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Que inveja de quem é colombiano

Às vezes, Deus escolhe algumas pessoas para representá-lo na Terra. Ontem, Ele escolheu um estádio inteiro

Estádio colombiano tomado para homenagear a Chapecoense

Poucas coisas me são tão caras nesta vida como a minha inexplicável relação de, de, de… não importa o nome, com o Galo, o Atlético Mineiro. Não gosto muito de futebol, não me importo nada com futebol. Meu caso é com o Clube, não com o esporte. Jamais passo um dia sem me lembrar ou pensar no time ou em algum evento relacionado a ele. No meu caso, não é exagero me chamar de doente. Sigamos.

Jamais imaginei guardar espaço no coração para um outro clube. Posso até me simpatizar por uma ou outra agremiação. Simpatizar, nesse caso, é apenas não torcer contra ou desdenhar da existência do mesmo. Nunca comemorei vitória, campeonato ou sequer um mísero gol que não fossem do Atlético. Pois bem. Essa era acabou. A partir de hoje, o Club Atlético Nacional, de Medellín, na Colômbia, é o meu segundo Atlético. É o meu Galo colombiano!

O que essa gente fez, ontem à noite, no próprio estádio onde seria disputado o jogo final da Copa Sul-Americana, contra a equipe da Chapecoense, vitimada no acidente aéreo que ceifou a vida de quase setenta pessoas, foi a mais bela demonstração de solidariedade, de amor ao próximo e de respeito e compreensão pela dor alheia que vi na minha vida. Duvido que a história mundial conheça algum outro gesto, de tamanha grandeza e sinceridade de um povo por outro.

O mundo já assistiu, sim, à tragédias muito maiores, em número de vítimas, e que comoveu bilhões de seres humanos e movimentou nações, rumo a auxílios financeiro e operacional. Mas jamais vimos tanta comoção por parte de uma cidade e de um país. A Colômbia e os colombianos nos mostraram o que há de mais próximo ao que as religiões costumam chamar “Amor Divino”. Se há alguma forma de expressão material desse amor, dessa divindade toda, ontem esse povo nos mostrou qual é.

Não conheço a Colômbia ou qualquer colombiano, mas prometo que, assim que surgir uma oportunidade, a primeira coisa que farei será homenageá-los, país ou cidadão, com um sincero “muito obrigado” e um afetuoso beijo (no solo ou na face) em busca de um singelo, mas sincero e merecidíssmo reconhecimento, pela beleza de povo e de nação que são.

¡Muchas gracias, Colombia!

Ricardo Kertzman

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  • Foi realmente linda a atitude deles, mostraram o que é ser desportista, que não importa somente ser campeão, como pensa o povo tupiniquim destas paragens. Nós brasileiro só nos contentamos somente em ser campeão, o resto? Tem relevância não! Como usualmente dizemos, segundo lugar nem é lembrado..... Basta chegar em primeiro. As vezes não importando com os meios para atingir o fim. Talvez a gente comece a aprender com este evento, impactante a bem da verdade, triste pela perda de dezenas de vidas, mas que de alguma forma, nos ensina que competir sempre é válido, mas ás vezes, não é possível ser o primeiro, daí, deve-se, se puder, é claro, levantar sacudir a poeira e bater palmas, muitas palmas, como fez o nobre povo colombiano.

  • Ora, ora, Menino Ricardo, a face contundente deu hoje espaço à espiritualizada, reconhecendo o gesto do outro, a simplicidade e a grandeza da ação solidária, a difícil arte de colocar-se no lugar de alguém...
    Concordo com você: los hermanos colombianos mostraram-nos uma generosidade e um carinho que sempre que tivermos oportunidade, deveremos retribuir com a mesma intensidade.
    Tenha um excelente final de semana.
    Com o carinho de sempre,
    Lílian

  • Olá Distinto; não ha negar os gestos solidários, entretanto, não se deve julgar alguém e por extensão um povo, por atos resultantes da comoção. Não é assim que se vive o dia a dia. Grato.

  • Realmente, nos meus 72 anos de vida, nunca vi tanto desprendimento de alma, como tive a oportunidade de assistir. Não parecia, em momento algum, que aquela cerimônia estava sendo realizada fora da cidade sede do clube vítima da tragédia. E se assim o fosse, já seria muito louvável.
    Já conheci colombianos e, a convivência com eles me mostrou que são simpáticos. Mas aquela cerimônia, o semblante das pessoas (autoridades, jogadores, torcedores, etc) demonstrou a intenção de fazer daquela homenagem a demonstração real e verdadeira do que eles realmente estavam sentindo. Também fui conquistado pelo Nacional de Medellin, e pela Colômbia, que passarão a ser os minhas segundas, equipe e seleção.
    Que Deus proteja e recompense, tamanho gesto de grandeza com a PAZ definitiva na Colômbia, cujo acordo acabou de ser assinado.

  • Os corpos dos jogadores já foram liberados para translado pelas autoridades colombianas e as autoridades tupiniquins só farão o transporte no sábado, para postergar a chegada dos corpos e fazer com que o velório se estenda até domingo, obviamente com a intenção de esvaziar as manifestações. Êta corja descarada!

  • Concordo com você, Ricardo. Assisti a toda a essa emocionante homenagem à Chapecoense. Tenho sérias dúvidas se fosse o contrário (acidente com o Atletico Nacional), a CBF ou outro órgão representativo do futebol brasileiro preparasse uma homenagem tão linda como aquela de Medelin. Haja vista o absurdo que disse o vice-presidente do Internacional de Porto Alegre sobre o adiamento da última rodada do Brasileirão/2016: "Na degola, Inter se vê prejudicado em rodada adiada por causa da Chapecoense: 'Temos nossa tragédia particular'. Esse senhor, Fernando Carvalho, foi muito infeliz ao proferir essas palavras, em um momento de dor e sofrimento dos que perderam entes queridos nesse fatídico acidente aéreo. Demonstrou total falta de solidariedade, visando apenas os interesses do clube a que representa. Lamentável.

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