobre o Congresso, dizer o que? Este é um lixo, o passado foi um lixo e o futuro provavelmente será. Fazer o que, então? Paralisar tudo e esperar monges serem eleito?
Senhor,
Volte ao futebol.
Ele é legítimo. Foi eleito junto com a senhora que saiu.
Mas concordo que político brasileiro, nenhum, tem legitimidade para qualquer reforma que mexa com a vida do povo tão radicalmente. Nem Lula, aliás, muito menos ele. Que surfou na marolinha e ferrou todo mundo.
Max, um alerta: esta pessoa não é o jornalista Jaeci Carvalho. Já o orientei a usar o nome correto, infelizmente ele não o faz. Fosse comigo, já teria tomado as devidas providência, já que o IP dele se encontra disponível. Enfim... cada cabeça uma sentença
Ricardo,
A Reforma da Previdência é mesmo um assunto bem polêmico.
A começar pelo déficit, os números divergem demais. Acreditar no Temer, Padilha, Jucá e Rodrigo Maia?
Outro ponto é o seguinte, há reais distorções no Sistema. O mais grave: o regime deve ser único, não pode haver privilégios.
A reforma deve começar por estes erros mais graves.
Com relação a afirmação de que o brasileiro deve trabalhar mais .... discordo radicalmente com sua análise. O país precisa trabalhar com mais qualidade (maior qualificação), mais honestidade (principalmente os políticos). Desperdiçar menos tempo com a falta de mobilidade. E por aí vai.
Entendo que sua análise neste ponto foi muito superficial e totalmente equivocada.
Atenciosamente,
Thales
Valeu, Thales!