Fios de esperança

Em uma cena política cada vez mais putrefata pelo fisiologismo e pela corrupção, uma dupla de vereadores nos mantém esperançosos

Gabriel Azevedo é meu amigo. Um garoto maravilhoso que tive o prazer de conhecer ano passado, e por quem logo me afeiçoei. É gentil, educado, inteligentíssimo e do bem. Muito do bem.

Mateus Simões é amigo de grandes amigos meus, gente que admiro e confio cegamente. Ouvi as melhores referências a seu respeito. Assisti a uma entrevista sua e tenho certeza que é um ótimo sujeito.

Ambos são Professores de Direito, não pertencem à famílias abastadas ou tradicionais da política mineira, tampouco são personagens de si mesmos, tipo Gabriel do Bar ou Simões da Padaria. Me perdoem estes, mas acho que um representante parlamentar tem de se apresentar com nome e sobrenome, e jamais utilizar alguma excentricidade para eleger-se, a la um Tiririca da vida.

É um certo “elitismo” da minha parte? Acho que não. Pouco me importa se um candidato é rico ou pobre, PhD ou alfabetizado apenas (analfabeto eu acho um absurdo!). Mas assim como não faria uma cirurgia com um médico chamado Dr. Kim do Gás ou viajaria de avião com o Comandante Boi (nomes de vereadores de Nova Lima, Minas Gerais), não voto em, como é mesmo?, Juninho Los Hermanos — que inclusive dizem ser muito bom vereador; não o conheço. Mas sigamos…

A câmara Municipal de Belo Horizonte ganhou uma nova vida. Dos 41 vereadores, 23 foram eleitos agora. Dos 38 vereadores anteriores, apenas 18 foram reeleitos. Não conheço estes (18), mas creio terem realizado um bom mandato, já que conseguiram uma nova chance dos seus eleitores. Exceto, obviamente, o tal Wellington Magalhães, judicialmente afastado por envolvimento em corrupção.

Assim, forma-se uma enorme expectativa na população. Há um sentimento de esperança, que esta legislatura será bem melhor e mais produtiva à cidade e aos cidadãos. E os dois rapazes acima já nos brindaram com um belo exemplo: ambos abriram mão dos carros oficiais. Sim, carros, no plural. Acreditem! Cada vereador de Belo Horizonte possui não apenas um, mas dois carros ao seu dispor. Para o quê? Bem, imagino que não seja para prestar um melhor serviço à população, pois não consigo enxergar a famosa relação de causa e efeito.

O fato, leitores amigos, é que o respeito pelo dinheiro do cidadão tem de ser o mandamento número de qualquer servidor público. Gabriel e Mateus, inclusive, já anunciaram que contarão com pouquíssimos colaboradores e que não usarão toda a verba de gabinete a que têm direito, algo como R$ 60 mil mensais. Ambos não farão dos seus gabinetes os famosos Trens da Alegria. Cabides, por lá, só para os paletós, hehe. Nada de empregos.

É isso aí! Parabéns aos dois. Mas queremos mais; muito mais. Cadê os outros 39 vereadores? Cadê, principalmente, os novos 23 eleitos? Farão como Gabriel e Mateus ou como Wellington Magalhães? Vamos lá, pessoal. São atitudes assim que os brasileiros esperam dos seus representantes. Estamos com os nossos sacos pra lá de cheios de vereador torrando nosso dinheiro em publicidade superfaturada; de deputado almoçando no Fasano com verba parlamentar; de prefeito emprestando carro oficial para a esposa fazer compras e, sobretudo, de governador usando helicóptero do estado para buscar filhinho em festa de réveillon.

Entendeu, Sr. Fernando Damata Pimentel, também conhecido como FDP?

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