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Somos todos brasileiros ou não

O momento clama menos privilégios, mais igualdade, mais responsabilidade social. Esta é a receita para a conta da previdência.

Carlos Goulart

No mesmo instante em que recebi comunicados sobre a paralisação nacional dos trabalhadores, percebi protestos de toda ordem, fruto da polarização que se plantou no Brasil: “veio da CUT, sou contra”. Não caiam nessa; somos todos brasileiros. Pouco importa de quem é a iniciativa. A paralisação do dia 15 poderá ser positiva se nos livrar do maniqueísmo que não nos convém: empresários vs trabalhadores.

A reforma da previdência é imprescindível, sim, porque a Previdência Pública perdeu a capacidade de devolver o que lhe pagamos, quando a idade ou a saúde nos privar da capacidade de trabalho. Todavia, todos devem dar sua cota de contribuição. E todos, significa todos. Não alguns!

O ponto de destaque é, precisamente, uma cláusula pétrea da nossa Constituição: todos somos iguais perante a lei. Desejar que sejamos tratados iguais é lídima reivindicação de empresários e trabalhadores, visto que a falência da previdência é consequência da malversação das contribuições previdenciárias que foram recolhidas pelo poder público. O pagamento da aposentadoria integral de um parlamentar, com as vantagens indiretas, custa centenas, talvez milhares de contribuições previdenciárias baseadas em 1 salário mínimo. Como se não bastasse, há outros privilégios (plano de saúde, segurança, etc.)  e outros privilegiados: arrecadadores (funcionários da receita), a polícia…

Não é justo que os responsáveis pela saúde, segurança e ensino públicos sejam agraciados – sem tempo de serviço – com saúde, segurança, ensino e habitação diferentes do que o Estado proporciona aos “mortais”. Exigir que tais privilegiados tenham rigorosamente o que o Estado proporciona a todo cidadão é um incentivo para que os donos do poder façam, pelos representados, aquilo que gostariam que fosse feito para si mesmos; afinal de contas, a vida pública pressupõe compromisso com o bem comum. A mim me parece que, neste ponto, empresários, trabalhadores, professores e grevistas não estão em lados opostos.

Um dos efeitos mais deletérios do discurso do “nós contra eles”, mediante a instigação da inveja e outros pecados capitais, é tirar nosso foco do mal, do verdadeiro algoz. Todo tirano fabrica um malvado, um bode expiatório. O verdadeiro inimigo não é o professor, não é o trabalhador, mas o establishment posto à serviço dos donos do poder, mediante um Estado inchado, negligente e perdulário com o dinheiro do contribuinte. Em suma, sem compromisso com o bem comum.

Por: Carlos Goulart. Um brasileiro como qualquer outro

Leiam mais, aqui.

Ricardo Kertzman

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